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As Aventuras de Sir Charles Mogadom & do Conde Euphrates de Açafrão

Redação Publicado em 06/04/2011, às 12h01 - Atualizado às 12h01

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Divulgação
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Rubens, Carlos e Artur Matuck

Editora Terceiro Nome

Livro em quadrinhos que levou décadas para ser concluído é pequena obra-prima

Na leseira líquida do Mogadon, um poderoso medicamento indicado para combter a insônia, você estará mais próximo de entender a dinâmica criativa deste livro. É o sonho o que rege as magistrais páginas esculpidas a lápis de cor sobre papel. Uma vida inteira de sonhos vertida numa HQ onírica crivada de devaneios, composta na mogadônica velocidade média de duas páginas por ano. No volume estão registradas fábulas imaginadas desde a infância dos irmãos multiartistas Rubens, Carlos e Artur Matuck. Rubens varava madrugadas debruçado sobre a obra, num trâmite que se realizava unicamente entre ele e o papel Fabriano virgem. Se o sonho se esfacelava, nas palavras de Rubens, a música era o vetor para que ele ressurgisse. Alusões a Minas Gerais, Milton Nascimento e Beatles concorrem no livro com personagens históricos, homenagens estéticas inspiradas na propaganda que fascinaram os artistas na infância, como a do próprio calmante que batiza o protagonista do livro, além de sementes e espécies orgânicas e lisérgicas. Enquanto Rafael Grampá, Rafael Coutinho e a dupla Moon-Bá despontam como alguns dos principais quadrinistas da nova geração, essas figuras da velha escola da arte nacional revelam que a formação artística erudita pode dialogar perfeitamente com a linguagem pop das HQs. E, nessa verdadeira tour de force que durou décadas, os irmãos Matuck deixam a inequívoca mensagem de que a arte continua sendo o caminho mais curto e colorido para o inconsciente.

MAURICIO MONTEIRO FILHO