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Turbilhão de Referências

Redação Publicado em 13/03/2009, às 09h07 - Atualizado às 09h08

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Anton Corbijn
Anton Corbijn

U2

No Line on the Horizon Mercury

Universal

U2 segue as velhas pistas, mas não anda em círculos e navega em mar sereno

Bono, quando não está em busca da beatificação, é um marqueteiro de primeira. Quando declarou "Se esse não for nosso melhor álbum, seremos irrelevantes" poucos dias antes de o novo CD vazar para o mundo, o vocalista do U2 não somente desafiou seus depredadores, ele vendeu a ideia que a própria música não pode perder sua relevância, precisa se reinventar. O 11º álbum de estúdio dos irlandeses pode não tornar a música relevante em termos de eventos, mas coloca o grupo outra vez em um patamar que poucos grupos conseguem alcançar hoje em dia. A mudança radical prometida nos moldes de Achtung Baby e Zooropa não existe. O álbum é uma nova criatura formada por 33 anos de U2 e a inquietude. "No Line on the Horizon", faixa de abertura, brinca com a base de guitarras de "The Fly" com o vocal rejuvenescido da época de The Unforgettable Fire. "Magnificent" talvez seja a canção mais U2 da fase recente da banda, remetendo a War (Bono gritando "Magnificent" não ficaria estranho com uma bandeira branca do lado) e a influência de White Stripes nos segundos iniciais. Alguns podem se surpreender com "Moment of Surrender", mas ela é a evolução natural do projeto Passengers, feito com Brian Eno - produtor de No Line on the Horizon, ao lado de Daniel Lanois e Steve Lillywhite - e de "In a Little While", soul de All That You Can't Leave Behind. Ironicamente, não há hits fáceis aqui. "I'll Go Crazy If I Don'tGo Crazy Tonight", que vê Bono bricando de Justin Timberlake, é uma séria candidata a substituir o electro-rock energético de "Get on You Boots", mas grande parte da obra é de uma delicadeza e paciência exemplares, como a linda "White as Snow", sobre um soldado morrendo no Afeganistão e "Fez - Being Born", que parece o disco Pop encontrando a trilha sonora de Clube da Luta pelos Dust Brothers. Referências antigas para algo incrivelmente novo? Não foi o próprio Bono que cantou "todo artista é um canibal"?

Rodrigo Salem