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“O corpo é a ferramenta visual da música”, diz a cantora sergipana Héloa

Oriunda de Aracaju, Sergipe, a cantora radicou-se em São Paulo para explorar novas searas artísticas

Gabriel Nunes Publicado em 09/02/2017, às 18h54 - Atualizado às 19h05

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A cantora sergipana Héloa - Enaldo Valadares
A cantora sergipana Héloa - Enaldo Valadares

Por Gabriel Nunes

A musicalidade de Héloa vem do berço. Filha de músico, a sergipana oriunda de Aracaju descobriu a vocação de cantora ainda na antessala da adolescência, aos 13 anos. Fortemente influenciada pelo pai, decidiu, com uma obstinação um tanto quanto precoce para a idade, que acompanharia os passos musicais dele. No entanto, atribuir a influência artística da cantora somente a figura paterna seria uma imprecisão mnemônica. Para ela, a mãe e a avó, figuras que gosta de caracterizar como “profundamente musicais”, também a incentivaram a trilhar as quase sempre sinuosas veredas da carreira de artista.

“Sempre fui muito incentivada a estudar as diversas vertentes das artes”, diz a intérprete, que já traz um EP e um disco cheio no currículo, em entrevista exclusiva ao Sobe o Som. “Comecei a estudar canto lírico quando tinha 13 anos por influência deles [os familiares], e foi aí que me descobri como cantora.”

Além do canto lírico, Héloa também procurou dar vazão ao comichão criativo através de outras expressões – como a dança, o balé e o teatro. Estudando simultaneamente as quatro linguagens artísticas, ela foi aos poucos percebendo que a música era aquela que mais fazia chamejar a inquietude solta dentro do peito.

“[A música] foi o que me arrebatou mais, mas sempre procuro trabalhar sobre o palco todas essas expressões concomitantemente”, declara, ressaltando ainda a importância de conciliar as quatro vertentes artísticas durante as performances dela. “O palco é o momento em que eu posso mostrar essa minha continuidade como artista. Meu trabalho musical depende muito do estético e visual. Sobre o palco, trabalho a ideia do corpo como ferramenta visual da música.”

Pensando na urgência de explorar o próprio corpo como instrumento visual da sua música, Héloa percebeu que radicar-se em São Paulo era uma necessidade inadiável. Depois da tímida primeira incursão musical com o EP Solta (2013) – um modesto trabalho de formação, que a cantora define através dos adjetivos “verborrágico e ansioso” –, a sergipana mudou-se para a capital paulista a convite do produtor Daniel Groove para conceber o debute cheio da carreira, Eu (2016). Embora tenha o mesmo título do primeiro e único livro do poeta Augusto dos Anjos, o LP de Héloa se distancia do pessimismo fatalista, por vezes escatológico, do escritor paraibano. Todavia, ambos se aproximam no que diz respeito à temática da eterna procura por uma identidade pessoal, uma imersão em si mesmo em busca do nosso “eu” orgânico.

“Foi um ano de amadurecimento”, diz a cantora referindo-se a 2016, quando passou a residir em São Paulo. “Foi uma necessidade. Como artista, eu sentia que precisava ampliar meu trabalho e sair da zona de conforto. Eu também sentia que só em São Paulo eu poderia trabalhar essas artes que eu sempre explorei. E toda minha pesquisa e imersão se reflete muito no meu disco."

De acordo com Héloa, o estranhamento experimentado ao deixar a litorânea Aracaju e se embrenhar entre os edifícios e viadutos da pauliceia desvairada surgiu como o sustentáculo das canções do disco. O choque com o diferente serviu de combustível criativo para a intérprete, fazendo com que ela absorvesse os estímulos sensoriais da nova residência e os entrelaçasse com a saudade e a lembrança da cidade natal. Algo a que se refere como a criação de um “elo entre a memória e o presente”. "É um trabalho que, diferentemente do primeiro, fala muito sobre o estranhamento de uma pessoa sempre em movimento, no fluxo das coisas.”

A cantora apresentará gratuitamente o primeiro trabalho da carreira neste domingo, 12, na Sala Itaú Cultural, em São Paulo. Na ocasião, Héloa será acompanhada sobre o palco por uma banda integrada pelos músicos Guri Assis (guitarra), Xavier Francisco (percussão), Carlos Gadelha (guitarra), Felipe Faraco (teclado), Jonas Gomes (baixo) e Victor Bluhn (bateria).

Lançamento do disco Eu

12 de fevereiro, às 19h

Sala Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149 - Próximo à estação Brigadeiro do Metrô

Grátis