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Crítica: Ponte dos Espiões é um preciso retrato de como funcionavam os bastidores da Guerra Fria

Filme histórico é dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Hanks

Paulo Cavalcanti Publicado em 21/10/2015, às 19h36 - Atualizado às 20h12

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Cena do filme <i>Ponte dos Espiões</i> - Divulgação
Cena do filme <i>Ponte dos Espiões</i> - Divulgação

Chega aos cinemas do Brasil nessa quinta-feira, 21, Ponte dos Espiões, filme histórico dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Hanks. A trama conta uma história verídica pouco conhecida. No final de 1950, no auge da Guerra Fria, os norte-americanos desconfiavam de tudo o que vinha da União Soviética e de trás da chamada Cortina de Ferro e vice-versa.

Em 1957, depois de uma intrincada caçada, o FBI aprisiona o estóico Rudolf Abel (Mark Rylance), um espião russo que se disfarça de artista em Nova York. Ele estaria transmitindo segredos de estado relativos à energia nuclear. Para defendê-lo, a promotoria pública aponta o íntegro James B. Donovan (Hanks), que naquele momento era sócio de uma firma de advocacia que mexia com seguros.

A família e os amigos de Donovan não querem que ele aceite o caso impopular. Mas ele não só aceita o caso, como defende Abel com garra e consegue livrar o espião de uma pena de morte certa, que era a vontade da opinião pública. Donovan a principio é hostilizado, mas o risco que ele assumiu era calculado. Ele tem um bom argumento: é melhor manter Abel vivo e seguro, já que ele poderia ser útil em alguma ocasião, como uma futura troca de prisioneiros. E isso exatamente o que acontece poucos anos depois.

Em 1960, na União Soviética, o piloto Francis Gary Powers (Austin Stowell) é aprisionado depois que o avião U-2 dele é abatido. O neutro Donovan, então é designado a cumprir uma importante missão para o governo, embora ele faça isso não oficialmente. Ele segue para sinistra Alemanha Oriental para servir como negociador: ele tem que trocar Abel por Powers. Mas o advogado quer fazer um “dois por um”: contra à vontade de todos, também entraria no rolo Frederic L. Pryor (Will Rogers), um ingênuo estudante norte-americano de economia que estava na Alemanha no local e no horário errado.

Em meio à construção do Muro de Berlim, Donovan, em condições nada favoráveis, encontra vários membros do governo da União Soviética e da Alemanha. O jogo de negociação é longo e tortuoso – os russos e alemães estão sempre desconfiados e os agente da CIA mais atrapalham do que ajudam Donovan. Mas depois de muito vai e vem, todas as partes saem satisfeitas. Ponte dos Espiões na verdade parece com dois filmes em um: no começo, é uma filme de tribunal, mostrando como foi a captura e o julgamento de Abel nos Estados Unidos.

Depois, com ação na Europa, o longa se transforma em uma produção de espionagem clássica. Mas apesar de algumas cenas mostrando cidadãos alemães da Alemanha Oriental sendo fuzilados tentando passar para o lado ocidental do Muro de Berlim, Ponte dos Espiões não é abertamente violento ou perturbador.

O longa é um preciso retrato de como funcionavam os bastidores do jogo político entre os Estados Unidos e os países comunistas, quando seus dirigentes não conseguiam suportar olhar na cara um do outro. Hanks está bem como sempre, aqui vivendo o confiável Donovan, mas quem rouba a cena é o ator britânico Rylance como o enigmático Abel, que pode - ou não - saber demais. Com roteiro de Matt Charman e dos irmãos Ethan e Joel Coehn, Spielberg conta esta complicada historia com verve e inteligência. A reconstituição de época também é um dos pontos altos do filme.