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Há 40 anos, John Lennon e Yoko Ono começavam o bed-in de Montreal

Veja galeria com imagens do "protesto pacífico a quatro paredes" do casal

Da redação Publicado em 14/06/2009, às 11h21

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John e Yono, no bed-in, em Montreal: casal protestava contra a guerra em quartos de hotel - Foto de Gerry Deiter, do livro Give Peace a Chance; <br>John and Yoko's Bed-in for Peace 1969,<br>www.peaceworksnow.com/<br>Cortesia da Stephen Bulger Gallery
John e Yono, no bed-in, em Montreal: casal protestava contra a guerra em quartos de hotel - Foto de Gerry Deiter, do livro Give Peace a Chance; <br>John and Yoko's Bed-in for Peace 1969,<br>www.peaceworksnow.com/<br>Cortesia da Stephen Bulger Gallery

Há exatos 40 anos, John Lennon e Yoko Ono, literalmente, fizeram a fama ao deitar na cama. Meses antes de os Beatles pedirem as contas, o músico e a artista plástica participaram de uma de suas mais famosas sessões de foto, nas suítes 1738 e 1742 do Queen Elizabeth Hotel, em Montreal, Canadá. Tratava-se do segundo "bed-in" na balada dos recém-casados John e Yoko - a modalidade pacífica de protesto que consistia, basicamente, em passar alguns dias no colchão sob um catatau de flashes. Com o ato, embalavam em ironia o recado vital em tempos de Guerra do Vietnã: "Para que perder o sono com a paz mundial?".

Nesta terça, 26, o jornal britânico The Guardian revelou, fotos inéditas da sessão, tiradas por Gerry Deiter e, até 15 de agosto, integrantes de exposições em Liverpool e no Canadá. Ao lado, você confere uma galeria com imagens.

Ao longo de uma semana, o casal recebeu o guru do LSD, Timothy Leary, a cantora britânica Petula Clark, o comediante Tommy Smothers, Dick Gregory (ativista pela causa negra), Jacques Larue-Langlois (defensor da separação de Quebec do Canadá) e membros do templo canadense Radha Krishna. Parte desse time se juntou em coro para gravar o hino "Give Peace a Chance", em 1° de junho. A faixa alcançou a 14ª posição nas paradas da Billboard.

Por lá também apareceu o cartunista Al Capp. Um camarada, diga-se, visto como liberal e com uma indicação ao prêmio Nobel de Literatura por John Steinbeck (autor de As Vinhas da Ira) - mas que, nos anos 1960, deu uma guinada à direita e provocou a ira de vários ativistas anti-guerra, como a cantora Joan Baez, então parceira de Bob Dylan. Na visita, Al Capp chega, despeja inúmeros insultos contra o casal e pede que Lennon dê explicações a respeito da letra de "The Ballad of John and Yoko", principalmente os versos sobre crucificação (em português: "Cristo, você sabe que não é fácil/ Você sabe o quão difícil pode ser/ Do jeito em que as coisas estão indo/ Eles vão me crucificar"). Veja o vídeo aqui.

Montreal não foi a primeira escolha de Lennon e Ono, então casados há dois meses. Mas o Beatle, que apoiava abertamente a maconha, era persona non grata nos Estados Unidos - onde moraria poucos anos depois, conforme mostra a exposição John Lennon: The New York Years. Eles optaram, então, por Bahamas, mas um dia de estadia bastou. Circulam duas versões para o abandono do endereço: eles penaram com o calor do arquipélago centro-americano, particularmente insuportável para quem tinha acabado de sair da Inglaterra; ao mesmo tempo teriam ficado revoltados com a diretoria do hotel, que inflacionou os preços para pegar carona nos hóspedes ilustres.

O primeiro bed-in de Lennon e Yoko começou no dia 25 de março, em Amsterdã, capital da Holanda. Mais precisamente, durante a lua-de-mel dos recém-casados. Mandando a privacidade para o espaço, eles esperavam trazer a paz de volta à Terra, como explica o escritor Philip Norman, autor da biografia John Lennon - A Vida.

"Os repórteres e fotógrafos de todos os países que adentraram correndo as portas da suíte 902 (a suíte presidencial do Amsterdan Hilton Hotel) certamente ficaram boquiabertos de surpresa. Em vez dos esperados Dois Virgens (referência à capa do primeiro álbum em dueto), em estilo nu de bacanal, encontraram os recém-casados encostados lado a lado na cama de casal, decorosamente vestidos de pijamas, cercados por flores e cartazes escritos a mão dizendo: 'bed peace', 'hair peace', 'I love Yoko', 'I Love John' (...). Com a barba espessa fazendo um estranho contraste com a imaculada indumentária de dormir, John explicou o espírito da coisa. Em vez de marchar e lutar ao lado dos militantes da contracultura em favor de um mundo melhor, ele decidira agir 'à maneira de Ghandi', mas usando uma capacidade de monopolizar a atenção que Mahatma jamais conhecera."

Na companhia da pequena Kyoko, filha de cinco anos de Ono, eles montaram seu próprio Big Brother, e sobre ele salpicaram discursos sobre paz mundial.

Assista a cenas dos bed-in de Montreal e Amsterdã:

Onze anos depois do bed-in de Montreal, Lennon foi assassinado à porta do edifício Dakota, em Nova York, por Mark Chapman. Recentemente, Yoko convidou o produtor musical Mark Ronson para se juntar à nova encarnação da Plastic Ono Band, fundada com Lennon em 1969.