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“O protagonismo feminino ainda é relativo”, diz Colleen Atwood, figurinista de Supergirl

Série inspirado em HQ chega às telinhas brasileiras nesta quarta-feira, 4

Thiago Neves Publicado em 04/11/2015, às 12h04 - Atualizado às 15h44

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A figurinista Colleen Atwood.  - Chris Pizzello/AP
A figurinista Colleen Atwood. - Chris Pizzello/AP

Como há muito tempo não acontecia, a questão dos direitos da mulher no Brasil se tornou uma pauta central nas últimas três semanas. Em poucos momentos da nossa história houve tanta gente mobilizada para debater as sucessivas violências contra as mulheres praticadas no Brasil. Seguindo o fluxo iniciado pelo tema de redação do Enem, passando pela campanha "Primeiro Assédio" (idealizada pelo coletivo feminista Think Olga) e pelas manifestações contra a PL 5069 (que na prática dificulta o acesso à pílula do dia seguinte e o atendimento às vítimas de estupro), chega ao país nesta quarta, 4, uma personagem que, guardadas as proporções, tem algo a oferecer ao atual cenário.

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Trata-se de Supergirl, seriado que estreia nas telinhas brasileiras nesta quarta-feira, 4, às 22h30, no canal pago Warner. A trama fala sobre a personagem Kara Zor-El (interpretada por Melissa Benoist), prima de Clark Kent, que, como ele, sobreviveu à destruição do planeta Krypton, e veio se refugiar na Terra.

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Em entrevista ao jornal Zero Hora, Samir Naliato, criador e editor do site Universo HQ, explicou que a iniciativa de produzir uma série focada na vida de uma mulher é uma tentativa de atrair um novo público, que exige também o protagonismo da figura feminina. “Percebe-se a tentativa de fuga do perfil tradicional do herói, reflexo de uma sociedade que está mudando na busca de um espaço maior para as mulheres”, explica Naliato.

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Para Colleen Atwood, figurinista de Supergirl, no entanto, o protagonismo feminino ainda precisa ser explorado, demonstrando que os limites dessa centralidade esbarram até mesmo na confecção do uniforme da heroína. “Quando se produz uma vestimenta como essa, há de se respeitar certos elementos. O espectador precisa ver e identificar imediatamente do que se trata. O desafio é dar ao uniforme uma independência daquilo ligado ao Superman. É um trabalho de delicadeza.”

“Mas ainda acho que o protagonismo feminino é relativo e isso precisa ser mudado. A personagem mulher é comumente atrelada a um personagem masculina e vivendo meio à sombra. No caso dessa personagem não é diferente. Claro que só o uniforme não consegue transformar todo esse processo, mas as vestimentas têm como colaborar com essas mudanças”, explica Colleen.

Para a figurinista, trata-se de uma postura cultural, o que requer a proposição de um diálogo pedagógico, que exponha a perspectiva da mulher. “Nas histórias em quadrinhos as heroínas são sexualizadas e isso é identificado primariamente pelo uniforme delas, por isso acho que tenho como colaborar. Não é preciso mostrar o corpo pra ser sexy e não há problemas em ser sexy, mas isso deve ser uma opção, um artifício, não algo inerente à mulher. Pra mim, tudo isso precisa ser dito, explicado, pois ainda há um longo caminho a se percorrer”, finaliza.