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Como a australiana Courtney Barnett se tornou uma das melhores jovens compositoras do rock

Artista lançou em 2015 o elogiado Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit

Jonah Weiner | Tradução: Lígia Fonseca Publicado em 07/07/2015, às 10h05 - Atualizado às 11h29

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<b>CURTINDO</b><br>
Courtney em Austin, Texas, no início de 2015 - Leann Mueller
<b>CURTINDO</b><br> Courtney em Austin, Texas, no início de 2015 - Leann Mueller

São 9h em Los Angeles e Courtney Barnett está jogada em uma cadeira giratória, comendo Cheetos no café da manhã. Um dia típico da vida em turnê de uma das jovens letristas mais hábeis do rock. Aos 27 anos, Courtney é mestre em observações que borram a linha entre profundidade e banalidade, embaladas em riffs de rock de garagem. A geografia do que ela narra na maioria das músicas é diminuta – beber vinho com os amigos ou analisar rachaduras em uma parede de gesso, por exemplo. Mesmo assim, ela faz seu mundo parecer bastante grande.

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No final de 2013, a australiana reuniu os dois primeiros EPs da carreira em um álbum chamado The Double EP: A Sea of Split Peas, que teve críticas altamente elogiosas e fez com que ela se apresentasse no The Tonight Show Starring Jimmy Fallon e conseguisse uma vaga no line-up do festival Coachella, na Califórnia. Agora, ela tem um fantástico disco de estreia oficial, o recém-lançado Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit. “Meu emprego ideal teria sido embalar caixas no correio ou estocar prateleiras de supermercado à meia-noite”, reconhece, despretensiosa. “Parece que fiz todo mundo cair em uma pegadinha.”

No entanto, o desejo de Courtney de imprimir ressonância a coisas aparentemente mundanas já estava a toda na Universidade da Tasmânia, onde inicialmente ela queria ser uma fotógrafa artística (“O realismo de Nan Goldin me atraía: imagens de pessoas fazendo coisas normais”, explica). Só que depois de dois anos insatisfatórios ela abandonou a faculdade, decidindo se focar em fazer música. Courtney revela que sofre de depressão – nessa mesma época, a doença atingiu um pico e ela começou a tomar antidepressivos. “Nunca são motivos verdadeiros”, ela conta sobre o que costuma deixá-la infeliz. “Só uma coisa geral de estima. Não quero falar muito, mas basicamente não saía do quarto, fiquei desempregada por um bom tempo e virou um ciclo de, hum, uma coisa levando a outra. Simplesmente não conseguia ver o sentido de nada – sempre voltava a esse ponto.”

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Ela fala sobre o próprio cérebro como se fosse uma máquina que não conseguisse desligar, para o bem ou para o mal. O que Courtney aprendeu a fazer, com o tempo, foi aceitar, e não suprimir, seu lado que pensa demais: assim, enche diários com ruminações e desenhos, depois esmiúça essas páginas e transforma textos extensos em versos. “Para mim, parte do objetivo de compor é que posso trabalhar ideias e emoções – esclarecê-las e melhorá-las”, ela afirma. “Com a depressão, é tão fácil se desviar disso ou tomar drogas para aliviar. Acho que é importante realmente sentir a dor.”