Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Os 20 anos da morte de Kurt Cobain

Veja as 31 fotos da cena do suicídio do líder do Nirvana, que foram divulgadas recentemente pelo Departamento de Polícia de Seattle

Redação Publicado em 05/04/2014, às 08h01 - Atualizado às 13h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Grohl sobre Cobain: o pior foi acordar no dia seguinte e saber que amigo "não teria outro dia" - Kirk Weddle/Corbis/Latinstock
Grohl sobre Cobain: o pior foi acordar no dia seguinte e saber que amigo "não teria outro dia" - Kirk Weddle/Corbis/Latinstock

“Às vezes sou um niilista cretino, às vezes sou tão sarcástico, e outras vezes sou muito vulnerável e sincero. E basicamente é assim que minhas canções surgem. É um misto disso tudo”, disse Kurt Cobain em uma série de entrevistas íntimas que deu ao jornalista Michael Azerrad – as conversas foram registradas no livro Come As You Are - A História do Nirvana, de 1993, e no documentário Retrato de Uma Ausência, de 2006. Há 20 anos, em 5 de abril de 1994, “o último grande ícone do rock de que se tem notícia”, que é como a Rolling Stone EUA definiu o vocalista do Nirvana, dava fim à própria vida com uma espingarda calibre 20.

“Ele era a própria contradição”, diz Charles R. Cross sobre Kurt Cobain.

A história conta que no dia 8 de abril de 1994, pouco antes das 9h da manhã, o corpo de Kurt foi encontrado na casa dele, em Seattle, nos Estados Unidos, por um eletricista. Na corrente sanguínea do músico de 27 anos, heroína e Valium. Havia seis dias que ninguém o via. Ele havia fugido da reabilitação onde estava com a esposa, Courtney Love, em Los Angeles, e voltado para Seattle. É possível que Kurt tenha passado seus últimos dias vagando pela cidade, tendo sido visto por alguns vizinhos com má aparência e uma jaqueta que não condizia com o clima da época.

Nas 31 fotos da cena da morte de Kurt divulgadas recentemente pelo Departamento de Polícia de Seattle - o caso foi reaberto há pouco tempo e, logo em seguida, fechado novamente –, é possível ver a estufa em cima da garagem em que Kurt se trancou, sendo que a porta é barrada por um banquinho (aviso: as imagens estão na galeria acima, mas podem ser fortes). A caixa com seu kit de heroína – seringas, isqueiro, uma colher – também aparece em detalhe, assim como o boné de caça (usado por Kurt quando ele não queria ser reconhecido), a carteira (aberta e mostrando a carta de habilitação do estado de Washington), um maço de cigarros e os óculos dele.

Os Últimos Dias de Kurt Cobain.

A arma que Kurt usou para cometer o suicídio estava em seu peito, era uma espingarda Remington calibre 20 que ele havia comprado junto ao amigo Danny Carlson em uma loja de armas da redondeza por US$ 300 dólares (com a munição), isso dias antes de ir à Los Angeles para cumprir a reabilitação. Em entrevista à Rolling Stone EUA, Carlson disse: “Ele estava indo a Los Angeles. Pareceu meio estranho querer comprar uma arma antes de viajar. Então eu me ofereci para ficar com a espingarda até a volta dele”. Mas Kurt ficou com a arma.

As fotos recentes também revelam o bilhete escrito pelo vocalista do Nirvana, assim como a caneta vermelha que ele usou para redigi-lo. A carta começa com um “Para Boddah”, amigo imaginário criado por Kurt durante a infância, e tem uma referência à música “Hey Hey, My My (Into the Black)”, de Neil Young, com o verso “It's better to burn out than to fade away" (“é melhor queimar de uma vez do que se apagar aos poucos”) reproduzido ao final do texto.

In Utero, último disco do Nirvana, nasceu no Brasil.

Além disso, a carta diz: “Há muitos anos eu não venho sentindo empolgação ao ouvir ou fazer música, bem como ler e escrever. Minha culpa por isso é indescritível em palavras. Por exemplo, quando estou atrás do palco, as luzes se apagam e o ruído ensandecido da multidão começa, nada me afetava do jeito que afetava Freddie Mercury, que costumava amar, se deliciar com o amor e adoração da multidão – o que é uma coisa que totalmente admiro e invejo”, e o trecho ainda faz uma relação disso ao fim das apresentações ao vivo do Nirvana.

Em 1º de março, pouco mais de um mês antes da morte de Kurt, os últimos acordes de “Heart-Shaped Box” eram tocados pela última vez pelo Nirvana – era a última apresentação ao vivo da banda – no Terminal 1, em Munique. Antes do show, Kurt havia brigado por telefone com a esposa Courtney Love. A performance ainda teve a energia cortada durante “Comes As You Are”, a marcante frase do baixista Krist Novoselic (“O grunge está morto”) e um Kurt Cobain rouco e introspectivo, com uma laringite - e que, três dias depois, tentaria se suicidar em Roma, sofrendo uma overdose de álcool e drogas.

20 anos atrás, um Kurt Cobain rouco e introspectivo comandava o último show do Nirvana.

Também à Rolling Stone EUA, Dave Grohl revelou que em sua última conversa com Kurt, ele disse: “Eu liguei para Kurt depois do acontecido em Roma. Eu disse: ‘Ei, cara, isso realmente assustou todo mundo. E não quero que você morra’”.

Apesar de muito se falar no sentido de que Kurt havia se matado por causa da fama repentina, inesperada e astronômica que o disco Nevermind deu ao Nirvana, o jornalista Charles R. Cross (que escreveu a biografia Mais Pesado Que o Céu e este mês lança o livro Kurt Cobain, a Construção do Mito), em entrevista recente à Rolling Stone Brasil, mostrou descrença que esse tenha sido o maior agravante para o trágico fim da história do cantor, dizendo: “Você acha que se o Nevermind não tivesse tido tanto sucesso o Kurt ainda estaria vivo?’ Mas é preciso lembrar que ele já havia tentado se matar antes de ser famoso. Nevermind era um disco do qual ele se orgulhava, mas, ao mesmo tempo, o sucesso e os questionamentos que o álbum trouxe causaram problemas a ele, do mesmo jeito que causariam a qualquer um”.

Kurt Cobain teria 47 anos se estivesse vivo.