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Festival Natura Musical 2015: Gal Costa e Milton Nascimento fazem dueto histórico na praia de Copacabana

O evento ainda contou com apresentações de Emicida, Tulipa Ruiz e Chico César

Luciana Rabassallo, do Rio de Janeiro Publicado em 30/11/2015, às 09h51 - Atualizado às 14h33

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Gal Costa e Milton Nascimento  -  Fernando Cavalcanti
Gal Costa e Milton Nascimento - Fernando Cavalcanti

Aconteceu no último domingo, 29, na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, a mais recente edição do Festival Natura Musical, que reuniu shows de Karla da Silvia, Tulipa Ruiz, Emicida, Chico César e Gal Gosta. Todos os artistas foram contemplados com editais Natura Musical em 2014 e, neste ano, lançaram discos e fizeram turnês de divulgação de seus respectivos trabalhos. Sob um forte sol, a cantora carioca Karla da Silva abriu o evento mostrando as canções de Quintal, primeiro disco da carreira dela, que rendeu, em 2015, o lançamento do DVD Quintal ao Vivo. O público, que chegava ao palco montado na praia de Copacabana, teve a oportunidade de sambar ao som de "Hoje Só Volto Amanhã" e "Para Celebrar".

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Em questão de minutos, o sol, que literalmente esquentava a plateia, foi substituído por uma forte chuva. A água, contudo, serviu de combustível para mais um inspirado show de Tulipa Ruiz. "Eu adoro me apresentar em festivais e conhecer novas bandas, isso é uma coisa essencial para a música", afirmou a cantora, minutos antes de subir ao palco do evento. Na bagagem, Tulipa carregava o sucessor de Tudo Tanto (2012), Dancê, que chegou às lojas em maio.

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O registro tem a missão de romper o pessimismo e “simplesmente fazer o ouvinte dançar”, como contou Tulipa em entrevista à Rolling Stone Brasil, leia aqui . Com produção de Gustavo Ruiz, irmão da artista, Dancê conta com 11 faixas e, no último dia 19 de novembro, foi condecorado com o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro. "Apenas o fato de eu ter sido indicada diz muita coisa. Esse prêmio não é apenas meu, mas também de todos os meus contemporâneos que trabalham de forma independente no Brasil", afirmou Tulipa.

No palco, houve tempo de sobra para comemorar. "Prumo", canção que tem um naipe de metais cheio de suingue e também abre Dancê, foi a escolhida para iniciar a apresentação. Em seguida veio "Proporcional", faixa que realmente faz o "esqueleto balançar", mesmo a contragosto do ouvinte. Além das canções novas, também estavam no repertório algumas faixas antigas da carreira de Tulipa, como "Sushi" de EFÊMERA (2010). Em certo momento, o músico paraense Felipe Cordeiro subiu ao palco para uma participação especial. A dupla mostrou a canção "Virou", que integra Dancê e foi gravada em parceria pelo artista e o pai dele, o guitarrista Manoel Cordeiro.

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Ainda sob forte chuva, o rapper Emicida e sua banda entraram em cena para mostrar o repertório de Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, segundo disco da carreira dele, que une melodias acessíveis e críticas sociais afiadas. O álbum é resultado de uma viagem do rapper à África e, por isso, a sonoridade é basicamente pautada na música produzida no continente. O show é uma aventura de ritmos que vai de canções dançantes e assobiáveis, como "Passarinhos" e "Mufete", ao desabafo e ao chamado por mudanças de “Boa Esperança” e “8”. Um excelente público acompanhou, cantando todas as letras, o show do rapper paulista.

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Quando Chico César pisou no palco, uma leve brisava vinda do mar acalentava a plateia. O clima tropical combinou perfeitamente com a apresentação do cantor, compositor, escritor e jornalista paraibano. Acompanhado por uma ótima banda, ele cantou sobre sentimentos particulares e coletivos em Estado de Poesia, oitavo registro de sua discografia, que chegou às lojas em julho. O ponto alto da apresentação, contudo, veio com o contestador e emblemático hit "Mama África", de Aos Vivos (1995).

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O músico Marcelo Jeneci, que começou a carreira tocando sanfona na banda de Chico César, fez uma participação especial no show. "Estar novamente ao lado desse talentoso e queridíssimo amigo é uma profunda alegria. Esse é um momento muito especial para todos nós", disse Jeneci, antes de completar: "A possibilidade de encontros que essa carreira nos proporciona é algo extraordinariamente inexplicável". A dupla interpretou o sucesso "Felicidade", parceria que faz parte do álbum Feito para Acabar (2010), a estreia de Jeneci em carreira solo.

A chuva deu uma trégua minutos antes de a apresentação mais aguardada do Festival Natura Musical começar. A cantora Gal Costa subiu ao palco pontualmente às 20h e, imediatamente, levou o público que recheava a praia de Copacabana à loucura. O show foi aberto com "Sem Medo Nem Esperança", canção que convida o ouvinte a fazer uma viagem pelas fases da carreira da intérprete no recém-lançado Estratosférica.

"O fato de eu poder interpretar músicas como ‘Pérola Negra’, ‘Baby’ e ‘Folhetim’ para um público jovem é excepcional. Fico muito feliz por perceber que cada vez mais jovens têm comparecido aos meus shows e gostam muito das diferentes fases da minha carreira, que englobam discos como Fa-Tal - Gal a Todo Vapor [ ao vivo, de 1971] e Profana [1984]", disse a baiana em entrevista à Rolling Stone Brasil.

No repertório, o público ainda teve a oportunidade de ouvir "Quando Você Olha pra Ela", canção que tem letra de Mallu Magalhães, umas das artistas da nova geração que colaboraram com Estratosférica, "Como Dois e Dois", de Caetano Veloso, e "Os Alquimistas Estão Chegando", de Jorge Ben Jor. A apresentação também teve um dueto histórico com Milton Nascimento. Visivelmente debilitado, Bituca interpretou ao lado de Gal a canção "Dez Anjos", que ele escreveu ao lado de Criolo para o 33º álbum da discografia solo da cantora. "Cantar ao lado de Milton Nascimento é um prazer enorme. É uma daquelas coisas que me deixam muito feliz. A verdade é que estar no palco é o que me move", disse Gal.