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Brad Pitt - Entrevista Rolling Stone

Por Mark Binelli Publicado em 12/02/2009, às 15h13 - Atualizado em 20/02/2013, às 16h16

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Nadav Kander
Nadav Kander

Brad Pitt está com alguns problemas técnicos. "Normalmente peço essas coisas para meus filhos", resmunga enquanto tenta conectar meu iPod em seu aparelho de som. "Eles entendem muito mais de tecnologia. Maddox estava pesquisando 'armas' no Google outro dia e acabou indo parar em um site sobre a supremacia branca. Tenho certeza de que agora o governo está nos vigiando." Eventualmente Pitt desiste e chama uma assistente. Logo estamos escutando Townes Van Zandt. Ele nunca tinha ouvido o falecido e fantástico cantor e compositor, mas está curtindo. O ator tem se sentido antiquado no que diz respeito à música hoje em dia. "A última coisa nova que ouvi foi Black Keys", admite.

Estamos no lendário Studio Babelsberg em Potsdam, nos arredores de Berlim, sentados no enorme e bem vigiado trailer de Brad Pitt. Nosferatu (1922) e O Anjo Azul (1930) foram filmados aqui, bem como o recente drama da Segunda Guerra com Tom Cruise, Operação Valquíria. Pitt veio para cá em setembro para estrelar Inglorious Basterds, o épico também de guerra de Quentin Tarantino. No filme, Pitt faz um tenente do Tennessee, líder de uma unidade secreta que tem a missão de aterrorizar os inimigos escalpelando nazistas, segundo uma versão vazada do roteiro. Com um sorriso divertidamente sádico, ele pega um objeto de cena da mesinha e me mostra. É um convite cheio de ornamentos, enviado por Der Minister Propaganda - Dr. Joseph Goebbels. "Todos os figurões estão lá", adianta.

Pitt, 45 anos, deixou crescer um fino bigode por causa do papel e seu cabelo também foi adequado à época. O ator veste um cachecol cinza sobre um agasalho de zíper, também cinza, e calças cáqui de exército. Enquanto esse projeto estiver sendo filmado, ele e sua família ficarão estabelecidos em um enorme complexo próximo a Wannsee (na mesma vizinhança classe alta onde, em um casarão em 1942, oficiais nazistas de alta patente elaboraram o plano para a Solução Final). A propriedade é cercada por um muro e composta de três grandes casas, um heliporto e, quando estive por lá, pelo menos seis guardas. Pitt também é proprietário de um apartamento de quase 2 mil metros quadrados no centro de Berlim. Admirador (e aprendiz) de arquitetura há muito tempo, tem visitado a cidade com frequência nos últimos anos, na maior parte das vezes para trabalhar com a Graft, uma firma de design de vanguarda. O projeto atual, no qual é consultor, é um hotel não poluente e autossustentável em Dubai (nos Emirados Árabes). Apesar de ter atingido um nível de celebridade muito particular, surpreendentemente estrelou um número grande de sucessos do cinema. Há 11 Homens e um Segredo (2001), Sr. & Sra. Smith (2005), até chegarmos a Se7en - Os Sete Crimes Capitais (1995), sua primeira parceria com o diretor David Fincher. Já no fim dos anos 90, com Inimigo Íntimo (1997) e o terrivelmente criticado Encontro Marcado (1998), Pitt acredita ter escolhido mal seus projetos. "Me deixei levar pela fama e acabei me perdendo", avalia. Normalmente, seus instintos o têm deliberadamente direcionado para papéis pequenos, excêntricos e menos comerciais. Dos que roubam a cena, como em Os 12 Macacos (1995) e Snatch - Porcos e Diamantes (2000), a aparições mais discretas, como em Babel (2006) e o soturno e absurdamente subestimado O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (2007). Sua última incursão cinematográfica é O Curioso Caso de Benjamin Button, uma fábula sobre a mortalidade em que o personagem-título, interpretado por Pitt, nasce velho e vai rejuvenescendo. O roteiro de Eric Roth (Forrest Gump - O Contador de Histórias, 1994) preservou pouco do humor negro do conto original do escritor F. Scott Fitzgerald e fãs das colaborações anteriores entre Pitt e Fincher provavelmente vão achar o longa sentimental demais.

Você lê esta matéria na íntegra na edição 29, fevereiro/2009