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Fabiana Cozza canta Clara Nunes

Redação Publicado em 14/10/2012, às 14h21 - Atualizado às 14h29

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Fabiana Cozza - Stela Handa/Facebook oficial
Fabiana Cozza - Stela Handa/Facebook oficial

Por Cláudia Boëchat

Se Clara Nunes estivesse viva, estaria festejando seus 70 anos. Festejando, com certeza. Com muita alegria. Pois esse era o seu jeito de viver. Sempre com um sorriso largo e uma voz poderosa para iluminar nossos dias. Morreu cedo, aos 40 anos, em decorrência de um choque anafilático em uma cirurgia para tratar varizes. Clara Claridade, assim era chamada, por causa do grande sucesso do álbum Claridade, lançado em 1975. E porque Clara era pura luz. Uma artista iluminada e até hoje saudada. A Clara que cantou o negro, o candomblé, as nossas raízes africanas. Agora, uma outra cantora muito especial vem saudá-la com um talento do mesmo calibre: Fabiana Cozza.

“A Deusa dos Orixás” (Toninho Nascimento e Romildo):

Fabiana Cozza está percorrendo o país apresentando o show Canto Sagrado - 70 anos de Clara Nunes, em que interpreta sucessos da diva do samba com a mesma garra e alegria. Fabiana ouviu Clara ainda menina: “Acho que a primeira música foi ‘Conto de Areia’. Eu era muito criança, tinha uns 5 anos, mas ela me chamava a atenção porque era muito bonita, alegre, cheia de cor”. Quem gosta de samba, de Música Popular Brasileira, com certeza tem Clara Nunes no coração. Fabiana tem. Olha o que ela escreveu sobre Clara: “Só tem alcance o canto que tem densidade, que nasce da necessidade profunda do dizer. Clara tinha o sagrado em seu canto. O ritual do sagrado na voz e no corpo. O corpo como expressão de sua brasilidade, de sua gente. Assim era a Guerreira, amada por tantos poetas, compositores, por seu público. O show é uma ode à intérprete Clara Nunes, sem lágrimas pelo que já não está fisicamente. É um chamado agradecido ao que ainda respira e baila. É Angola, kêto, nagô, verde e amarelo, morena. São os orixás bordados de prata. É o chocalho da canela, o aperto de saudade do tamborim. As contas na areia, os contos de areia. É o vento que baila. É Clara radiante sambando faceira, levantando poeira no terreiro, dizendo à baiana, ao sanfoneiro, e carregando a multidão. São 70 estrelas. 70 fogos. 70 miçangas. 70 chitas e babados. É o aniversário da Mineira. A ideia foi sonhada. O pedido, soprado e aqui atendido. Agora é compartilhado.” Bonito, né?

“Tristeza Pé no Chão” (Armando Fernandes Aguiar, o Mamão):

"Canto das três raças" (Paulo César Pinheiro – com o qual Clara Nunes foi casada - e Mauro Duarte):

“O Mar Serenou” (Candeia):

“Guerreira” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro):

“Conto de Areia” (Romildo e Toninho Nascimento):

“Além de uma intérprete com timbre e expressão fortes, personalíssimos, e uma composição com signos bem brasileiros, Clara assume para si - e para toda a Nação - o legado cultural do negro, assumindo a sua negritude e elevando-a a um patamar respeitoso e digno, como poucos artistas conseguiram anteriormente”, disse Fabiana Cozza ao nosso blog. E essa sambista de 35 anos, com três CDs e um DVD lançados, leva adiante esse legado. “Para realizar esta homenagem à Clara, recolhi depoimentos de pessoas que viveram e conheceram-na de perto. Entre as falas, uma coisa comum é sua luminosidade enquanto artista e ser humano, sua alegria, sua espiritualidade. Foi pensando nesta ‘claridade’, no respeito às tradições culturais que carregava, à feminilidade, e à religiosidade afrobrasileira, que piso no palco com este Canto Sagrado numa reverência e num agradecimento sincero a tudo o que ela significou para a nossa música, bem como a tantos que ela, enquanto intérprete, ajudou a revelar”, explicou. Vai fundo Fabiana! Estamos torcendo pra que venha também um DVD.

“Feira de Mangaio” (Sivuca e Glorinha Gadelha):

“Minha Missão” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro):

“Novo Amor” (Chico Buarque):

“Nação” (Paulo Emílio, Aldir Blanc, João Bosco):

“Portela na Avenida” (Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte):

Clara Nunes cantou a Portela, mas a Portela também cantou Clara Nunes num dos sambas mais bonitos da história do carnaval. Ouça o samba da escola em 1984, “Contos de Areia”, um ano após a morte da cantora:

Fabiana Cozza apresenta o show Canto Sagrado – 70 anos de Clara Nunes nos dias 19 e 20 de outubro, às 21h, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

Para falar com Cláudia Boëchat, envie e-mail para claudia.boechat@rollingstone.com.br