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Astro – Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico une cinema e arte contemporânea

Filme faz parte de projeto de narrativa transmídia e tem como uma de suas intenções ampliar o alcance da arte

Stella Rodrigues Publicado em 02/11/2012, às 11h51 - Atualizado às 12h15

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Astro - Divulgação
Astro - Divulgação

As palavras fábula e mágica no título do filme já são bem sintomáticas da história que contou a diretora de curtas e filmes publicitários Paula Trabulsi nesta sua estreia em longas. Astro – Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico não é um filme tradicional. Mas a gente só percebe isso depois de assistir. A proposta dele é ser parte de um projeto mais amplo, que envolve artes visuais, cultura de rua, gastronomia e intervenções urbanas, além de “sessões happening”, que envolveram a exibição do filme somada a essas intervenções, menu e decoração especiais em estabelecimentos parceiros no Rio e em São Paulo. A coisa toda pode soar levemente hippie ou até um pouco pretensiosa, mas essa impressão desaparece quando se assiste ao filme.

Trata-se de uma história bem simples, muito reminiscente de tantas outras que já vimos antes, mas doce e sensível. Aliás, a trama parece ser uma desculpa para o resto do conjunto, de tão mundana. Uma garota, Astro, interpretada pela ótima atriz sueca Alexandra Dahlström, desembarca com toda a sua pompa e timidez europeias no Rio de Janeiro e dá logo de cara com a falante Alice (Veronica Debom), que mostra a ela a tal magia da cidade. Enquanto um advogado escorregadio a la Coelho da Alice (Cláudio Cavalcanti) ajuda na liberação de uma herança, uma garota passa um pouco de sua personalidade para a outra, em uma jornada de descobrimento até bem previsível.

Mas o roteiro pouco importa no filme, que, como já explicitado, não é apenas um longa, integra um projeto de narrativa transmídia. Paula fez o longa porque queria saber se conseguiria fazer as pessoas se interessarem por arte, conforme conta à Rolling Stone Brasil. “Eu não conseguia fazer mais do que duas pessoas da minha família irem comigo a uma exposição”, afirma. Ela mesma garante que o roteiro acabou se tornando secundário: “A história é para ser simples”, garante, explicando que o foco está no estranhamento que a protagonista sente, que é com o que a arte interage. Então, seguindo a lógica de misturar os vegetais às comidas mais palatáveis para as crianças, ela misturou arte contemporânea e cinema, uma arte muito mais difundida e que sofre bem menos preconceito, para provocar um interesse maior nas obras dos artistas convidados para participar do projeto. Entre eles estavam Shima, que apresenta um trabalho que faz com aquelas fitas plásticas de isolamento usadas pela polícia, e o alemão Clemens Behr, que cria uma metáfora para a burocracia, enquanto se desenrolam as cenas no escritório do advogado. Completando o time, Regina Duarte faz uma ponta e Odilon Wagner também participa.

Apesar dos conceitos artísticos interessantes, o filme chama atenção mesmo pela fotografia, muitíssimo bem trabalhada, e com a percepção do uso dos projetos dos artistas em cena. Vale reparar que até o product placement da produção foi bem casado com a temática e que, dentro dessa proposta amplamente colaborativa, nos créditos iniciais a diretora assina o filme ao lado do nome de todos que participaram da produção.

Astro – Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico entra em circuito apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro nesta sexta, 2. Assista ao trailer abaixo.