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A Pele de Vênus

Roman Polanski

Hamilton Rosa Jr. Publicado em 14/07/2014, às 16h28 - Atualizado em 15/07/2014, às 11h53

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Emmanuelle entra em cena.
Emmanuelle entra em cena.

Nos melhores filmes que faz, Polanski manifesta um prazer quase doentio em descrever seres depravados e detalhar a humilhação física e moral. A Pele de Vênus segue a tradição, mas, em vez do diabo de O Bebê de Rosemary ou do empresário corrupto de Chinatown, temos em cena uma atriz, Vanda, interpretada por Emmanuelle Seigner. Ela chega atrasada para o teste de uma peça e implora atenção ao diretor Thomas (Mathieu Amalric). Por compaixão, ele decide ouvi-la. E a ironia é que não deveria ter caído nessa armadilha, porque a atriz aparentemente frágil o rodeia como uma serpente e vira o jogo: ele vira o ator e ela a diretora. O filme é um fascinante estudo sobre até onde vão o jogo da vida e o jogo do palco, e Polanski maquiavelicamente mescla ao bel-prazer a verdade presumida dos sentimentos com o artifício do espetáculo. Faz isso em um cenário mínimo, o palco, e com apenas dois atores em cena. Mas brinca com as armadilhas do cenário e dos objetos com tal maestria que nunca reduz o filme a um único lugar. Afinal, existem também os espaços mentais dos dois atores e eles aqui parecem ilimitados.