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Em Drones, Muse dispara contra “psicopatas” e promove volta ao básico: “Não tínhamos como ir além com o eletrônico”

Baixista Christopher Wolstenholme não descarta possibilidade de drones (verdadeiros) nos shows da turnê do álbum

Lucas Brêda Publicado em 04/06/2015, às 18h57 - Atualizado em 09/06/2015, às 18h07

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Os integrantes do Muse - Divulgação
Os integrantes do Muse - Divulgação

“Depois de um disco com uma grande influência eletrônica, fez sentido dar um passo para trás, despir-nos daquelas coisas”, explica o baixista do Muse Christopher Wolstenholme, citando o florido álbum The 2nd Law (2012). “Queríamos nos reconectar com nossos instrumentos novamente. O básico grupo de três pessoas.”

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O trio britânico chega ao sétimo disco de inéditas da carreira com Drones – cujo lançamento acontece neste mês de junho –, um trabalho tematicamente conceitual, que traz Wolstenholme, Matt Bellamy e Dominic Howard voltando à sonoridade de registros como Absolution e Black Holes And Revelations.

“Acho que porque The 2nd Law não teve muitas guitarras pesadas, trazer isso de volta foi o ponto mais importante da sonoridade”, comenta o baixista a respeito das gravações no Warehouse Studio, em Vancouver, no Canadá. “Tentar criar um som um pouco mais próximo do rock e da energia de onde a banda provém.”

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“As gravações foram mais fáceis [do que as dos discos anteriores]”, acrescenta, argumentando que a banda “já sabia o que fazer”. “Os elementos extras que tínhamos em The 2nd Law, por exemplo, foram retirados.”

O primeiro single revelado – e terceira faixa – de Drones, “Psycho”, resume as pretensões da banda: a guitarra de Bellamy em primeiro plano e poucos instrumentos adicionais, com o conceito do álbum apresentado de maneira explícita. Além de substantivos que remetem ao autoritarismo – como “comando”, “controle” e “opressão”, repetidos exaustivamente durante as letras –, há a inserção de diálogos, inclusive com vozes de personagens.

“Você é uma máquina mortífera?”, pergunta um dos “psicopatas” de “Psycho”. “Sim, senhor!”, responde o protagonista, ao passar por uma “lavagem cerebral” que o transformaria em um drone assassino. “É difícil dizer precisamente”, confessa Wolstenholme, ao comentar o conceito de Drones. “Matt é o cara que escreve as letras e aparece com essas ideias.”

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Ele, entretanto, se esforça: “Todo o conceito é uma metáfora para os psicopatas que estão no comando, que governam o mundo. Que estão no topo das corporações, dos governos, das organizações. O álbum fala sobre a falta de empatia desses psicopatas, que matam para ter mais controle e influência no mundo”.

A investida conceitual do Muse também traz elementos exteriores, como barulhos de chuva e de sirenes de carros policiais. Drones lembra de longe o progressivo do Pink Floyd – em The Wall e Animals – e se aproxima da “ópera rock” do Green Day – American Idiot, 21st Century Breakdown –, compartilhando a aversão à opressão descarada e a criação de personagens e narrativas com o trio californiano.

Muse

Mas o desejo de tornar Drones um disco de músicas interligadas também partiu de uma tentativa de resgate do álbum em sua forma mais tradicional. “O disco sempre foi uma parte importante da indústria fonográfica e isso está se perdendo”, justifica Wolstenholme. “Sei que vivemos em um mundo de downloads de singles, playlists no iTunes, Spotify, e acho que, de alguma forma, é importante que o álbum não se perca.”

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“Até mesmo a espera de dois ou três anos para a banda lançar um disco. Apesar de ser uma lógica dolorosa, quando você pega aquilo nas mãos e olha, é uma experiência libertadora”, continua, de maneira mais incisiva. “As pessoas ouvem música no trem, no carro. Ninguém para só para ouvir um álbum”. “Quando eu era estudante, a primeira coisa que fazia quando chegava em casa era ouvir um disco. Só ouvir, não tê-lo como plano de fundo”, completa.

Megalomania

Após o lançamento de Drones, o Muse se comprometerá com uma nova turnê – que, inclusive, já tem dois shows marcados no Brasil, em outubro. Se depender do espaço escolhido para São Paulo – o Allianz Parque, do Palmeiras, onde Paul McCartney se apresentou em 2014 – e do preço dos ingressos para o Rio de Janeiro – R$ 700 o mais caro –, os shows podem adquirir caráter de espetáculo.

“Primeiro vamos fazer os festivais de verão, então não dá para ter muita produção de palco”, comenta Wolstenholme, adiantando informações das próximas turnês. “Quando começarem as excursões de arena, vamos tentar fazer coisas mais ‘espetaculares’. Algo bem diferente do que fizemos anteriormente.”

Até um capricho que seria curioso na apresentação, a presença de drones reais sobrevoando a plateia – e se relacionando com a poesia do disco –, parece ser cogitado pelo baixista. “Acho que o conceito abre muitas possibilidades”, diz, confessando em seguida: “Drones e máquinas voando podem, claro, fazer parte disso”.

Veja a tracklist de Drones

1 – “Dead Inside”

2 – “[Drill Sergeant]”

3 – “Psycho”

4 – “Mercy”

5 – “Reapers”

6 – “The Handler”

7 – “[JFK]”

8 – “Defector”

9 – “Revolt”

10 – “Aftermath”

11 – “The Globalist”

12 – “Drones”

Muse no Brasil

Rio de Janeiro

22 de outubro (quinta-feira)

HSBC Arena - Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 3401 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ

São Paulo

24 de outubro (sábado)

Allianz Parque - Rua Turiassú, 1840 - Perdizes, São Paulo - SP