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Eddie não abandona brasilidade e volta mais punk em novo disco Morte e Vida

O punk rock que apresentou o Eddie ao público no primeiro disco da banda, Sonic Mambo, de 1998, está mais forte do que nunca no registro inédito

Lucas Borges Publicado em 12/05/2015, às 17h50 - Atualizado em 13/05/2015, às 11h40

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Foto de divulgação do álbum Morte e Vida - Bruno Guerra
Foto de divulgação do álbum Morte e Vida - Bruno Guerra

Por Lucas Borges

O punk rock que apresentou o Eddie ao público no primeiro disco da banda, Sonic Mambo, de 1998, está mais forte do que nunca em Morte e Vida, sexto álbum deles, lançado no início de maio deste ano.

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Sem deixar evaporar as variadas referências afro, latinas e brasileiras que se dissolveram no som deles a partir de Original Olinda Style, de 2002, e que estão presentes nas recém-gravadas faixas "Quebrou, Saiu e Foi Ser Só", "Carnaval de Bolso", "Tentei te Ligar" e "Essa Trouxa Não é Sua", os pernambucanos se viram forçados pela situação política do país a voltar com tudo às origens, revisitadas nas densas "Longe de Chegar" e "Pedrada Certa".

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“O Eddie foi uma banda que teve como primeira escola o punk-rock”, diz ao blog Sobe o Som o vocalista e guitarrista Fabio Trumer, remanescente da primeira formação do grupo, alterada a partir do século XXI. Hoje, também fazem parte do time Kiko Meira, na bateria, Rob Meira, no baixo, Alexandre Urêa, na percussão e voz, e Andret Oliveira, no teclado e trompete.

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“No início e até hoje, a estrutura da nossa música é completamente punk-rock, os acordes, a divisão entre introdução, refrão, versos. Fazendo um paralelo com uma banda americana, seria um pouco como o Jane's Addiction, que usa de toda a musicalidade que têm na área deles, não segue um padrão e muito menos é parecido com o que estão fazendo ao redor as outras bandas. E somos brasileiros, a gente ouve cada coisinha daquela que tem no Morte e Vida. Do bolero, do punk rock, do blues, do reggae, da surf music, é uma característica mesmo do brasileiro do litoral ter essa diversidade de sons e de comportamento. Não dá para fugir disso”.

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“Sobre o punk, é um prato cheio falar disso agora. É uma época em que a expressão sai dessa maneira, faz sentido novamente ter uma veia punk-rock porque a gente está vivendo momentos difíceis”, acrescenta ele.

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Trumer se refere a “gente que não raciocina” na hora de reagir aos abusos de “uma república de negócios e não de governo”. “Para mim é um material de estudo estar no meio do oposto do que eu penso. Para mim é antropologia, sociologia. Eu me interesso por essas coisas. Depois a gente tenta transformar isso em música”, diz o olindense, hoje fixado no nobre bairro de Perdizes, em São Paulo. Expressão para lá de clara nos versos de "Queira Não" ("Preto Velho, pense merda não que o mundo já tá cheio, isso não é solução").

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A efervescência nacional pôs o artista para trabalhar em 2014. Primeiro, lançou a estreia solo da carreira com o power trio Super Sub America. O projeto roqueiro é inspirado no uruguaio Eduardo Galeano, autor de Veias Abertas da América Latina, obra-prima da história da exploração colonial na América Latina, falecido em 2015. E no mesmo ano, Trumer compôs todas as músicas de Morte e Vida. O nome vem da obra dos amigos Mozart Fernandes e Alberto Lizarazo, artistas plásticos, e também do clássico do escritor João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina.

É o primeiro disco do Eddie desde Veraneio, de 2012. Os artistas colaboradores são velhos conhecidos, KSB, Jam da Silva, Karina Buhr e Erasto Vasconcelos – além de João do Cello -, e o modelo de produção foi o mesmo das gravações anteriores, independente, com verba arrecadada por meio de financiamento coletivo na internet. Até aqui, foram reunidos mais de R$ 2 mil além da meta de R$ 20 mil. As faixas estão disponíveis para download gratuito no site da banda. , assim como toda a discografia deles.

Ouça o álbum completo:

“Eu tinha uma teoria de que é bom ter uma música que não fique completamente acabada. Mas dessa vez eu quis tentar tirar as arestas o máximo possível , tentar focar no trabalho inteiro, do início das composições até o final. Li um cara dos quadrinhos dizer que seu estilo é você tentando fazer uma coisa que tem na cabeça e seu estilo é o que você consegue fazer. Eu diria que no Morte e Vida a gente conseguiu chegar muito mais próximo do que todos os outros em relação às nossas ideias”, relata Trumer, afeito também à função de produtor.

O show do novo álbum se construirá aos poucos, com as novas faixas sendo ensaiadas até o lançamento oficial da turnê, dia 20 de junho, em Manaus, seguido de apresentações no Sesc Pompéia, em São Paulo, em julho, com datas exatas ainda indefinidas.

Enquanto isso, seguem na ativa o Super Sub América e os demais projetos encabeçados por integrantes do Eddie, como o grupo de cúmbia Academia da Berlinda, a banda de reggae Kaya na Real e a trupe “de bailinhos” Malícia Champion. Um podendo se misturar com o outro. “É uma família musical, uma família olindense que tem uma característica própria de formação e por conta disso, de estilo. A gente bebe de uma mesma fonte, que é a cidade e a cidade nos dá um direcionamento estético”.