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Bruce Dickinson, do Iron Maiden, completa 60 anos

Vocalista segue como uma das personalidades mais multifacetadas do mundo do rock

Paulo Cavalcanti Publicado em 07/08/2018, às 18h26 - Atualizado às 18h48

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Bruce Dickinson - Paul Harries /Divulgação
Bruce Dickinson - Paul Harries /Divulgação

Houve um tempo em que o clichê máximo sobre astros de rock é que eles deveriam ser beberrões, farristas e não demonstrar nenhum interesse fora do universo hedonista deste gênero. Bruce Dickinson sempre desmentiu esta norma. O vocalista do Iron Maiden, que completa 60 anos nesta terça, 7, é um verdadeiro homem da renascença. Cantar na lendária banda inglesa é, sem dúvida, um emprego invejável, mas esta é apenas uma das muitas facetas de Dickinson. Ele também é formado em história, piloto de avião, esgrimista, radialista, escritor, homem de negócios, empreendedor, palestrante e muito mais.

O versátil Paul Bruce Dickinson nasceu no dia 7 de agosto de 1958 na cidade de Worksop, no condado de Nottinghamshire, Inglaterra. Ele descobriu a música ainda jovem, ironicamente através dos Beatles. Durante a juventude, era rebelde e inconformista, do tipo que arrumava encrenca na escola (algo surpreendente, já que contrasta com a imagem acadêmica que moldou). Quando se decidiu pela vida na música, Dickinson, a princípio, ganhou fama dentro do Samson, uma das bandas de destaque do chamado New Wave of British Heavy Metal, movimento que renovou o rock pesado feito na Inglaterra a partir do final da década de 1970.

Ele entrou para o Iron Maiden em 1981, no lugar do talentoso, porém errático Paul Di'Anno, que estava cada vez mais se desentendo com Stevie Harris, baixista e líder da banda. Logo de cara, quando gravou o álbum The Number of The Beast (1982), conquistou os fãs. O resto é história. O cantor também seguiu em uma carreira solo relativamente bem-sucedida, tendo lançado os discos Tattooed Millionaire (1990), Balls to Picasso (1994), Skunkworks (1996), Accident of Birth (1997), The Chemical Wedding (1998) e Tyranny of Souls (2005). Por um tempo, ele chegou a deixar a banda, mas mesmo com o trabalho solo dele se mostrando bastante interessante, os fãs queriam mesmo era ver Dickinson integrando o Maiden novamente. Em 1999, ele voltou ao seu lar musical com imenso sucesso.

Já tive a oportunidade de me encontrar pessoalmente com Bruce Dickinson duas vezes, além de ter conversado com ele por telefone em outras três oportunidades. Cara a cara, ele tem uma presença magnética. O artista fala rápido, é sério, pragmático e não se intimida em cortar o interlocutor se percebe que a conversa não está indo para canto algum. Para o cantor, tempo é mais do que dinheiro, é algo ainda mais precioso e que ele pode aplicar em algumas de suas inúmeras atividades.

Na entrevista que realizei na época do lançamento do álbum The Book of Souls (2015), que foi gravado logo após ele ter combatido, com sucesso, um câncer na língua, notei um pouco de vulnerabilidade no cerne do homem que parece ser invencível. “Para um cantor, ter um câncer desse tipo parece algum tipo de castigo divino, uma piada cruel”, ele falou. “Mas agora que estou recuperado, só tenho que agradecer o empenho dos meus médicos, além do apoio de meus companheiros de banda e dos fãs de todo o mundo. Eles mandaram seus pensamentos positivos e orações para mim”.

A voz de Bruce Dickinson é uma das mais fáceis de se identificar dentro do panorama do heavy metal. Ao lado de outros ícones, como Rob Halford (Judas Priest) e o falecido Ronnie James Dio, o registro agudo de Dickinson é expressivo, cortante e totalmente original. Dickinson é também um grande frontman, um dos maiores da história do rock. Em cada show do Iron Maiden, por cerca de duas horas, ele dá o sangue à frente do sexteto britânico. Seja interagindo com o mascote Eddie ou empunhando a bandeira Union Jack, no momento em que a banda executa a emblemática música “The Trooper”, a perfomance do cantor é sempre uma grande experiência.

De todas as atividades paralelas que ocupam o tempo e a energia de Dickinson, a aviação é a mais importante delas. Ele pilota regularmente o Ed Force One, o avião que leva o Iron Maiden aos quatro cantos do mundo. O cantor é fundador e sócio da Cardiff Aviation, empresa de treino de pilotos e manutenção de aeronaves. Dickinson esteve no Brasil no último mês de maio para participar de um evento e aproveitou a ocasião para visitar a fábrica da Embraer, em São José dos Campos, onde conheceu o Legacy 500, novo jato executivo da empresa brasileira de aviação.

Aqueles que quiserem saber mais sobre a personalidade complexa de Bruce Dickinson devem ler Para que Serve Este Botão? Uma Autobiografia, lançado há poucos meses no Brasil pela Editora Intrínseca. O cantor escreveu o livro durante os raros períodos que tinha de folga entre os shows do Iron Maiden e ninguém o ajudou nesta tarefa. Trata-se de um relato afiado, bem-humorado e perspicaz sobre a vida dentro do universo do metal – e da aviação, claro.