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Velozes e Furiosos 8 traz ainda mais exagero para uma cinessérie conhecida por extrapolar o limite da grandiosidade

Filme, que estreia nesta quinta, 13, continua a divertida corrida da franquia rumo ao épico

Gus Lanzetta Publicado em 12/04/2017, às 17h09 - Atualizado às 19h38

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Cena do trailer de <i>Velozes e Furiosos 8</i> - Reprodução
Cena do trailer de <i>Velozes e Furiosos 8</i> - Reprodução

Velozes e Furiosos 8 (The Fate of The Furious) conclui muito bem a trilogia que começou em 2013, com Velozes e Furiosos 6 (Furious 6). Nela, os nossos ex-corredores fora da lei passam a agir como um supergrupo de heróis que viajam o mundo acabando com os planos dos vilões escolhidos pelo governo norte-americano. Se os quadrinhos têm os Vingadores e a Liga da Justiça, o cinema tem a furiosa família de Dominic Toretto (Vin Diesel).

Falando em Furiosa, este longa marca a estreia de Charlize Theron na cinessérie. A vilã interpretada por ela, Cipher, não pilota nenhum veículo, mas dirige todo o enredo. Infelizmente, porém, ela faz isso com uns diálogos ameaçadores sem muita energia. Não chega a quebrar o clima do filme, mas deixa a desejar.

Clima essa que varia muito ao longo da narrativa, mas os diferentes tons se complementam mais do que conflitam. Como já é do feitio da série, humor, ação e dramas pessoais se misturam nas aventuras dos personagens. Inclusive a união de Dwayne “The Rock” Johnson com Jason Statham rende as cenas mais engraçadas e também sua melhor sequência de ação: uma impressionante rebelião, que envolve dezenas de figurantes e dublês, incrivelmente dirigida. Frenética sem ser confusa. Aliás, F. Gary Gray faz um ótimo trabalho na direção em seu primeiro filme da série, sendo que vai além e integra uns movimentos de câmera que James Wan havia introduzido no longa anterior.

Sim, Furiosos 8 é carregado de referências aos filmes passados, como já era de se esperar. São 16 anos de filmes (muitos deles escritos pelo atual roteirista-chefe Chris Morgan) e bastante coisa para aprofundar, expandir e relembrar. Morgan aparenta ser um grande fã do universo que ele e Justin Lin ajudaram a criar e usa isso como base para tudo, desde pequenas piadas aos grandes pontos da trama. A cada filme de Morgan – que entrou na franquia em Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio (The Fast and The Furious: Tokyo Drift), de 2006 – fica claro o empenho dele em construir um universo ficcional rico e cativante. O fato de que isso funciona é mais impressionante do que a vontade de Morgan. Seria difícil ter previsto que Velozes voltaria a fazer um módico sucesso, mas com um dos piores filmes da série (Velozes e Furiosos, de 2009) ele e Lin iniciaram um fenômeno global que promete se estender por uma dezena de filmes e bilhões de dólares.

Outra qualidade da produção que chega aos cinemas nesta quinta, 13, é o quanto não está nos trailers (parece bobagem, mas isso é raro em blockbusters atualmente). Não só aparições e retornos, mas uma parte grande e importante da trama foi, felizmente, escondida da campanha publicitária, guardando seu impacto para a hora certa. E o submarino presente nos teasers (que tanto provocou debates online) tem uma presença bem menos absurda do que os vídeos levaram a crer. Claro, ela ainda é absurda, mas não mais que o avião do sexto capítulo ou o drone do sétimo. O que leva à óbvia conclusão de que um espectador que acha que "absurdo" é um adjetivo ruim para um filme de ação definitivamente não deveria passar nem perto desta franquia. Na realidade, a cena de ação mais surreal de todas é outra, e envolve centenas de veículos sendo controlados remotamente para criar uma tempestade de carros (e também um rio de carros). É como o encontro de um filme de desastre natural, um filme de zumbi e uma cena de algum Transformers ou Matrix Reloaded. É artificial, mas serve seu propósito.

Há uma razão para as referências à velocidade terem sumido dos títulos originais da cinessérie desde que Vin Diesel e Paul Walker destruíram o Rio de Janeiro no quinto longa. Dito isso, o filme abre com uma das mais estranhas e triunfais corridas da franquia, que inclusive tira proveito da recente possibilidade de uma produção norte-americana rodar cenas em Cuba. Dom (Diesel) acaba sendo o primeiro norte-americano a sair vitorioso da Baía dos Porcos.

Já que este é o primeiro Velozes a ser feito totalmente sem Paul Walker, era de se esperar alguma estranheza, mesmo com James Wan tendo feito milagre para tornar a homenagem ao falecido ator algo tocante e respeitoso no sétimo filme. A estranheza está lá sim: Scott Eastwood interpreta um personagem inútil que, curiosamente, chama-se Little Nobody. Talvez esse seja o batismo mais apropriado desde que Vin escolheu seu sobrenome artístico. Claramente, Little Nobody está lá pra preencher o vácuo de "garoto branco" da equipe de mocinhos, mas ele não faz nada. Seu peso na trama é nulo e fica meio desconfortável ver alguém inserido assim, sem propósito, só pra preencher uma vaga que poderia ter ficado vazia.

Balanceando um senso de finalidade para esta fase da franquia, mas deixando um horizonte de possibilidades, Velozes e Furiosos 8 cumpre seu papel de engrenagem em uma máquina de gerar dinheiro. Mas faz isso sendo um filme de proporções gigantes em tudo que faz, Mais do que continuar a série, ele a faz crescer. Velozes e Furiosos vem construindo um mundo de histórias, personagens e acontecimentos épicos nos mesmos moldes de como quadrinhos sempre fizeram e tem sido muito bem-sucedida nisso.