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“Foi uma grande responsabilidade”, diz Rodrigo Santoro sobre ter vivido Jesus Cristo em Ben-Hur

O filme dirigido pelo russo Timur Bekmambetov também tem no elenco Jack Huston e estreia no Brasil em 18 de agosto

Paulo Cavalcanti Publicado em 02/08/2016, às 19h39 - Atualizado às 20h29

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Rodrigo Santoro dando vida a Jesus Cristo no filme <i>Ben-Hur</i> (2016) - Reprodução/Vídeo
Rodrigo Santoro dando vida a Jesus Cristo no filme <i>Ben-Hur</i> (2016) - Reprodução/Vídeo

Na quinta da semana que vem, dia 18, entrará em circuito Ben-Hur, dirigido pelo russo Timur Bekmambetov (Hardcore: Missão Extrema). Trata-se de mais uma adaptação do livro Ben-Hur: Uma História do Cristo, de Lew Wallace, publicado em 1880. Com tons épicos e bíblicos, a história já foi levado às telas várias vezes, sendo que o longa mais conhecido é o de 1959, dirigido por William Wyler, vencedor de 11 prêmios Oscar e com Charlton Heston no papel-título.

Desta vez, é Jack Huston quem encarna o príncipe judeu que vira escravo nas mãos dos romanos, após brigar com o irmão adotivo romano Messala (Toby Kebbell), e ainda testemunha a crucificação de Jesus Cristo. Quem dá vida a Cristo é o brasileiro Rodrigo Santoro, e os dois atores estão no Brasil para divulgar o filme. Algo que ficou evidente durante a coletiva de imprensa realizada em São Paulo na tarde desta terça, 2, é que ambos sentem o peso de encarnar personagens tão icônicos. Huston, por exemplo, esclarece que viveu o personagem de uma maneira bem diferente da que foi imortalizada por Heston e premiada com um Oscar. “Charlton era o homem entre os homens”, ele diz. “Desde o começo do filme, ele se mostra másculo e imponente. O meu Ben-Hur começa como um jovem simples. Ele, então, passa por situações muito difíceis e fica aprisionado por cinco anos nas galés dos barcos romanos. Vai amadurecendo aos poucos, até virar um homem.”

Huston define bem as diferenças entre esta versão e a anterior. “A história é a mesma, mas nossa visão é mais adequada aos tempos de hoje”, explica. “Na visão impressa por Wyler, da qual eu sou fã, tudo era mais teatral, mais impostado. Acho que agora somos naturais e contemporâneos.” Para ele, a mensagem também é outra: “A versão feita há mais de 50 anos tinha mais violência, era mais sobre vingança. A nossa é sobre redenção e perdão. Acho que isso é muito importante, já existe muito ódio no mundo hoje, especialmente por causa de interpretações religiosas equivocadas”, esclarece o britânico.

Em tempos tão complicados, encarar Jesus Cristo foi algo que mudou a vida de Rodrigo Santoro, segundo o próprio. “Trabalhei muito para interpretar alguém tão icônico como ele”, disse o brasileiro, que contou que cresceu em meio a narrativas sobre Cristo que ouvia da avó italiana. “Meditei, me isolei, pesquisei, li muito. Tive outra visão para Jesus. Ele não é uma figura que fica apenas pregando. Ele está em meio ao povo, dando exemplo, encorajando as pessoas a praticar o bem. Os milagres não chegam do nada. Eles são frutos, além da fé, de ações positivas.” Santoro fez questão de que o Jesus dele fosse mais acessível e não uma divindade. “Logo quando o personagem aparece, não tem nenhum violino tocando”, diz. “Ele está lá na Palestina com um simples carpinteiro, um ser humano ‘encarnado’. Mas é um homem do povo. Existe o Jesus da Bíblia e o Jesus histórico. Tive que pontuar entre esses dois.”

Naturalmente, o maior desafio para ele foi a cena de crucificação. Enquanto relembrava e contava aos jornalistas a respeito, o ator se emocionou e teve que dar uma pausa de cerca de 30 segundos para que se recompusesse emocionalmente, enquanto um silêncio sinistro dominava a sala. Ele disse que passou por duas crises antes da filmagem. “Dois dias antes de rodarmos, fiquei concentrado, pesquisando na internet absolutamente tudo sobre a crucificação de Cristo. Pensava: ‘como ele reagiu? Como ele estava psicologicamente naquele momento?’ Existem várias visões sobre o assunto, mas conversei com a minha produtora sobre minha indecisão e ela me tranquilizou”, relembra Santoro, dizendo que foi aconselhado a esquecer o que os outros dizem e ser ele mesmo, fazer o que o coração mandasse. O outro problema foi mais pontual, conforme explica: “A cena foi feita na Itália no exato dia da quarta-feira de cinzas. E tudo ao ar livre, no pé de uma montanha. Um dia antes havia nevado forte. Assim, ainda estava um frio intenso. Mas não podíamos adiar as filmagens e, como vocês sabem, Jesus não tem quase nenhuma roupa naquela hora... E eu já tinha ficado seis horas maquiando meu corpo. No set, o pessoal da produção colocou alguns ventiladores soprando ar quente para que não sentíssemos tanto frio. Ainda assim, foi um sofrimento para mim e para dois atores que viveram os outros judeus crucificados.” Um trunfo com o qual Santoro pôde contar foi a amizade que desenvolveu com Jack Huston. “Ele estava lá com os outros extras, presenciando toda cena. Não olhei para mais ninguém, só para o Jack. A nossa cumplicidade me trouxe conforto.”

“Foi muito difícil falar aquelas palavras de Jesus enquanto eu estava na cruz, e a imagem de Jesus ali é uma das conhecidas em todo o mundo”, relembra Santoro. “Foi uma grande responsabilidade.”