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Faith No More “aprende” com distância e retorna com novo álbum após quase 20 anos

“Nunca imaginava que lançaríamos outro disco”, diz baterista da banda, que se apresenta em São Paulo – nesta quinta, 24 – e no Rio de Janeiro – na sexta, 25 – com Sol Invictus

Lucas Brêda Publicado em 24/09/2015, às 18h19 - Atualizado em 25/09/2015, às 02h59

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Mike Patton à frente do Faith No More durante aparesentação da banda - Barry Brecheisen/AP
Mike Patton à frente do Faith No More durante aparesentação da banda - Barry Brecheisen/AP

Mike Bordin está feliz. O baterista do Faith No More está aproveitando a nova turnê com a banda, que divulga o disco Sol Invictus, lançado há poucos meses, sendo o primeiro de inéditas do grupo desde 1997. “É estranho dizer isso porque, nessa banda, sempre houve umas coisas muito malucas”, comenta ele. “Mas ser adulto, estar no Faith No More, fazer este novo disco, estarmos tocando juntos. É tudo um grande presente, cara.”

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Não é preciso muito esforço para notar a leveza na maneira de se expressar do baterista. Falando à Rolling Stone Brasil de Denver, Colorado (EUA), ele gaba-se de que o Faith No More se apresentaria no “superfamoso” anfiteatro Red Rocks naquela noite, de um dia qualquer da primeira quinzena de setembro. No fim deste mês, a banda norte-americana toca em São Paulo – nesta quinta, 24, no Espaço das Américas – e no palco Mundo da segunda semana de Rock in Rio – sexta-feira, 25.

Toda a empolgação de Bordin pode ser justificada pelo tempo em que a banda principal dele passou sem tocar – e, mais ainda, sem gravar e compor material novo desde o lançamento de Album Of The Year, em 1997. “O que as pessoas precisam lembrar é que estávamos fazendo outras coisas – e coisas que gostávamos de fazer”, conta ele, que estava tocando bateria com Ozzy Osbourne à época do reencontro. “Não havia pressão. Eu amo Ozzy. Amo tocar com ele. Não era preciso ficar se preocupando se algo iria rolar, ou perseguindo algo.”

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Bordin, Mike Patton (vocal), Billy Gould (baixo), Jon Hudson (guitarra) foram se encontrar no casamento do tecladista Roddy Bottum, em 2007. Não para reformar a banda, ou para planejar um novo projeto, como lembra o baterista. “Eu fui lá porque gosto de Roddy”, diz. “Terminei sentando e conversando com meus amigos na mesa. Não houve discussão sobre voltar a tocar junto com o Faith No More. Só ficamos juntos – e aquilo foi fantástico.”

“Depois daquilo, o empresário veio até nós: ‘Eu não estaria fazendo meu trabalho se eu não dissesse que muitas pessoas estariam interessadas em vê-los tocar. Vocês pensariam nisso?’”, continua Bordin, narrando o retorno do grupo. “O que fizemos foi: pensamos nisso. Este processo foi muito, muito, muito lento. Se não estivesse nos satisfazendo em algum momento, teríamos parado. É a abordagem honesta. E, para nós, isso tem que ser verdadeiro, tem que ser sincero.”

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Lembrando quando o Faith No More lançou Angel Dust (1992) depois de The Real Thing (1989) (“Mercadologicamente falando, foi a pior coisa que podíamos ter feito”, diz), Bordin percebe a exaltação na fala e interrompe: “Desculpe-me por essa resposta superlonga”. O baterista enche a boca para tratar da independência artística do grupo, que, para Sol Invictus, criou o selo próprio com o sugestivo nome Reclamation Records.

O mais recente álbum da banda, contudo, foi resultado de uma reunião para cerca de 30 a 40 shows – sendo dois deles no Brasil, em 2009 e 2011. “Começamos a perceber que aquilo ficaria repetitivo se não tivermos nada novo para dizer”, confessa o baterista. “Havia duas opções. Ou diríamos um ‘até logo’ uns aos outros ou teríamos algo novo a dizer. É aquela história do galho jogado na grama. Se você joga água, ele pode crescer e criar folhas, ou não. No nosso caso, ele cresceu.”

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O quinteto voltou, então, a compor junto novamente. A sombria e calcada no piano “Matador” – penúltima faixa de Sol Invictus – foi uma das primeiras a serem trabalhadas pelo grupo. “Sabemos muito bem colaborar um com outro”, diz Bordin. “É assim: você me mostra algo que eu não estava esperando, e eu te mostro algo que você não estava esperando. Mas, quando fazemos isso juntos, chegamos a algo bem peculiar. Para nós, o todo é muito mais importante que o individual.”

Para o baterista, as sessões de gravação de Sol Invictus foram determinantes para como o disco soa. Produzido pelo próprio baixista da banda, Billy Gould, o álbum foi registrado no estúdio "caseiro" do Faith No More, sem nenhuma pressão externa – em uma dinâmica que Bordin havia experimentado com Black Rain, disco de Ozzy Osbourne que ele gravou em 2007.

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“Billy pegou os microfones, arrumou as coisas, ele era o produtor e também meu baixista!”, diz Bordin (na foto abaixo, em show de 2015). “Éramos apenas nós. Estávamos muito confiantes e muito confortáveis. Foi mais do que fácil, foi divertido”. Dando risadas, o baterista que comenta que agora, os integrantes “ouvem um ao outro muito mais”. “Somos mais velhos e temos mais respeitos à banda. Somos cinco caras, e todos nós temos que ser ouvidos.”

Muitos fãs podem torcer o nariz em relação ao tempo em que o grupo ficou separado. Bordin, por sua vez, não titubeia para admitir que, sim, o período em que eles ficaram afastados foi determinante para darem mais valor um ao outro – tanto pessoalmente quanto musicalmente falando. “Absolutamente”, diz ele, repetindo em seguida: “Não há dúvidas disso. Não há dúvidas”. É difícil imaginar que, sem a separação, ainda haveria futuro para o Faith No More.

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Depois de mais de 15 minutos de conversa e reflexão, fica ainda mais evidente o motivo de toda a alegria nas palavras de Mike Bordin. “Nunca imaginava que lançaríamos outro álbum”, diz o dono das baquetas no Faith No More. “Mesmo no começo da reunião, eu não pensava nisso. Talvez algum dos caras diga que tenham pensado nisso – apesar de nunca terem falado.”

“Meu foco, para mim, é sempre o show de hoje à noite”, continua, destacando que estar no Faith No More o permite tocar sem amarras – exatamente do jeito que ele quer. “Valorizo muito, e não quero perder isso nunca. [Muda a voz] ‘Quer saber? Vou a museu hoje, depois tomar alguns drinks, comer alguma coisa’. Foda-se isso, eu quero tocar! Dou tudo de mim. Todo show. Toda noite.”

Faith No More no Brasil

São Paulo

24 de setembro (quinta-feira)

Espaço das Américas – Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda, São Paulo, SP

Rio de Janeiro

25 de setembro (sexta-feira)

Rock in Rio – Palco Mundo