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Puros-sangues 70

Carros e motos da década de 1970 voltaram para ficar - e beber gasolina. O lado bom: a chance de poder ver vários desses nas ruas, originais ou modificados, brilhando; o lado ruim: o mercado altamente inflacionado

Odair Braz Junior Publicado em 09/11/2007, às 13h49 - Atualizado em 20/02/2013, às 15h00

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Dodge Charger RT 1976; veja outros puros-sangues em nossa galeria de imagens - André Batistela
Dodge Charger RT 1976; veja outros puros-sangues em nossa galeria de imagens - André Batistela

Banheiras, barcas e beberrões de gasolina foram alguns dos apelidos que carrões e motocicletas dos anos 70 receberam ao longo das duas décadas seguintes. Hoje, essas mesmas máquinas são alvo do desejo de muita gente. O que esse povo acostumado a dirigir carrinhos e motocas de plástico atuais não sabe é que há uma grande diferença em pilotar feras desse calibre. Peso, espaço, potência, visuais arrojados, cores berrantes e cheiro de gasolina são sua marca registrada.

Pegue um V8 como o Maverick, o Dodge ou um Opala SS 6 cilindros, por exemplo: motores assim conversam com seus donos. Pise no acelerador fora do tempo, coloque gasolina batizada ou erre a marcha e veja a reação. A caranga avisa que você está pisando na bola, geralmente em forma de um coice bem dado. Não há computadorzinho de bordo ou injeção eletrônica para corrigir seus erros. Há, sim, carburador, pistões furiosos, graxa embaixo da unha. São carros com coração, personalidade. Quase vivos. Não é à toa que Quentin Tarantino faz uma ode a esses veículos no inédito por aqui À Prova de Morte.

Sobre duas rodas, os anos 70 também foram únicos. A Honda 750F, a famosa "Sete Galo", é um clássico ao lado da Suzuki GT 500 e da Yamaha XS2 650. Claro que existem motocicletas mais potentes hoje, mas e daí? O estilo, o som e a potência quase indômita dessas máquinas são como cavalos selvagens que dão trabalho para serem domesticados. Mas, uma vez em suas mãos, são fiéis para sempre.

MAVERICK GT 1978 MODIFICADO

"Tudo o que é retrô está na moda. Muita gente compra uma máquina antiga porque teve uma e hoje quer matar a saudade; ou porque não podia ter na época e agora pode. Ou porque tem alguma relação afetiva com o veículo."

Nelson Naxara, o Pituco, 41 anos, especialista em motos antigas

"De uns anos pra cá, aconteceu uma febre enorme. Acho que é influência dos programas de televisão que tratam de tunning e de restauração de carros. Ressuscitar um veículo e deixá-lo o mais perto possível do original ou com a cara que o dono quer é um trabalho de médico."

Cláudio Ferro, 41 anos, especialista em carros antigos

OPALA SS 6 1974

"Este é um dos meus nove Opalas - oito deles são modelo SS. É um carro muito raro, tem apenas 55 mil km rodados, pintura, bancos, interior, tudo original, exatamente como saiu de fábrica. Desde pequeno, sempre tive fascinação por Opalas. Já me ofereceram R$ 50 mil, mas não tenho a mínima intenção de vendê-lo. O problema desta moda de carros dos anos 70 é que a procura é grande e as pessoas que têm um poder aquisitivo maior acabam inflacionando o mercado."

Cláudio Szakal, 35 anos, contador

DODGE CHARGER RT 1976

"Sempre gostei do Dodge; desde criança, meus pais tiveram Dodges e tenho excelentes recordações de viagens que fizemos. Ter este carro hoje é uma forma de resgatar esses momentos. As pessoas me param na rua por causa do carro, perguntam se eu quero vender, pedem para ver o interior, querem tirar foto. É a alegria dos frentistas! Em geral, você pode achar um Dodge na internet de R$ 20 a R$ 50 mil - há seis, sete anos, achava por R$ 5 mil."

Gian Cinelli

HONDA 750F SUPER SPORT 1977 MODIFICADA

"Aonde eu chego é um glamour, ninguém tem uma moto igual. É uma moto antiga, exclusiva e, ao mesmo tempo, moderna em termos de peças e equipamentos - freios e suspensão, por exemplo. Ela vale uns R$ 40 mil, mas para mim não tem preço, não vendo."

Mário Eugênio, 53 anos, publicitário

"A Honda 750 é a famosa 'Sete Galo'. O ronco desse motor é o som dos anos 70. Ela ganhou esse apelido porque 50 é galo no jogo do bicho."

Pituco

YAMAHA XS2 650 1972

"O cara compra uma moto desta pra curtir. Normalmente já é terceira ou quarta moto do cara. É um público exigente, então preciso dar uma garantia perpétua."

Pituco

SUZUKI GT 550 1975

"O valor de mercado de uma moto antiga gira em torno do estado da moto. Não tem um padrão, mas, em média, essas máquinas estão na faixa de R$ 20 mil - mas podem custar de R$ 10 mil a R$ 50 mil."

Pituco