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RZO volta aos palcos de São Paulo e confirma disco de estúdio: "Em breve vamos lançar duas canções inéditas"

Grupo se apresentada neste sábado, 4, e domingo, 5, no Sesc Pompeia

Luciana Rabassallo Publicado em 03/04/2015, às 16h32 - Atualizado em 16/04/2015, às 12h14

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O grupo de rap RZO  - Divulgação
O grupo de rap RZO - Divulgação

Por Luciana Rabassallo

Neste sábado, 4, e domingo, 5, o grupo RZO, um dos maiores nomes do rap nacional, sobe ao palco do SESC Pompeia, em São Paulo, para mostrar os grandes hits da carreira do grupo como "O Trem", "Paz Interior", "Rolê na Vila" e "Pirituba (Parte II)". Após um hiato de dez anos, Sandrão, Helião, DJ Cia e Negra Li se reuniram para voltar ao cenário da música e colher os frutos do consagrado trabalho que fizeram nas décadas de 1980 e 1990.

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Inspiração e espelho para praticamente todos os nomes da nova geração do hip-hop no Brasil como, por exemplo, Emicida, que na letra de "Hey Rap", canta "Com a mesma essência que pariu o Holocausto Urbano/ Espírito Suburbano / Tipo RZO", a "Rapaziada da Zona Oeste", não apenas voltou aos palcos, como também planeja lançar um disco de inéditas em breve.

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Em entrevista ao blog Cultura de Rua, espaço dedicado ao hip-hop nacional no site da revista Rolling Stone Brasil, o grupo falou sobre o atual momento do rap no Brasil, deu detalhes a respeito dos dois shows que acontecem em São Paulo e também confirmou que "em um mês" duas canções inéditas chegarão aos ouvidos dos fãs.

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Qual foi o ponto principal que motivou o RZO a voltar à ativa?

Sandrão: Na minha visão, o carinho das pessoas foi essencial. As pessoas que gostam de nós sempre estiveram nos shows. Quando eu estava com o meu projeto solo, até em turnê internacional no Japão, turistas da Alemanha me cobraram isso em Nagóia. Garanto que nas campanhas também dos integrantes, muita gente pediu os sons com RZO. Outro grande incentivo, que foi o primeiro a reunir novamente o Helião, o Cia e eu, veio do projeto Bang Johnson, do Mano Brown, que juntou vários outros artistas. E assim, milhões de motivos.

DJ Cia: Tocando pelo Brasil afora, o público sempre cobrava isso. Todos os integrantes foram cobrados pela volta do RZO em seus trabalhos solo. Fico muito feliz em ver que temos muitos artistas que fizeram músicas saudando o grupo, como o Projota, o Haikaiss, o Emicida, e o Criolo, que nos tem como referência.

O grupo se separou, oficialmente, há mais de dez anos. Nessa década, o que mudou no rap nacional?

Negra Li: A internet se tornou a maior ferramenta de divulgação dos artistas independentes, dando espaço e força para os novatos. Isso fez o público do rap nacional crescer e ele atingiu outras classes sociais.

Helião: Musicalmente, o rap hoje tem um tratamento melhor. São vários músicos e produtores. Há estúdios e equipamentos que estão dando mais qualidade e fazendo do rap uma tendência musical. A internet também deu uma dimensão maior ao gênero, no sentido de divulgação e promoção. Isso também unificou o público, que antes era separado. Havia os punks, os pagodeiros, os metaleiros, entre tantos outros. Hoje, o público curte música boa, seja ela da tendência que for. O mesmo público que curte rap, gosta de samba, de rock, de sertanejo, de funk e de música eletrônica. Isso aconteceu também com as roupas, tatuagens e moda em geral.

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Com a família RZO na década de 1990, o grupo foi responsável por lançar talentos como o Sabotage e o DBS. Atualmente, quem são os artistas que se destacam no rap nacional?

Helião: Os Racionais continuam atuais, Sistema Negro, Consciência Humana e Rosana Bronk’s estão gravando. É sempre bom estar atento ao que esses nomes estão fazendo, pela tradição e talento consagrado deles. Dexter faz muitos shows e também está gravando. Também tem os novos que não ficam atrás, tem muita qualidade como Shawlin, Facinora Mc's, Filipe Ret, Emicida, Projota, Zamba Mc, Criolo, Haikaiss, Amiri, Morpheu, Flora Matos, Karol Conká, Pollo, Cone Crew, RDG, Negredo, Sintonia Lado Sul e muitos outros. É uma questão de gosto também.

Sandrão: Curto muito as originalidades da música. Vou ser mais claro: o underground, grupo que indiferente de suas localizações de base ou moradas, trazem a essência da música das ruas. Isso encanta a juventude. Tenho acompanhado, participo sempre, gosto de ver o sucesso incentivar os novos. São muitos artistas que hoje se destacam. Posso citar alguns nomes como Haikaiss, Cone Crew, Valente, Blunt, Wanovox, Shaw, Lincon e Zero 19. Eles são os que estão lutando muito, fazendo espetáculos e tocando para festas lotadas pelo Brasil. As pessoas podem também acessar o clipe Infame 2, que traz coisas da transição de gerações em 4k onde podemos ter a noção de como serão os próximos trabalhos, e ter certeza de que tudo continuará.

Houve grande mudança econômica no Brasil desde que O Trem (1996) chegou às lojas. Isso, de alguma forma, pode influenciado a nova geração do rap?

DJ Cia: Pra falar a verdade, apesar dessa mudança, eu vejo que o problema ainda é o mesmo. Para a nova geração eu acredito que o que influenciou mais foi o avanço da tecnologia, com a internet, que na nossa época não existia. Ficou mais fácil pra eles verem os rappers de fora e estudar técnicas de rima vendo vídeos no YouTube. Além disso, eles podem divulgar seus trabalhos.

Helião: Essa mudança econômica influi muito na nova geração, hoje temos a internet e rede sociais no celular na palma da mão. O boicote já não tem tanta força, ficou mais fácil pra divulgação de trabalho, pesquisa de moda e música com muito mais abrangência e menos perda de tempo. Não dá pra negar que o poder aquisitivo melhorou um pouco no governo Lula. Muitos jovens já andam com seus próprios carros ou motos. O fator Paraguai também ajudou a favela. Quem não tem poder aquisitivo para comprar produtos originais, compra na 25 de Março e camelódromos. É difícil ver jovens malvestidos nos eventos em que eu participo.

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Essa mudança econômica teve algum efeito perceptível na quebrada de vocês? Ou é algo que muito se fala, mas pouco se vê?

Negra Li: Sim, os barracos foram substituídos por casas de tijolos, foram criadas mais oportunidades aos moradores da periferia para ingressarem no curso superior, escolas técnicas e oportunidades de trabalho que melhoraram a condição de vida na quebrada, sem falar no acesso a informação!

Sandrão: Claro, as pessoas tiveram mais acesso a tudo. Novos carros, celulares, televisões de LCD. A saúde piorou, a condução aumentou, a gasolina e todas as outras coisas, a educação está um lixo, a criminalidade dominou. As pessoas estão mais desunidas, ninguém acredita na polícia, as propagandas continuam a ostentar uma riqueza do futebol comprado ou uma nádega doente com silicone estragado de prostituição, coisas que mídias transformam em fanatismo e conduzem a renda aos próprios dominantes escravistas. Com certeza, um grande declínio, vendo desse ângulo, mas certamente o que não mudou é que o rap daqui continua a protestar contra tudo isso.

O que os fãs podem esperar dos shows no Sesc Pompeia, neste sábado e domingo?

DJ Cia: A nossa ideia nesses primeiros shows é trazer de volta os sons que o pessoal gostaria de ouvir, sons do RZO que sempre me pedem nas festas em que eu toco. Isso também é para essa molecada que nem curtiu RZO na época, poder ver ao vivo e saber como é. Queremos também continuar com a Família RZO, dando espaço pro pessoal da nova geração e pra quem já tava com a gente antes.

Negra Li: Sim, alguns convidados podem surgir. O público pode esperar os grandes sucessos da carreira do RZO. O resto é surpresa!

Há a possibilidade dos fãs ouvirem com exclusividade alguma canção inédita do RZO?

DJ Cia: Estamos trabalhando em músicas novas sim. Além disso, estamos ouvindo muitas músicas novas que estão saindo de rappers daqui e de fora, analisando o que o povo tem curtido e trabalhado em cima. Queremos fazer algo com a cara do RZO e ao mesmo tempo algo que seja atual. Mas podem esperar por um novo disco em breve. Em um mês vamos lançar um single com duas músicas inéditas. Uma delas é trilha sonora do filme Destinos.

RZO no Sesc Pompeia:

Sábado, dia 4 de abril, às 21h30, e domingo, dia 5 de abril, às 19h

Choperia do Sesc Pompeia - Rua Clélia, 93, São Paulo

Ingressos: R$ 9,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$ 15,00 (credenciado*/usuário inscrito no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 30,00 (inteira)