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Elenco e criador de Mad Men falam sobre a última temporada da série

Jonathan Ringen Publicado em 13/04/2014, às 14h15 - Atualizado às 14h24

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Mad Men - Divulgação
Mad Men - Divulgação

Atenção: o texto abaixo pode trazer spoilers para quem não está em dia com Mad Men

Da última vez que vimos Don Draper era o fim de 1968 e as coisas estavam degringolando rapidamente. A habilidade Clintoniana do executivo da publicidade de sair ileso do caos alcoólico, comportamento profissional errático e as pressões de viver uma vida dupla tinham finalmente causado um colapso. A filha dele, Sally, o pegou tendo um caso no episódio final, ele revelou durante uma reunião com um cliente que foi criado em um bordel e foi suspenso por tempo indeterminado pela Sterling Cooper & Partners. “Ele está basicamente desempregado, o casamento não está bem, a relação com a filha está em frangalhos”, diz Jon Hamm, que interpretou Draper ao longo de seis ótimas temporadas. “Ele percebeu que é a hora de dar um jeito da vida. Esse é um bom gancho para começarmos a sétima temporada.”

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A primeira metade da temporada final de Mad Men começa neste domingo, 13 de abril, nos Estados Unidos (na segunda, 14, no Brasil), retomando não muito tempo depois do surto de Draper. Quando a série terminar, ano que vem, terá coberto toda a década de 60 – desde os anos otimistas de Kennedy até a contracultura estourar com a eleição de Nixon. Mas não é só porque a vida de Draper está um tumulto que ele está sendo superado pelo tempo. “A história da série não é Don perdendo as habilidades”, diz Matthew Weiner, criador de Mad Men.“Eu acho que a sociedade alcançou Don. O que eu estava tentando mostrar a respeito de 1968 era essa coisa carnal, a violência, a insegurança, a ansiedade... essas são as especialidades de Don.”

Como os demônios internos de Jon Hamm o transformaram em Don Draper, o anti-herói mais quente da televisão.

Os sete primeiros capítulos de Mad Men vão ao ar agora, em 2014, e os sete episódios finais serão exibidos apenas em 2015. Weiner e seu time estão gravando os 14 episódios ao mesmo tempo, apesar de o elenco ter tido breves férias depois de rodar o sétimo. “Não foi o suficiente para deixar meus cabelos crescerem”, diz Vincent Kartheiser, que interpreta o sócio da Sterling Cooper Pete Campbell, um dos muitos personagens que foram transferidos para Los Angeles. "Se eu não recupero meu cabelo, sinto que é a mesma temporada.” Dividir a última leva de episódios de uma série é uma estratégia que o canal de Mad Men, a AMC, explorou primeiro com Breaking Bad - e deu muito certo. “Eu, é claro, prestei muita atenção em Breaking Bad como um todo”, diz Weiner. “Mas o motivo principal para a gente dividir é que deu muito certo para a emissora.”

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Ainda assim, essa mudança trouxe oportunidades interessantes. “Eu percebi que esse intervalo de dez meses ia significar que o episódio sete teria que ter um aspecto de fim e o oitavo precisava de uma cara de estreia”, diz Weiner, acrescentando que ele mesmo dirigiu o sétimo capítulo. “E para ser sincero, parte de mim pensa, como telespectador, sabe, por que não deixar a série durar um pouco mais?”

Mas o que os fãs devem esperar da sétima temporada? Primeiramente, o foco do programa retornará aos personagens que conhecemos na primeira temporada. “Traz nossos personagens principais de volta ao centro. De alguma forma, 14 horas não parecia muita coisa quando começamos a falar sobre todas as pontas que tínhamos que amarrar.”

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Nem mesmo Hamm sabe como Mad Men vai terminar – assim como o resto do elenco, ele só sabe o que vai acontecer quando recebe o roteiro. “Agora já estou achando bem normal não saber o que vai acontecer até, tipo, um dia antes”, diz Elisabeth Moss, que interpreta a protégée – e, cada vez mais, rival - de Draper, Peggy Olson. “Eles não vão falar sobre isso e te dar esperanças, ou então te direcionar para o caminho errado.”

Para Weiner, uma grande diferença desta temporada foi a entrada do roteirista Robert Towne, que fez Chinatown e Shampoo, além de blockbusters modernos como Missão: Impossível. “Ele é um dos maiores roteiristas vivos, senão o maior, e ele tem muito o que contribuir com a história”, diz Weiner. “E todo mundo na sala de roteiristas acaba se esforçando mais porque quer impressioná-lo.”

Weiner diz que os episódios finais serão para que os personagens principais possam lidar com as consequências das decisões que tomaram – mas há também uma ideia mais abstrata. “O mundo de ambição, sucesso, dinheiro”, ele diz, “versus o mundo imaterial, as coisas que não podemos ver.” E a série tratou das lições aprendidas nos anos sessenta tanto quanto falou de publicidade. “Atiraram em Martin Luther King e Bobby Kennedy com meses de diferença entre uma ocorrência e outra”, diz Weiner. “Lia-se muito no jornal a respeito de controle de armas e esse tipo de coisa poderia ter sido noticiada também no jornal de ontem. Nada aconteceu. Parte da premissa da série é que esse tipo de caos social e mentalidade subversiva faz parte da cultura norte-americana.” Conforme o elenco se prepara para entrar na reta final, o prospecto de Mad Men chegar ao fim não é algo com que os atores já estejam acostumados. “Sinto que assim que terminarmos os sete capítulos finais, será uma merda emocionalmente”, diz Hamm. “Crescemos muito uns com os outros.”

Para Hamm, pelo menos, talvez haja um outro tipo de emoção associada com fim. Poucas pessoas podem dizer que entendem o que é viver um personagem como Draper por tanto tempo. Uma pessoa que poderia era James Gandolfini – e os dois atores se conheceram bem nos anos que antecederam a morte do astro de Família Soprano, em 2013. “Ele sempre entendeu muito bem as dificuldades de interpretar alguém assim”, conta Hamm. “Eu sei que ele sentia uma dificuldade tremenda para encarnar Tony Soprano – e que isso pesou muito nele psicologicamente.”

Mas diferente do que aconteceu com Tony Soprano, há alguma esperança para Don. “Foi uma grande jornada para que ele conseguisse chegar naquele momento de honestidade com a filha, para falar toda a verdade para aquele cliente na reunião”, diz Weiner. Apesar de Weiner deixar claro que “a história parte de Don”, a perspectiva de outro personagem se tornou surpreendentemente importante para ele. “Eu meio que vejo a série como a história de Sally Draper, de uma maneira estranha”, ele diz. “Vemos muita coisa do ponto de vista dela. De forma mais abstrata, é aí que eu moro. Porque eu não tinha nem nascido até 1965.” Então, se essa é a história de Sally Draper, quais as chances de a série terminar, por exemplo, com ela indo para o Woodstock? Pela primeira vez, Weiner dá uma resposta totalmente esclarecedora. “Quero deixar registrado que não, ela não vai para o Woodstock”, ele ri. “Mas quando ela crescer, vai dizer para todo mundo que esteve lá.”