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De Volta à Praia

Nando Reis relembra a sólida carreira em um disco ao vivo - sem músicas inéditas

Marcus Preto Publicado em 01/06/2007, às 00h00 - Atualizado em 10/08/2007, às 17h44

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Nando Reis gravou o Luau MTV no litoral norte de São Paulo - Marcos Hermes/Divulgação
Nando Reis gravou o Luau MTV no litoral norte de São Paulo - Marcos Hermes/Divulgação

O novo trabalho de Nando Reis, Luau MTV, foi gravado ao vivo na Praia do Lázaro (SP), rendeu programa na MTV e gerou CD e DVD. O repertório? Releituras do cancioneiro do compositor.

Sem que uma vírgula precisasse ser mudada, a notícia acima serviria também para descrever MTV ao Vivo, seu penúltimo álbum, lançado há dois anos, que alcançou a marca de 125 mil CDs e 65 mil DVDs vendidos (dados fornecidos pela gravadora Sony).

O fato reacende velhas - e atuais - discussões: alguém ainda agüenta discos retrospectivos gravados ao vivo? Por que os artistas ainda se rendem a esse tipo de projeto, de caráter evidentemente mercadológico? Um disco como esse não incentiva a falta de interesse do público pelo trabalho inédito? Qual é a parcela de culpa dos próprios artistas em alimentar esse círculo vicioso?

"Não vou defender um peixe que não é o meu. Seria muito pior se, por causa do mercado, eu ficasse com lacunas maiores. Posso preencher essas lacunas de forma que seja interessante também para mim", Nando começa. Pergunto se, nas lacunas às quais ele se refere, não haveria espaço para a produção de material inédito. "Não. Eu não ia gravar um [álbum] de inéditas agora, tão perto do anterior [Sim e Não, lançado em 2006]. Era um disco com 12 músicas novas que implicou em um custo emocional incalculável, é maravilhoso, mas vendeu 35 mil cópias. O que posso fazer? Ficar sentado, de braços cruzados, dizendo 'Não, só gravo disco de inéditas'? Claro que não, bicho!"

E continua: "Eu não posso lutar contra um mercado, não tenho acesso a isso. A gente ia fazer um programa de TV, que depois ia virar um DVD. E claro que a gravadora veio com a idéia do CD - o que acho natural, foi uma puta grana pra fazer todo esse projeto. Além disso, pouca gente me conhece da forma como os jornalistas vêem. Tem gente que nem sabe que eu sou o autor de 'O Segundo Sol'. Então, os discos ao vivo me interessam, ainda. Como uma construção da minha carreira".

Nando diz não se importar com quem acha que seus discos ao vivo são redundantes. "Cuido dos meus discos com todo o zelo possível. Quero ter acesso ao público. Tenho 25 anos de carreira e não tenho medo de ouvir críticas, porque tenho consciência do que quero fazer. Minha carreira não se reduz a ter discos na prateleira. Ela está focada em ter uma permanente atividade, a rede de shows, mas principalmente pelo próprio prazer da realização."

Estavam expostas as razões do Nando Reis artista. Ao final, a reportagem solicita uma lista com os cinco discos ao vivo que marcaram sua vida. Nando se lembrou de Ao Vivo, de Gilberto Gil, de 1974. Na seqüência, após algum esforço, citou Rust Never Sleeps, de Neil Young. Faltavam três. Ficou calado por instantes, até confessar: "Não sou muito fã de discos ao vivo..." Aquele já não era mais o Nando Reis artista, mas sim o ouvinte e fã de música, que já não tem que remoer os questionamentos de quem está do outro lado do alto-falante.