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A fábrica de histórias de Quentin Tarantino

Vencedor do Globo de Ouro pelo roteiro de Django Livre, cineasta revela metodologia de trabalho

Pablo Miyazawa Publicado em 14/01/2013, às 13h22 - Atualizado às 13h30

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Quentin Tarantino levou o prêmio de Melhor Roteiro por <i>Django Livre</i> - AP
Quentin Tarantino levou o prêmio de Melhor Roteiro por <i>Django Livre</i> - AP

Quentin Tarantino foi um dos vencedores do Globo de Ouro 2013 na noite deste domingo, 13. O cineasta norte-americano de 49 anos levou para casa o troféu de Melhor Roteiro por Django Livre – ele já havia levado prêmio semelhante por Pulp Fiction, em 1995 (ano em que também ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original).

Em entrevista exclusiva para a Rolling Stone Brasil, realizada em setembro, Tarantino definiu seu recente método de produção de roteiros como uma experiência “produtiva e prazerosa”, fazendo questão de ressaltar as diferenças entre o estilo atual e o que costumava aplicar no início da carreira, quando passava os dias atrás do balcão de uma locadora de vídeos. Leia abaixo.

Você escreveu seu primeiro roteiro quando tinha 20 e poucos anos. Como funciona seu modo de escrever hoje?

Bem... [pensa]. De um jeito muito diferente. Digo, você precisa se lembrar de que quando escrevi Amor à Queima-Roupa e Assassinos por Natureza, eu tinha um emprego fixo. Trabalhava em uma locadora de filmes. Então, escrevi esses dois roteiros após o horário do expediente, tentando encontrar tempo para fazer isso. Depois, escrevi o Cães de Aluguel em três semanas e meia. Porque havia essa oportunidade de eu possivelmente fazer o filme com um orçamento de US$ 200 mil. Isso acabou não acontecendo desse jeito, mas o roteiro ficou pronto. Agora, é diferente. Por bastante tempo, escrevi em restaurantes, em cafés ou em casa, qualquer lugar possível. Andava com meu bloco de anotações por aí e escrevia o que desse na telha. E, quando eu resolvia escrever em casa, passava a noite inteira em claro, e daí dormia até sei lá quando. Era mais ou menos desse jeito que eu fazia: se eu queria trabalhar durante o dia, ia para algum lugar, começava a escrever ali, daí voltava para casa. Tudo isso mudou em Bastardos Inglórios. Eu comecei a escrever durante o dia, sozinho em casa. E tem sido uma experiência extremamente produtiva e prazerosa. Na verdade, acho que uma das coisas mais prazerosas de minha vida foi escrever Bastardos. Eu tenho um belo terracinho do lado de fora do meu quarto, que é no andar de cima da casa, com uma linda vista. Vou lá e começo a escrever mais ou menos a partir das 10h da manhã. Escuto música e vou só escrevendo, até cinco, seis ou sete. Às vezes até às quatro, dependendo do projeto.

Você não precisa esperar sua musa aparecer?

Não. Talvez lá pelo começo do projeto. Mas depois eu simplesmente vou seguindo em frente. E, se me desconcentro ou coisa parecida, eu escuto as músicas que planejo usar no filme. Esse se torna o meu “think tank em estado alterado”, é o que me conecta de volta. Voltando: o que faço atualmente é parar por volta daquele horário. Mais tarde na mesma noite, mais ou menos lá pelas oito, eu pulo na piscina – eu a mantenho aquecida para poder nadar de noite sem problemas. E, se não tiver terminado ainda a cena, eu penso: “Ok, o que eu quero fazer? Para onde mais quero ir? Isso é bom o bastante? Será que há algum elemento que posso incluir para melhorar? Ou será que está pronta?” E, se eu já tiver finalizado a cena, começo a divagar: “E o que acontece depois?” Eu já tenho uma vaga ideia sobre o que ocorre em seguida, mas penso especificamente nisso. “E agora?” E fico lá boiando, nadando, pensando, e chego a respostas para as questões. Mas não escrevo – só faço anotações das coisas que pensei. Daí, assisto a um filme, faço qualquer outra coisa e vou para a cama. E quando acordo na manhã seguinte, leio essas anotações e elas se tornam o trabalho daquele dia. E é um método que funciona muito bem.

Leia a entrevista completa com Quentin Tarantino na edição 76 da Rolling Stone Brasil, já nas bancas.