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“Foi uma homenagem de fã”, diz líder do Nenhum de Nós sobre versão em português de “Starman”, de David Bowie

Sucesso entre os anos 1980 e 1990, “O Astronauta de Mármore” foi autorizada pelo próprio Bowie, segundo Thedy Corrêa

Lucas Brêda Publicado em 11/01/2016, às 17h26 - Atualizado às 18h25

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Thedy Corrêa, vocalista do Nenhum de Nós, e David Bowie - Divulgação/AP
Thedy Corrêa, vocalista do Nenhum de Nós, e David Bowie - Divulgação/AP

Um dos responsáveis indiretos por popularizar a obra de David Bowie no Brasil, Thedy Corrêa está devastado com a morte do ídolo (no último domingo, 10). “Uma grande merda”, diz o vocalista do Nenhum de Nós, que lançou nos anos 1980 a música “O Astronauta de Mármore”, famosa versão em português de “Starman” – presente no clássico The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972), de Bowie. “Foi um cara fundamental para mim.”

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“Eu não esperava que eu sentiria o que estou sentindo hoje”, acrescentou o músico gaúcho, falando por telefone à Rolling Stone Brasil. “É muito estranho não conhecer pessoalmente uma pessoa e ela ser tão importante para ti”. Corrêa comenta que a influência de Bowie foi determinante no jeito dele de cantar, e que ouviu pela primeira vez o britânico no disco Aladdin Sane (1973), quando tinha cerca de 10 a 11 anos de idade.

Mas a sombra de Bowie não marcou apenas a formação musical de Corrêa. Uma das canções de maior sucesso do Nenhum de Nós – hit radiofônico no Brasil na transição dos anos 1980 para os 1990 – é justamente “O Astronauta de Mármore”. “Quando lançamos o primeiro disco, nosso show era curto”, conta o vocalista. “E a primeira coisa que fizemos foi analisar nossos ídolos e procurar alguma cover.”

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Por ser influência unânime na banda, David Bowie foi o escolhido. “Ashes to Ashes” e “China Girl” chegaram a ser cotadas, mas a mais adequada foi “Starman” – que prontamente entrou nos repertórios dos shows do Nenhum de Nós. “Estávamos gravando o segundo o disco quando o produtor [Reinaldo Barriga] entrou no estúdio e nos viu tocando a música”, narra Corrêa. “E ele propôs o desafio de gravar a faixa em português para homenagear o Bowie.”

Para a criação da versão, os integrantes do grupo vasculharam ainda mais a obra de Bowie, pegando referências de outras canções para construir a letra em português. “Buscamos informações de astronautas, objetos de outras músicas – foi um trabalho artesanal”, conta Corrêa. “Foi uma grande homenagem que fizemos como fãs”. “O Astronauta de Mármore” integrou Cardume, segundo disco do Nenhum de Nós, lançado pela BMG em 1989.

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Mas mesmo depois de gravada, a faixa ainda ficou um tempo “na geladeira” até ganhar as rádios. “Ficamos um tempão esperando autorização do pessoal deles”, revela o vocalista, que chegou a ir a Londres, na Inglaterra, para conseguir liberar a versão. “Falei com uma pessoa lá – até levei um presente para ela. E ela disse que o próprio Bowie pessoalmente autorizou.”

Corrêa ainda lembra que menos de um ano depois, em 1990, Bowie veio ao Brasil em turnê, possivelmente impulsionada pelo sucesso de “O Astronauta de Mármore”. Segundo o vocalista do Nenhum de Nós, durante show em São Paulo – com ingressos lotados e cerca de 50 mil presentes no antigo Parque Antártica –, o britânico anunciou: “Vou tocar uma música que vocês conhecem em português”, antes de puxar “Starman”, em um ato que soou como uma “aprovação” para a banda gaúcha.

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“Toda nossa história foi marcada por ele”, assume Corrêa, com clara voz de decepção e luto. “Pela presença e pela referência dele.”

Abaixo, ouça “Starman”, a original de David Bowie e, em seguida, a versão em português “O Astronauta de Mármore”, com o Nenhum de Nós.