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Braguinha: carnaval de todas as cores que se pintou de verde e rosa

Redação Publicado em 18/02/2012, às 21h03

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Braguinha - Reprodução
Braguinha - Reprodução

Por Cláudia Boëchat

Quando a gente nem sonhava em usar o termo afrodescendente para definir os negros, os compositores cantavam as mulheres de todas as raças sem qualquer preconceito. Assanhadas ou recatadas, eram todas deusas e reinavam no coração de seus poetas. Braguinha foi um deles. Suas marchinhas carnavalescas e centenas de outras músicas são cantadas até hoje. No carnaval, inevitavelmente. Cantou as loiras, as negras e as morenas em todos os tons. E pra quem curte a ousadia dos funks de hoje, Braguinha compôs também “Taradinha”, música censurada e impedida de tocar no rádio, teatros e cinemas em 1953. Irreverência era com ele mesmo. Braguinha era um debochado, mas também um romântico. Compôs com Pixinguinha uma das músicas mais bonitas da discografia nacional, “Carinhoso”.

O carioquíssimo Braguinha foi batizado Carlos Alberto Ferreira Braga, em 1907, mas acabou virando João de Barro. Estudava arquitetura, mas ao se envolver com a música, teve de arranjar um pseudônimo porque a família não gostava nada dessa sua nova empreitada. Assim nasceu João de Barro, que se juntou a Almirante, Noel Rosa e muitos outros bambas e fez história. As canções de João de Barro foram além do que se podia imaginar. Ele fez até marchinhas infantis. Dezenas. São dele as versões das músicas de Cinderela e Branca de Neve, por exemplo. A ideia das histórias infantis gravadas em disquinhos foi dele. O atrevimento e o talento de Braguinha não tinha limites. Se meteu também no cinema, na Cinédia. Foi compositor e roteirista de vários filmes. Enfim, Braguinha era “o cara”.

Mas, voltando às mulheres de todas as cores, vamos falar primeiro da morena. Em 1933, um de seus grandes sucessos foi “Moreninha da Praia”:

As loiras chiaram. Que história era essa? Queriam seu lugar no coração do poeta. Lamartine Babo também tinha lançado “Linda Morena”, o que deixava as branquinhas ainda mais revoltadas. Aí, em 1934, Braguinha compôs “Linda Loirinha”. Pronto. Foi só alegria. Ouça:

Mas foram as negras que brilharam em 1948. “A Mulata é a Tal” tornou-se outro grande sucesso de Braguinha em parceria com Antônio Almeida. Olha só:

Em 2006, Braguinha morreu aos 99 anos e virou estátua em Copacabana. Mas, antes, teve a maior consagração popular que um artista brasileiro pode alcançar. No ano de inauguração do sambódromo no Rio de Janeiro, 1984, a Mangueira desfilou com o enredo “Yes, nós temos Braguinha”. Foi a última a desfilar e arrebanhou uma multidão atrás da escola. O coro de “é campeã” foi profético. A Estação Primeira de Mangueira venceu aquele carnaval histórico com um samba lindo. Emocionante. Braguinha estava lá. Eu também.

O samba da Mangueira, de autoria de Jurandir, Hélio Turco, Comprido, Arroz e Jajá:

Um clipe do desfile da Mangueira em 1984 (parece ser do Desfile das Campeãs):

E, para quem tem o coração verde e rosa, como eu, adora Braguinha e carnaval, o desfile completo: