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Monsters of Rock 2015: Manowar faz ode à guerra e à morte para séquito de fãs

Os autoproclamados “Reis do Metal” foram a antepenúltima atração do festival em São Paulo

Lucas Borges Publicado em 26/04/2015, às 21h42 - Atualizado às 23h52

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Manowar no Monsters of Rock 2015 - Gustavo Vara
Manowar no Monsters of Rock 2015 - Gustavo Vara

Um público comum teria saído deprimido do Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, após o antepenúltimo show deste domingo, 26, no Monsters of Rock. Mas eram os fãs do Manowar, os “manowarriors”, que estava na plateia para ouvir a banda norte-americana.

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O orgulhoso grupo, que se proclama Rei do Metal, entra em cena como guerreiros do gênero musical (vestido de guerreiros, inclusive) e, ainda que muitos duvidem da seriedade da temática, assume o personagem com ardor, do começo ao fim da apresentação.

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Com 13 discos lançados e mais de 20 anos de história, o Manowar é praticamente uma seita, e para lá de sangrenta. “Morte”, por exemplo, foi disparado a palavra mais cantada pelo vocalista Eric Adams, acompanhado por imagens de explosões, guerras e homens musculosos segurando cabeças decapitadas mostradas no grande telão montado para o festival.

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Os devotos seguiam como preces e a plenos pulmões, com os braços cerrados no gesto característico dos warriors, versos de "Kill With Power" (Hail to England, 1984), "The Dawn of Battle" (do EP homônimo), "Warriors of the World United" (Warriors of the World, 2002), "Kings of Metal" (Kings of Metal, 1988) e "Hail and Kill" (Kings of Metal, 1988).

Primeiro “monstro” do festival, Judas Priest fez show seguro e grandioso.

Menos empolgante foi o duvidoso solo do baixista Joey DeMaio, recebido por aplausos tímidos. O som, aliás, deixou a desejar: as cordas frequentemente falhavam ou eram abafadas pelo potente vocal. DeMaio se redimiu com um bélico discurso em bom português (“Alguma outra banda subiu aqui e falou com vocês em português do Brasil?”) que logo fez todos esquecerem a performance anterior: “Para quem não gosta de heavy metal, do Brasil e do Manowar, nós dizemos o quê? Vai se foder!”. Enquanto proferia as palavras, ele derramava cerveja no próprio rosto.

Um fã fantasiado como viking levou a conversa a sério se debatendo violentamente contra placas de metal que isolavam os banheiros químicos montados para os espectadores.

Os raros momentos de placidez do espetáculo foram homenagens a Lemmy, vocalista do Motörhead, que não pôde se apresentar no Monsters no último sábado, 25, por motivos de saúde, a Ronnie James Dio, ex-vocalista do Black Sabbath, falecido em 2010, e ao primordial cineasta Orson Welles, de Cidadão Kane, morto em 1985. Welles tem duas surpreendentes participações especiais narrando áudios em músicas do Manowar.

Mas logo a morte voltou a ser o assunto principal com “Battle Hymns” (do disco homônimo, de 1982), uma das mais celebradas da noite. Enquanto o público vibrava, as palavras “kill” (matar) e “victory” (vitória) apareciam no telão.

Para encerrar a celebração fúnebre, DeMaio estourou as cordas do baixo e as distribuiu para fãs (mulheres) enquanto as convidava para transar por meio de gestos.