Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Bom filme de transição, Star Wars: Os Últimos Jedi traz os veteranos passando a tocha aos novos condutores da trama

Com muitos personagens ativos, capítulo do meio da retomada da franquia merecia um pouco de edição

Paulo Cavalcanti Publicado em 13/12/2017, às 15h21 - Atualizado em 14/12/2017, às 16h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Cena de <i>Star Wars: Os Últimos Jedi</i> (2017) - Reprodução/Vídeo
Cena de <i>Star Wars: Os Últimos Jedi</i> (2017) - Reprodução/Vídeo

O final de Star Wars: O Despertar da Força é algo inesquecível: Rey (Daisy Ridley) finalmente encontra Luke Skywalker (Mark Hamill) em um planeta deserto. É um momento silencioso e climático que imediatamente entrou para a história do cinema. Star Wars: Os Últimos Jedi, capítulo que dá continuidade a essa cena emblemática, não começa exatamente aí. É preciso esperar um pouco para ver os dois interagirem e saber se haverá mesmo uma relação de mestre e discípula entre os personagens.

Se preferir, leia a versão COM SPOILERS desta crítica

Mas antes disso, o filme traz muita ação. As forças rebeldes e as tropas da Primeira Ordem, que encarnam o lado negro da Força, enfrentam-se em uma batalha que dá o tom do resto do filme: Poe Dameron (Oscar Isaac), o jovem e ousado piloto que é uma espécie de comandante não oficial dos rebeldes, teima em fazer as coisas do jeito dele, quebrando o protocolo e desobedecendo ordens diretas da General Leia Organa (Carrie Fisher) e de outros chefões que estão do lado das pessoas de bem.

Star Wars: Os Últimos Jedi tem muitas tramas paralelas e elas nem sempre se amarram. A história principal é aquela em que Rey tenta extrair segredos de Skywalker sobre a vida dos invencíveis e misteriosos Jedi. Ela também quer tirá-lo do auto-exílio para que ele retorne à ação e, assim, ajude os rebeldes. Enquanto isso, Kylo Ren (Adam Driver), filho de Han Solo e Leia, enfrenta seus conflitos internos.

Outros personagens também têm seus momentos solo, como o stormtrooper renegado Finn (John Boyega), que se junta à rebelde Rose (Kelly Marie Tran) para sabotar os planos da Primeira Ordem. Benicio del Toro faz uma ponta e, no meio do caminho, ainda temos um pouco dos veteranos Chewbacca e C-3PO.

O diretor e roteirista Rian Johnson não desrespeita as diretrizes básicas de todo o universo de Star Wars, mas ele tem suas ideias próprias de como a trama tem que ser conduzida e de como os personagens deve se comportar. É fato que muitos fãs se mobilizam para ver como as batalhas espaciais são encenadas. Neste campo, Johnson é apenas competente. Ele não compromete, mas também não se mostra tão espetacular ou grandioso. Já o elaborado roteiro dele tem tantas reviravoltas e revelações que ao final é preciso uma recapitulação mental para entender tudo.

A melhor coisa do filme é ver Mark Hamill/Luke Skywalker como o foco principal da trama. Ator subestimado, Hamill nunca teve muita chance de brilhar fora do universo de Star Wars. Dos três filmes da saga original, ele se destacou mais em O Império Contra-Ataca, o segundo, no qual teve que dar duro para mostrar que tinha valor como Jedi. Um pouco disso é retomado neste filme. Agora um homem maduro, Hamill se mostra heroico, mas de uma forma torturada.

Star Wars: Os Últimos Jedi: 14 coisas que descobrimos sobre o filme

O filme serve de despedida para Carrie Fisher, que morreu em dezembro do ano passado, aos 60 anos. Uma pena já que, ao contrário do que acontece em Star Wars: O Despertar da Força, em que a aparição dela era um tanto figurativa, a antiga Princesa, que se tornou general, tem uma presença mais vital e fundamental aqui.

Mais do que qualquer coisa, Star Wars: Os Últimos Jedi marca o fim de vários elos com a saga original. Harrison Ford, o Han Solo, já havia dado adeus em Star Wars: O Despertar da Força. Agora, os outros veteranos abrem caminho e passam a tocha aos novatos, o que é natural. Os personagens de Daisy, Driver, Boyega e Isaac terão que conduzir a trama e seguir dando nova vida às ideias que George Lucas tramou. E que ninguém se preocupe: potencial eles têm.

O filme não é perfeito. Com duas horas e meia, ele se arrasta um pouco. O longa tem personagens demais – são cerca de 25 ativos na trama. Alguns deles você deseja que permaneçam mais tempo, outros mereciam serem cortados ou reduzidos. Os momentos de humor também nem sempre acertam. Mas a essência de Star Wars está lá, Rian Johnson garante isso. Uma pena que este capítulo do meio não emule O Império Contra-Ataca, o filme intermediário da primeira saga, que tinha uma vibração mais soturna e sinistra. Mas os tempos são outros.