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Mark Lanegan prepara o lançamento de dois discos e faz show em São Paulo neste sábado, 8 de setembro

“Nos dias quando me sinto infeliz ou insatisfeito, eu penso em todos esses amigos que se foram e que desejaram ter tido mais um dia e não conseguiram”, conta Lanegan sobre superar perdas como a de Anthony Bourdain

Marcos Diego Nogueira Publicado em 07/09/2018, às 08h02 - Atualizado às 11h21

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Mark Lanegan - Reprodução/Facebook
Mark Lanegan - Reprodução/Facebook

No atual universo das apresentações ao vivo, o uso do celular é tão constante quanto polêmico. E entre Jack White, que proibiu o aparelho em seus shows, e o U2, que incluiu um aplicativo como parte do espetáculo, Mark Lanegan opta pela neutralidade. “Não me preocupo com o que está fora do meu alcance”, diz por telefone de Los Angeles.

Em 2015, durante passagem pelo Brasil, Mark Lanegan mantém carreira prolífica e admite: “Falar sobre mim não é algo que me anima”

Portanto, vale preparar bem a bateria dos telefones para 8 de setembro, quando Lanegan faz apresentação única no Cine Joia, em São Paulo. Apesar do formato mais acústico, o setlist conta também com a veia mais rock do músico. “Toco diversas músicas que estão nos meus discos mais roqueiros, apenas as faço de uma forma diferente, sem muito ruído”, explica.

O ex-vocalista do Screaming Trees, Mad Season, Queens of the Stone Age e de outras tantas bandas – segundo as contas do próprio, ele já lançou por volta de 50 álbuns – aproveita a offseason da NBA para descansar o fanatismo pelos Clippers e colocar os projetos em dia. Ainda em agosto lança With Animals, seu segundo disco ao lado do músico Duke Garwood, e mantém a produção do sucessor de Gargoyle, álbum da Mark Lanegan Band lançado em 2017. “O disco que fiz recentemente com o Duke foi composto, em sua maioria, no sintetizador, então muito dele tem a sonoridade do primeiro single, ‘Save Me’. Mas também há algumas com guitarras e órgãos”, detalha. “Já o meu próximo álbum será apenas a continuação do que venho fazendo em relação aos meus últimos discos, ou seja, é rock com elementos eletrônicos. Uso baterias, drum machines, sintetizadores, guitarras, baixos.”

Lanegan ouve música o tempo todo e deixa claras as influências em seu trabalho. “O primeiro disco que eu escutei e me fez entender que eu queria tocar foi o primeiro do The Gun Club”, conta. “Eu era fã do Wipers e foi o disco acústico do [vocalista] Greg Sage que me encorajou a fazer um acústico. Na verdade, todos os tipos de música me inspiram e eu ouço com frequência. Amo Joy Division e New Order. E a lista vai que vai, com 13th Floor Elevators, Dead Can Dance. Das bandas novas, curto muito o Cold Cave”, diz. O som para, porém, na hora do trabalho. “Gosto de compor quando é logo a primeira atividade da manhã. Quando eu levanto, pego uma xícara de café e começo a trabalhar. Isso dura algumas horas, depois eu tiro um tempo de folga e volto a trabalhar à noite.”

Aos 53 anos de idade, o músico nascido em Ellensburg, a 180 km de Seattle, parece lidar melhor, atualmente, com seu lugar no mundo e com as perdas que fizeram parte da sua trajetória. “É natural ficar de luto. E tudo bem, pois a vida é pautada por perdas, realmente. Isso se torna mais pronunciado conforme você envelhece. Eu comecei a perder bons amigos quando eu era jovem, perdi amigos ao longo de toda a minha vida, e é claro que você tem que ficar de luto, mas também tem que tocar a sua vida, ser feliz e perceber que essa é a única forma de seguir”, se abre. “Nos dias quando me sinto infeliz ou insatisfeito, eu penso em todos esses amigos que se foram e que desejaram ter tido mais um dia e não conseguiram. Isso me levanta desse humor rapidamente.”

Lanegan ainda se recupera da perda mais recente, a do chef Anthony Bourdain. Em 2017, o episódio do programa Parts Unknown em que eles exploraram Seattle juntos terminou com uma versão de “Strange Religion”, do álbum Bubblegum, enquanto Bourdain declarava que “ao lado de fazer seu próprio omelete e limpar a própria bunda, enrolar um baseado é uma habilidade essencial para qualquer membro de respeito da nossa sociedade”. Ao relembrar, Lanegan cai na risada. “Eu parei de fumar maconha já faz muito tempo, mas houve uma época em que eu era bem profissional nessa prática [risos]. Eu provavelmente ainda posso praticar enrolando um para outra pessoa, mas eu não fumo mais.”

A terapia social de Lanegan inclui o fato de encontrar os fãs logo após suas apresentações. “Sou bastante introvertido e isso me coloca em uma situação em que eu interajo com as pessoas e, ao mesmo tempo, isso as faz felizes”, conta. Dá, então, para terminar a noite com um autógrafo de recordação ou com uma foto com ele. Clicada, claro com o telefone celular. E, de risada em risada, o músico volta ao assunto para relembrar um episódio recente. Minha esposa e eu tínhamos ingresso para ver uma banda e descobrimos que lá eles colocavam uma trava nos celulares e que você tinha que tirá-la depois do show. Eu só disse ‘que se foda isso então, eu quero ver o show com meus olhos, não através de um telefone’”, ri, tomando cuidado para não revelar o nome do artista em questão. “Mas não sou da polícia do telefone!”

Mark Lanegan em São Paulo

Sábado, 8 de setembro, às 21h

Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade – São Paulo

Ingressos: A partir de R$ 80, pelo site da Ingresse