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Há 48 anos, o mito Jimi Hendrix conquistava os Estados Unidos

Depois de fazer sucesso na Europa e se tornar ícone em Londres, o mestre da guitarra invadiu o país de origem para incendiar o Festival de Monterey

Carlos Sartori Publicado em 18/06/2015, às 16h03 - Atualizado às 16h29

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O músico Jimi Hendrix durante apresentação no Monterey Pop Festival, na Califórnia, em 18 de junho de 1967 - BRUCE FLEMING/AP
O músico Jimi Hendrix durante apresentação no Monterey Pop Festival, na Califórnia, em 18 de junho de 1967 - BRUCE FLEMING/AP

O dia 18 de junho de 1967 é uma data inesquecível para quem viveu o auge do rock and roll. A efeméride marca o último dia do Festival de Música Pop de Monterey, na Califórnia, considerado o início do “Verão do Amor dos Hippies”. Durante três dias, a pequena cidade, de apenas 26 mil habitantes, localizada a 160 km ao sul de São Francisco, recebeu 200 mil pessoas para o 1º grande festival de rock da história. O Monterey County Fairgrounds foi o local escolhido para os 32 shows de artistas que estavam ali para celebrar um final de semana com música, paz, amor e loucuras. O embrião do que seria, dois anos depois, o Festival de Woodstock.

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Todos os artistas se apresentaram sem receber cachê e a renda foi revertida para instituições de caridade. O domingo de 18 de junho marca também a primeira apresentação de Jimi Hendrix, aos 24 anos, com a sua banda nos Estados Unidos. The Jimi Hendrix Experience vinha de uma temporada de sucesso na Europa, depois de fazer história nos clubes ingleses. O trio só participou do festival porque o Beatle Paul McCartney insistiu com os organizadores para que Hendrix fosse convidado. Nos EUA, poucos sabiam do estrondoso sucesso do trio na Europa. James Marshall virou Jimi Hendrix na Inglaterra. O guitarrista foi salvo pelo baixista da banda The Animals, Chas Chandler. Ele viu uma apresentação de Hendrix, em Nova Iorque, e o convenceu a ir para Londres. Para Chandler, a capital inglesa compreenderia o estilo e talento do guitarrista no palco.

Um ano antes do Festival de Monterey, Hendrix resumiu em tom de desabafo que não aguentava mais correr atrás do sucesso: “Sempre tive a sensação de que, se estivesse certo, um dia eu teria uma chance. Levei muito tempo perambulando e tocando em troca de uma ninharia, mas acho que valeu a pena. Caramba! Acho que eu não aguentaria mais um ano tocando em função dos outros. Ainda bem que Chas me salvou”. Na exposição de Hear My Train a Comin’: Hendrix Hits London, em cartaz em São Paulo, uma frase de Mick Jagger retrata essa passagem do guitarrista por Londres: “Eu não sabia de nada. Não sabia de onde ele vinha. Nós o adotamos na Inglaterra, porque ele era ótimo. Ele não era famoso na América e tinha vindo pra cá. Gravou seu primeiro disco na Inglaterra. Ele era nosso“.

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O líder do Jimi Hendrix Experience virou estrela na cena londrina. Em apenas nove meses, fez mais de 120 shows. Criou visual próprio e começou a virar lenda em parceria com o baixista Noel Redding e o baterista Mitch Mitchell. Em 16 de dezembro de 1966, o single “Hey Joe” foi lançado e chegou à quarta posição da parada britânica em fevereiro do ano seguinte. Já “Purple Haze”, lançada em março de 1967, estourou em seis dias e alcançou a terceira posição. No mês seguinte, seis dias após ser lançada, “The Wind Cries Mary” chegou às paradas britânicas. Ficou entre as mais tocadas por onze semanas e alcançou a sexta posição. O power trio começava a influenciar o rock. Também em maio de 1967, o álbum Are You Experienced? foi lançado no Reino Unido e permaneceu nas paradas britânicas por 33 semanas, chegando ao segundo lugar, atrás de Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. Na segunda quinzena de maio, a Jimi Hendrix Experience tocou na Alemanha, na Dinamarca e na Suécia, quebrando recordes de público.

A lendária apresentação de Jimi Hendrix no Festival de Monterey reverbera até hoje. O cara que escutava de tudo e era influenciado por todos ao mesmo tempo “de Bach aos Beatles” foi o sétimo artista a subir ao palco no festival. O domingo, que começou suave e longo com a cítara hipnotizante do indiano Ravi Shankar, foi fragmentado pelo estrondoso som da guitarra de Jimi Hendrix. O músico exorcizou os seus demônios em sua terra natal. A cena dele ajoelhado possuído em frente à guitarra e ao público impressiona. Antes de acender o fósforo para incendiar o instrumento, Hendrix beijou a guitarra e começou um ritual. Arremessou o palito com fogo e regeu a chama que surgiu queimando o corpo de madeira do instrumento. Ele, então, se levanta,

pega a guitarra e a destrói com várias pancadas no chão. Nada mais rock and roll para delírio do público.

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Ao som de uma microfonia ensurdecedora e com o baterista e o baixista em ritmo alucinante, Hendrix mostrou o poder que tinha sobre o instrumento e o palco. A partir daquele momento, jamais a guitarra seria a mesma. Nascia um revolucionário. No dia 18 de junho de 1967, até o álbum Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, lançado 17 dias antes, parecia pequeno para a cena vista por milhares de sortudos no festival próximo de São Francisco. A experiência da turma de Jimi Hendrix foi avassaladora, muito mais do que um conceito. Era o início do reconhecimento do maior guitarrista de todos os tempos. Tudo isso há quase meio século.

Hear my Train a Comin´: Hendrix Hits London

Local: Shopping JK Iguatemi - Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041 - Itaim Bibi

Horário: das 10h às 22h (dias de semana) / das 11h às 20h (fins de semana)