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Coesão e concentração

Show do Dream Theater na sexta, 19, em SP, colocou músicos e público na mesma sintonia

Por Paulo Cavalcanti Publicado em 20/03/2010, às 15h41

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James LaBrie à frente do Dream Theater - Bruna Sanches
James LaBrie à frente do Dream Theater - Bruna Sanches

Hoje em dia, boa parte da plateia que vai a um show de rock ou de música pop não presta atenção no que está acontecendo no palco, preferindo falar ao celular, circular com um copo de cerveja ou ficar batendo papo. Não houve nada disso na apresentação do Dream Teather na noite de sexta, 19, no Credicard Hall, em São Paulo.

A perfomance da banda de metal progressivo fez parte da turnê Black Clouds & Silver Linings, que está rodando o Brasil. A atuação, atrapalhada um pouco pela equalização sonora mal definida, começou às 22h40 e durou quase duas horas. Antes disso, houve uma rápida apresentação da banda Bigelf, amigos dos titulares do show. O fato é que a música do Dream Theater é muito intensa e exige um grau maior de atenção e concentração. Como os músicos são todos técnicos e virtuosos ao extremo, o público não tira os olhos do palco, querendo conferir cada nota ou acorde que sai dos instrumentos dos integrantes do quinteto.

Outra coisa interessante é que o vocalista James LaBrie não é necessariamente o foco principal. As músicas do Dream Theater são verdadeiras peças, algumas durando quase 15 minutos. LaBrie cantava os versos e estrofes e saía do palco, cedendo espaço para os seus companheiros fazerem longos e intrincados solos, vitais para a compreensão das canções. O guitarrista John Petrucci e o tecladista Jordan Rudess em particular, deitaram e rolaram. Rudess, inclusive, fez um "duelo" com uma versão virtual sua que era exibida no telão. Grande parte do público idolatra mesmo o baterista Mike Portnoy. Mesmo sem fazer nenhum solo, Portnoy é o verdadeiro âncora da banda, atacando com rapidez os pratos e tambores, levantando as baquetas como se fosse um maestro, dando toques para seus companheiros para onde o show deveria seguir. E foi Portnoy o primeiro a falar algo parecido com "Alô, São Paulo", saudando a enorme massa que lotou o Credicard Hall. Na metade do show, ele ainda apareceu com uma camisa dez da seleção brasileira. E por trás de tudo está o baixista John Myung, discreto, sólido e confiável, costurando toda a massa sonora do Dream Theater.

Também chamou atenção o fato de os fãs saberem de cor todas as letras das canções de Black Clouds & Silver Linings, que saiu no ano passado. Geralmente novos trabalhos de bandas consagradas são ignorados pelo público, que prefere ouvir as antigas as quais já estão acostumados. O Dream Teather não fez concessões e tocou o álbum quase inteiro. E os fãs não reclamaram, cantando com entusiasmo "A Nightmare To Remember" (a abertura do show), "Rite of Passage", "Wither" e "The Count of Tuscany" ( que marcou o encerramento da performance).

O show ainda teve as mais antigas "Hollow Years", "Prophets of War", "Dance of Eternity", "One Last Time" e "The Spirit Carries On". Já "Pull Me Under", o maior hit do grupo, foi executado no final em um medley com "Metropolis", desaguando numa jam instrumental. Depois de tudo terminado, o quinteto ficou um tempo no palco, prosseguindo com o habitual ritual de distribuição de palhetas.

O Dream Theater toca neste sábado, 20, no Rio de Janeiro, no Citibank Hall.