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Com bom elenco e heroína de peso, Divergente é uma boa adição ao cinema de qualidade para jovens

Constantes reviravoltas e química entre o casal protagonista garantem o sucesso da adaptação do primeiro livro da série de Veronica Roth

Luísa Jubilut Publicado em 16/04/2014, às 15h46 - Atualizado às 21h38

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Tris (Shailene Woodley). - Reprodução
Tris (Shailene Woodley). - Reprodução

As comparações com Jogos Vorazes são inevitáveis: a cinessérie estrelada por Jennifer Lawrence compartilha muitas características com Divergente, o novo hit cinematográfico baseado em uma série de livros para jovens adultos que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta, 17. As duas tramas se passam em cidades futuristas e pós-apocalípticas. Em vez de Panem, em Divergente o espectador é transportado para uma Chicago marcada pelo pós-guerra. O governo, com o objetivo de rastrear e controlar a população, divide a sociedade em cinco facções - Abnegação, a Amizade, a Sinceridade, a Audácia, a e a Erudição.

Beatrice Prior, interpretada por Shailene Woodley, nasceu no primeiro grupo, composto por pessoas altruístas que rejeitam a vaidade – regra que parece não se estender ao uso de rímel e lápis de olho. Ela e o irmão Caleb, interpretado por Ansel Elgort, chegaram à idade de escolher de qual facção querem fazer parte. Antes, eles precisam passar por um “teste vocacional” que revela a verdadeira natureza deles. Beatrice, ao despertar da simulação, descobre que é Divergente, ou seja, pertence a todos os grupos ao mesmo tempo e representa uma ameaça ao governo por não ser “classificável”.

Assim como em Jogos Vorazes, um pensamento que surge constantemente durante o filme é “Eu já estaria morto no lugar desta pessoa”. A ação se inicia quando Beatrice escolhe a Audácia – facção apresentada como formada por um bando de viciados em adrenalina que só se vestem de preto e fazem questão de se locomover correndo. A partir do momento em que troca seu nome para Tris, a “nova” protagonista é exposta a riscos cada vez maiores. E, assim como Katniss Everdeen, a personagem de Shailene conta com um membro do clã Kravitz no papel de fiel escudeiro. Em Jogos, o cantor Lenny Kravitz interpreta o figurinista de Katniss, Cinna. No novo filme, Zoë, filha de Lenny, é Christina, uma ex-Sinceridade que parece tão perdida quanto Tris ao chegar na Audácia. A dupla é recepcionada por Eric (Jai Courtney), o detestável líder da facção, e Quatro (Theo James), o galã destemido – com tatuagens em vez de um cavalo branco - que ao longo da trama se envolve com Tris.

As peças que aparentam ser clichês na dinâmica de Divergente revelam camadas surpreendentes com o desenrolar da trama. A vilania previsível de Kate Winslet na pele de Jeanine é compensada pela desconstrução da personalidade de outros personagens como o valentão Peter, interpretado por Miles Teller, que trabalhou com Shailene em The Spectacular Now, e Marcus, encarnado por Ray Stevenson. A relação hierárquica dentro e entre as facções dão o tom político à história, revezando o foco com a boa química entre o casal protagonista. As constantes reviravoltas compensam frases de efeito fracas e reforçam a atenção do espectador durante os 139 minutos de filme dirigido por Neil Burger (O Ilusionista, Sem Limites ). Embalado por uma trilha sonora pop, que conta com faixas de Ellie Goulding, Skrillex, A$AP Rocky e uma improvável parceria entre Kendrick Lamar e o grupo Tame Impala, o longa não poupa sangue cenográfico na hora de recriar as cenas de ação do primeiro livro da série de Veronica Roth.

A atuação de Shailene vai além da heroína que “prega” o empoderamento feminino e se preocupa com a família e insere, sutilmente, inseguranças e falhas na personalidade doce de Tris. O já citado Ansel Elgort, que forma com a atriz o par romântico em outra aguardada adaptação cinematográfica de um livro para jovens adultos, A Culpa é das Estrelas, passa a maior parte do tempo fora de cena, mas dá indícios de que seu personagem poderá crescer e se tornar um anti-herói redimido na continuação da trama, já que o primeiro longa termina em um gancho promissor.

O segundo longa da franquia, chamado de Insurgente, que será dirigido por Robert Schwentke ( Red: Aposentados e Perigosos, Te Amarei para Sempre) tem estreia prevista para março de 2015 e começa a ser produzido em maio. Convergente, último livro da série, seguirá a tendência de franquias como Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes, e será dividido em dois longas.

Assista ao trailer de Divergente e veja mais fotos do filme na galeria acima: