Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Beach Boys e o prestígio além do saudosismo

Genialidade tímida de Brian Wilson e carisma de Mike Love permearam show do grupo na Flórida na última sexta, 4

Alexandre Lopes, de Hollywood (Flórida, Estados Unidos) Publicado em 05/05/2012, às 23h18 - Atualizado em 06/05/2012, às 14h38

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Turnê de 50 anos do Beach Boys passou por Hollywood, na Flórida, no dia 4 de maio - Henriette Gallo
Turnê de 50 anos do Beach Boys passou por Hollywood, na Flórida, no dia 4 de maio - Henriette Gallo

Em 1966, Brian Wilson declarou que seu objetivo era compor uma “sinfonia adolescente para Deus”. Não seria exagero dizer que, se ele não concretizou a façanha, ao menos chegou bem perto disso à frente dos Beach Boys. Na última sexta-feira, 4, a turnê de aniversário de 50 anos do grupo passou por Hollywood (Flórida, Estados Unidos) e mostrou que as harmonias vocais de Wilson, Mike Love, Al Jardine, Bruce Johnston e David Marks ainda conferem uma atmosfera angelical ao grupo no palco.

Clique aqui para ver as fotos do show do Beach Boys em Hollywood, na Flórida.

Às 20h05, batidas na bateria introduziram “Do It Again”. À medida que os nomes dos membros principais eram convocados pelo microfone, a plateia do Hard Rock Live respondia com aplausos. Brian Wilson, o último a ser anunciado, foi o mais ovacionado. Visivelmente debilitado (seja por sequelas físicas ou psicológicas), o músico entrou em cena amparado por um ajudante e sentou-se em um piano à esquerda do palco. Apesar de toda a devoção dos fãs, Wilson pareceu estar mais à vontade no papel de coadjuvante durante a primeira parte da apresentação, assumindo os vocais principais somente em “Surfer Girl”.

Em contraponto à timidez de Wilson, Mike Love era pura extroversão. Apresentando as canções e emendando comentários entre as músicas, o vocalista não perdia chances de satirizar sua própria velhice: Love iniciou “When I Grow Up To Be A Man” estendendo seu vocal à capela até ficar de joelhos no chão, reerguendo-se escorado pelos dois guitarristas à sua volta. Em outro momento, se pôs a comentar sobre os compactos em vinil que fizeram a fama da banda. “Tenho que explicar o que são discos, porque obviamente muita gente nem sabe do que se trata isso hoje em dia”, brincou, arrancando risadas.

As piadas de Love se encaixaram perfeitamente com o público presente: muitos dos espectadores da noite eram senhores e senhoras de cabelos brancos (alguns de bengalas e cadeiras de rodas), muitos com camisas havaianas – uma referência ao uniforme do grupo nos tempos dourados. Em um dos momentos bem arquitetados para evocar a emoção destes fãs de longa data, o falecido baterista Dennis Wilson “participou” pelo telão durante a execução de “Forever”. O clássico “I Get Around” anunciou o fim da primeira parte do show e um intervalo de cerca de 20 minutos.

O segundo ato começou com uma versão simplória de “California Dreamin’” do Mamas & The Papas, mas logo revelou-se o momento mais intenso do concerto: canções como “Sail On, Sailor”, “Heroes & Villains” e “I Just Wasn't Made for These Times” apresentaram alguns dos arranjos mais impecáveis de Brian Wilson. Em algumas músicas, era possível contabilizar dez músicos de apoio participando das performances no palco.

Carl Wilson, morto em 1998, também foi lembrado durante “God Only Knows”, com a gravação de sua voz, enquanto apareciam imagens do guitarrista no telão. A nova “That's Why God Made the Radio” apareceu logo em seguida, dando uma prévia do que está por vir no primeiro álbum de material inédito do grupo desde Summer In Paradise, de 1992. Ao puxar o vocal principal em “Rock N Roll Music”, de Chuck Berry, Brian discretamente deixou o palco e retornou após “Surfin’ USA” – provavelmente para poupar energias para o fim do show. “Kokomo”, único hit dos Beach Boys durante os anos 80, iniciou o bis, que terminou de maneira festiva com a dobradinha “Good Vibrations” e “Fun, Fun, Fun”.

Ainda que a nova “That's Why God Made the Radio” não esteja à altura de obras-primas como Pet Sounds e a atual excursão se enquadre como mais uma turnê caça-níquel entre outras tão constantes atualmente, a superação do histórico de problemas com drogas, brigas judiciais e diferenças entre os membros remanescentes do Beach Boys já é bastante válida – mesmo que seja apenas para celebrar o legado do grupo que já rivalizou com os Beatles nas paradas de sucesso.

Veja abaixo o set list da apresentação:

Primeiro ato

“Do It Again”

“Catch A Wave”

“Don't Back Down”

“Surfin' Safari”

“Surfer Girl”

“The Little Girl I Once Knew”

“Wendy”

“Forever”

“Then I Kissed Her”

“When I Grow Up (to Be a Man)”

“You're So Good to Me”

“Be True to Your School”

“Disney Girls”

“Please Let Me Wonder”

“Don't Worry Baby”

“Little Honda”

“Little Deuce Coupe”

“409”

“Shut Down”

“I Get Around”

Segundo ato

“California Dreamin’” (cover do The Mamas & the Papas)

“Sloop John B”

“Wouldn't It Be Nice”

“Sail on, Sailor”

“Heroes and Villains”

“In My Room”

“All This Is That”

“I Just Wasn't Made for These Times”

“God Only Knows”

“That's Why God Made the Radio”

“California Girls”

“Dance, Dance, Dance”

“All Summer Long”

“Help Me, Rhonda”

“Do You Wanna Dance?” (cover de Bobby Freeman)

“Rock and Roll Music” (cover de Chuck Berry)

“Barbara Ann” (cover do The Regents)

“Surfin' USA”

Bis:

“Kokomo”

“Good Vibrations”

“Fun, Fun, Fun”