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Iggy Pop

Pioneiro do punk compartilha pensamentos sobre seus heróis e substâncias ilícitas

Andy Greene Publicado em 11/03/2017, às 15h27 - Atualizado às 15h30

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<b>Menos Estrada</b><br>
O artista quer desacelerar em 2017 - Dan Hallman/Invision/AP
<b>Menos Estrada</b><br> O artista quer desacelerar em 2017 - Dan Hallman/Invision/AP

Iggy pop está pronto para uma pausa. O pioneiro do punk passou a maior parte de 2016 na estrada divulgando Post Pop Depression, álbum solo que gravou com o líder do Queens of the Stone Age, Josh Homme. Também encontrou tempo para promover o documentário sobre o Stooges Gimme Danger, de Jim Jarmusch, gravou com Danger Mouse e posou nu para estudantes de arte de Nova York. Este ano, ele planeja ficar mais em Miami, onde mora.

Qual é a regra mais importante que você segue na vida?

Não se perca de quem você é. Se você usa drogas demais, perde o corpo, a mente ou a vida. Inversamente, se faz tudo o que te dizem para fazer, sofrerá e perderá sua identidade própria. Em algum momento, precisa descobrir o equilíbrio.

Quem são seus heróis?

Keith Richards e Bo Diddley. O principal é o modo como eles tocam. Os dois mantêm as coisas simples e diretas e não ficam com firulas. É algo verdadeiro.

Você e Richards foram chamados de indestrutíveis.

Ele é muito mais indestrutível do que eu! Não consigo mais acompanhar o ritmo do cara. Definitivamente não posso mais fumar cigarros.

Conte sobre sua rotina de exercícios.

A raiz é uma série de exercícios chamada qigong, que formam a base do tai chi. Aprendi com um mestre coreano de tai chi chamado Don Ahn, que tem um estúdio no Soho, em Nova York. Você não precisa de uma roupa estranha. Não precisa ir à academia. Não ganha músculos. Ela só te dá uma boa energia, boa flexibilidade e boa circulação.

Que conselho você daria a quem era na juventude?

Não cresça. Sério, não faça isso. Em alguns momentos da minha vida, falei: “Quer saber? Preciso crescer e fazer X ou ser Y ou algo assim”. Na maior parte do tempo, foi um erro, mas não o tempo inteiro, felizmente.

Antes de o Stooges voltar em 2003 e começar a ser a atração principal de festivais, você não ganhou muito dinheiro. Como é ficar rico depois de mais velho?

Comecei a ter algum dinheiro no final dos anos 1980 e comprei meu primeiro apartamento, no East Village, em Nova York. Não tinha muito na década de 1990. Lembro que passei o inverno de 1990 congelando porque não tinha um bom sistema de aquecimento, mas tudo mudou no século 21. É uma bela trajetória.

Você usou muitas drogas. Sente falta de alguma?

Deus, não. Não, não, não. Tenho uma relação maravilhosa com meu corpo na maturidade. Até pensar em fumar maconha me dá arrepios. Mergulhei no MDMA nos anos 1970. E em um festival chamado Goose Lake, em Michigan, cheirei algo que disseram ser cocaína, mas depois descobri que era ketamina. Não consegui me lembrar de quem era por umas 12 horas. Lembro que fumei crack antes de ele ter esse nome. Foi assustador.

Acha que as drogas deveriam ser legalizadas?

Não sou suficientemente bem informado para responder a essa pergunta, mas fico curioso com a ideia de que o uso e o abuso podem cair se elas forem legalizadas. Um comediante escocês estava falando sobre o Brexit e disse: “Perguntar a uma celebridade sobre o Brexit é como perguntar ao Iggy Pop sobre um acelerador de partículas”. Não sou o cara certo para responder.

Você faz 70 anos em abril. Como se sente com isso?

Estou empolgado. Espero chegar lá.

Como vai comemorar?

Provavelmente vou jantar com minha esposa em algum lugar com meia-luz onde possamos sentar juntos. E, se tiver sorte, vou à praia durante o dia. Essa é minha ideia de diversão.

O que espera conseguir na próxima década?

Não espero usar o formato de álbum tão cedo, mas tomara que consiga cantar ou falar ou escrever de um jeito que me atraia. Só quero continuar trabalhando e reagindo às coisas ao meu redor, e continuar gostando de testemunhar este lindo mundo. Gosto muito da vida ao ar livre. E espero ser útil às pessoas que dependem de mim.

Tem medo da velhice extrema e da morte?

Essa é a pergunta mais arrepiante de toda a entrevista! Tenho medo da velhice extrema, sim. Há a possibilidade de depender demais dos outros. Além disso, o pior seria a incapacidade de aproveitar a vida. Não ligo se acontece alguma merda no meu dia, mas preciso de coisas boas também.

Qual a idade-limite para ficar sem camisa em público?

Não há idade, e [quem não gostar] pode vir beijar meu lindo traseiro nu.