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Lollapalooza 2014: "Você é jovem, cara, use suas pernas!", aconselha Perry Farrell a quem reclama da distância entre os palcos no festival

Criador e organizador do evento diz que quer aumentar ainda mais a edição brasileira, que cresceu em 20 mil pessoas por dia em relação ao ano passado

Bruna Veloso Publicado em 06/04/2014, às 13h33 - Atualizado às 13h47

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Perry Farrell - Marcelo Rossi - T4F Divulgação
Perry Farrell - Marcelo Rossi - T4F Divulgação

Perry Farrell, o criador e organizador do Lollapalooza, parece ser sempre um homem bem intencionado. Alheio aos problemas inerentes a grandes eventos, o empresário (e vocalista do Jane’s Addiction) procura, a cada entrevista, exaltar a importância de um festival como esse, algo que ele idealizou no início dos anos 1990, nos Estados Unidos.

Lembrando que, neste ano, o público do primeiro dia da edição paulistana do festival, no Autódromo de Interlagos, havia sido de 80 mil pessoas, ele afirma que quer “mais 100 mil”. “Esse é um lugar único. Ele tem diferentes níveis, então, dependendo da posição, você consegue ver três ou quatro palcos e como as pessoas estão reagindo a eles”, diz Farrell sobre a nova casa do Lollapalooza, nos bastidores do evento, neste sábado, 5. “Me dê alguns anos, e esse lugar vai ficar tão bonito à noite... Vamos ver video-mapping em 3D, belas imagens. Você e quem você ama estarão aí fora bebendo ou fumando, de mãos dadas, se beijando, ouvindo música. Aqui, já estamos maiores do que poderíamos estar no Jockey Club. E ainda há espaço para crescer.”

As duas primeiras edições do Lollapalooza Brasil foram realizadas no citado Jockey, um local mais próximo a pontos estratégicos da cidade – e menor. O Lollapalooza cresceu em espaço e, com isso, cresceram as distâncias entre um palco e outro. Entre o palco Ônix e o palco Interlagos, por exemplo, são cerca de 2,5 km.

Farrell tem uma mensagem para quem preferia as distâncias mais curtas do Jockey (que muitas vezes acarretavam no vazamento do som de um palco para outro, problema eliminado no Autódromo). “Eu digo [para quem reclama]: você é jovem, cara, use suas pernas!”, ele afirma, em tom de conselho. “Eu não ligo de andar. Olhe, algumas das coisas na vida que você pode fazer para ficar mais feliz: não vá para a cama assistindo a filmes de terror, saia à luz do dia para andar, tire um tempo para abraçar e beijar alguém. Andar é bom para você. Não desista de andar!”

Embora o espaço esteja maior, a localização de Interlagos é um ponto desfavorável. A organização do festival incentivou de diversas maneiras o uso do transporte público para chegar até o local. Quem desse carona a outras pessoas, ganhava vouchers de alimentação (no estacionamento oficial, havia apenas quatro mil vagas, todas esgotadas com antecedência). De fato, o trem era a melhor maneira de chegar – uma caminhada de 15 minutos leva até o primeiro portão de entrada. Em compensação, de carro, o trânsito no entorno do Autódromo era no mínimo infernal, principalmente no fim do evento – à 1h da madrugada deste domingo (o show do Muse, no palco principal, acabou às 23h), as vias ainda estavam congestionadas.

Farrell pergunta à reportagem como foi chegar até lá de trem. Quando ouve que, usando o transporte público, foi relativamente fácil se locomover, afirma que ele próprio queria ter usado os trens. “Eu disse para todo mundo que iria colocar um bigode e uma barba falsos e pegar o trem. Mas me disseram para não fazer isso”, diz o músico, sério.

Futuro do festival

Agora, os planos, além de tornar o Lollapalooza Brasil ainda maior, são de levar a marca do festival a outros países. Hoje, o evento já tem, fora as edições norte-americana e brasileira, casa no Chile e na Argentina. Há também uma versão israelense anunciada, mas adiada por tempo indeterminado. “Meu sonho é ter o Lollapalooza nos melhores lugares. Quando diferentes lugares do mundo estiverem prontos, eu levarei o Lollapalooza até eles”, declara Farrell, que segue com um discurso utópico, mas que realmente parece fazer parte da crença do artista. “É música, paz, união, celebração. As melhores coisas da vida. Mas algumas partes do mundo ainda nem estão prontas para isso. Eu amo todo mundo, não estou brincando. Sou judeu, e amo os muçulmanos. Quero que eles festejem comigo – quando eles estiverem prontos. São Paulo está pronta para festejar comigo.”

Casado com a dançarina Etty, com quem tem um projeto musical, e pai de dois filhos, Farrell vê a prole dando continuidade à marca Lollapalooza. “Eles se comprometeram comigo. Mesmo que ainda sejam muito jovens, 9 e 11 anos, eles querem continuar a fazer o Lollapalooza e a fazer música”, diz. “Espero que eles sejam tão bons músicos quanto o pai e a mãe deles.“

Enquanto o bastão continua nas mãos de Perry Farrell, qual é a missão do Lollapalooza? Ele resume: “Hoje, há tanta informação... É tipo: 'Meu Deus, me dá um tempo, deixa eu relaxar a minha mente. Me deixe não pensar, apenas reagir à música com o instinto'. É isso que eu amo. E quero isso para todo mundo. Então, vamos ver o quão longe conseguimos ir antes do meu tempo acabar.”