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Arquivo RS - The Strokes

Por Neil Strauss Publicado em 09/08/2011, às 14h57

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Imagem Arquivo RS - The Strokes

Leia abaixo um trecho da matéria publicada na edição 59 da Rolling Stone Brasil, nas bancas a partir de 9 de agosto

Supostamente era para ele ter aparecido às 9 da noite, mas, quando aparece, já passa da meia-noite. O atraso, porém, será compensado passando as próximas sete horas e 45 minutos comigo. Não por gostar ou não de mim. E sim porque é isso o que ele faz. Seu nome é Julian Casablancas, e como vocalista do Strokes, ele é abençoado com o talento de falar o que quer. É capaz de se conter a noite toda, rodar em círculos verbais por 15 minutos, se perder e começar tudo de novo. Ele parece não ter rumo certo. Vive o momento. Não tem nem mesmo celular, computador ou relógio. Mas suas intenções são as mais nobres.

"Usar heroína é como andar por aí com um terrorista como se ele fosse seu amigo", diz ele a um camarada que havia começado a usar a droga. O monólogo de advertência de Casablancas dura 20 sinceros e resmungados segundos, seus lábios a poucos centímetros dos de seu amigo. "É como levar um terrorista a uma festa", continua ele. "Nunca se sabe quando ele vai explodir em você."

Casablancas está vestindo uma camisa com as palavras U.S. GARBAGE COMPANY (Companhia de Coleta de Lixo Americana) e calças pretas gastas. A camisa é propriedade de seu colega de quarto, o guitarrista Albert Hammond Jr. Em seu pulso há três pulseiras de cores berrantes que ele não se deu ao trabalho de tirar - uma de um show do Kings of Leon há uma semana, outra de um show dos Stooges sabe-se lá de quando. Verei Casablancas quase todos os dias pela próxima semana: seus trajes e braceletes não mudarão, embora ele alegue que suas roupas de baixo e meias mudem. Ele terminará todas as noites com uma garota com quem ele não dormirá. E falará sobre tudo, de casas de strip e terrores noturnos a seu ódio por batatas fritas Pringles. Mas, quando chega a hora de uma entrevista formal, ele me concede a pior que já fiz na vida. E ela dura apenas sete minutos.

O Strokes não é apenas uma banda. Assim como o Nirvana tornou-se a cara do grunge no começo dos anos 90, o Strokes virou a cara da nova cena do garage rock. E, assim como o Nirvana, o Strokes foi adotado pelos designers das tendências da moda, os arautos da morte de tudo o que é sincero.

Claro que tecnicamente o Strokes não pertence a cena alguma, porque nunca teve amizade com bandas compatriotas. De acordo com o baterista Fabrizio Moretti, o Strokes originalmente tentou formar uma cena de bandas de Nova York que sairiam juntas, beberiam e iriam aos shows umas das outras, mas "na época era tudo tão competitivo que nenhuma delas se mostrou aberta a isso".

No que se refere ao garage rock, os integrantes nunca mencionaram bandas como Stooges ou Troggs enquanto discutiam seu segundo disco, Room on Fire. Em vez disso, Hammond Jr. credita as guitarras em tom de reggae de "Automatic Stop" a "Girls Just Want to Have Fun", de Cyndi Lauper; Casablancas põe a culpa da guitarra estridente de "The End Has No End" em "Sweet Child O' Mine", do Guns N' Roses; e o guitarrista Nick Valensi declara sua lealdade ao gótico. "Há algumas linhas de baixo em nosso primeiro álbum que são 100% roubadas do Cure", diz ele. "Estávamos com medo de lançar o álbum porque achávamos que seríamos pegos."