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Oscar 2018: A Forma da Água confirma favoritismo, leva Melhor Filme e é o mais premiado da noite

Dunkirk coleciona prêmios técnicos, produção chilena vence Melhor Filme Estrangeiro e Jimmy Kimmel aborda denúncias de assédio sexual na 90ª edição da premiação

Redação Publicado em 05/03/2018, às 02h00 - Atualizado às 19h06

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Guillermo Del Toro e elenco do filme <i>A Forma da Água</b> recebendo o prêmio de Melhor Filme no Oscar 2018 - Chris Pizzello/Invision/AP
Guillermo Del Toro e elenco do filme <i>A Forma da Água</b> recebendo o prêmio de Melhor Filme no Oscar 2018 - Chris Pizzello/Invision/AP

A Forma da Água foi o grande filme da edição 2018 do Oscar, a mais respeitada premiação de cinema do mundo, que aconteceu no último domingo, 4, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O longa, que narra a paixão de uma zeladora muda por um “homem anfíbio” mantido em cativeiro no laboratório em que ela trabalha, faturou prêmios periféricos, como Melhor Design de Produção e Melhor Trilha Sonora Original, mas também levou em duas das mais importantes categorias da noite: Melhor Diretor e, a mais importante, Melhor Filme.

Guillermo del Toro ganhou pela primeira vez como Melhor Diretor, na quarta indicação dele à categoria, e discursou emocionado no palco. “Quero dedicar isso a todos os jovens cineastas, à juventude que está mostrando como as coisas são feitas”, ele comentou, ao receber o prêmio decisivo das mãos dos atores Faye Dunaway e Warren Beatty, protagonistas da gafe de 2017 que acabou com o Moonlight: Sob a Luz do Luar ganhando Melhor Filme depois de La La Land ter sido erroneamente anunciado como vencedor. “Eu era uma criança assistindo a filmes no México e achei que isso nunca poderia acontecer comigo e aconteceu. Todas as pessoas que estão fazendo ‘fantasia’ no mundo atual: chutem a porta e entrem.”

Exceção a A Forma da Água, vencedor de quatro prêmios, a cerimônia apresentada novamente – assim como em 2017 – por Jimmy Kimmel tradicionalmente no Dolby Theater não teve outro filme colecionando tantas estatuetas. Dunkirk levou três, mas nas categorias técnicas, enquanto O Destino de uma Nação e o “azarão” Blade Runner 2049 ganharam outras duas, assim como a animação Viva: A Vida é uma Festa. Dos indicados a Melhor Filme, apenas Lady Bird: A Hora de Voar foi completamente esnobado, saindo sem nada da noite.

Frances McDormand confirmou a tendência e ganhou como Melhor Atriz pelo trabalho em Três Anúncios Para Um Crime (que também teve Sam Rockwell como Melhor Ator Coadjuvante), mas o discurso dela foi tão memorável quanto o prêmio em si. “Quero dar uma perspectiva: posso ter todas as mulheres indicadas em todas as categorias de pé comigo?”, a atriz pediu, sendo prontamente atendida. “Todas nós temos histórias para contar, mas não nos chamem para falar sobre elas agora na festa, e sim nos seus escritórios”. O apresentador do Oscar este ano, Jimmy Kimmel, até brincou: “Espero que a Frances McDormand ganhe um Emmy pelo discurso dela esta noite.”

O Oscar em 2018 chegou à sua 90ª edição e James Ivory, que é apenas um ano mais jovem que a premiação, ganhou a primeira estatueta da vida. “Todos nós tivemos um primeiro amor e geralmente é uma coisa muito de tato, só que sem os pais sensíveis de Elio”, ele refletiu, citando o protagonista (vivido por Timothée Chalamet) de Me Chame Pelo Seu Nome, produção que rendeu a ele o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Ivory, 89 anos, tornou-se a pessoa mais velha de todos os tempos a ganhar um prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Já o Melhor Roteiro Original ficou com Jordan Peele, que também dirigiu Corra!. “Parei de escrever esse filme umas 20 vezes, porque sabia que era impossível, achava não daria certo, que ninguém nunca faria uma produção como esta”, ele afirmou em um dos discursos mais afiados e sensíveis de toda a noite. “Então, quero agradecer a todos que ouviram minha voz e me permitiram fazer esse filme”. Peele, cujo longa não ganhou mais nada nesta edição do Oscar, também agradeceu muito a todos que assistiram a Corra!, incluindo aqueles que vibraram nas salas de cinema.

Trama Fantasma, filme de Paul Thomas Anderson que marca a despedida das telonas do protagonista Daniel Day-Lewis, ganhou um dos prêmios mais óbvios da noite: Melhor Figurino, já que se trata de um enredo sobre um criador de vestidos. Os vencedores de Melhor Maquiagem e Cabelo – Kazuhiro Tsuji, David Malinowski, Lucy Sibbick –, contudo, tiveram participação direta na conquista de Gary Oldman como Melhor Ator, por O Destino de uma Nação, em que o britânico aparece com aparência irreconhecível dando vida ao personagem histórico Winston Churchill. Veterano no Oscar, Oldman citou o momento como um dos grandes da vida dele.

Depois do #OscarSoWhite, o Oscar do #TimesUp e do #MeToo

No discurso de abertura, Kimmel começou como esperado, fazendo referências às recentes denúncias de assédio em Hollywood – as piadas sobre o tema, aliás, são uma constante nas grandes premiações dos últimos meses –, que geraram os movimentos #TimesUp e #MeToo. Ele falou sobre a diferença de pagamentos entre mulheres e homens na indústria cinematográfica e, claro, citou o caso mais evidente, do produtor Harvey Weinstein, acusado por mais de 50 mulheres de abuso e expulso da Academia.

“O que aconteceu com Harvey e o que está acontecendo agora é algo que já deveria ter sido superado há tempos”, disse, antes de brincar: “Se pudermos trabalhar juntos para acabar com o assédio sexual no nosso local de trabalho, se pudermos fazer isso, as mulheres só vão ter que lidar com isso em todos os outros lugares que elas forem”. Ele ainda citou a história de A Forma da Água, filme que liderou a lista de indicados, com 13: “Graças a Guillermo [del Toro], para sempre nos lembraremos deste ano como o ano em que homens fizeram tudo tão errado que as mulheres começaram a namorar peixes.”

A cerimônia teve até mesmo um segmento inteiro dedicado ao #TimesUp, apresentado pelo trio Salma Hayek, Ashley Judd e Annabella Sciorra, três das mulheres que acusaram Harvey Weinstein de abuso sexual.

Como também tem sido uma constante na parte mais crítica dos discursos em premiações recentes, o presidente norte-americano Donald Trump foi alvo de Kimmel. “A transmissão está sendo assistida por milhões de norte-americanos ao redor do mundo em mais de 225 países que nos odeiam agora”, cutucou, antes de puxar outra questão recente em torno do Oscar: a falta de negros entre os indicados e vencedores dos prêmios da Academia (que gerou boicotes e a campanha #OscarSoWhite). “Queria agradecer ao presidente Trump. Lembra ano passado quando parecia que o Oscar era racista? Isso já era, graças a ele!”.

Sempre citando o sucesso de bilheteria estrondoso de Pantera Negra – filme que não concorre na cerimônia deste ano –, o apresentador comentou a importância das indicações de Jordan Peele, terceiro negro em 90 anos de Oscar, e Greta Gerwig, primeira mulher nos últimos oito anos, ao prêmio de Melhor Diretor, usualmente disputado por homens brancos. “Alguns limites foram quebrados”, disse. “Nosso plano é jogar luz em um grupo de filmes maravilhosos e inspiradores que foram ofuscados por Pantera Negra [nas salas de cinema ao redor do mundo] este fim de semana.”

Entre outras coisas, Kimmel ainda fez piadas com o tempo que os vencedores passam agradecendo pela estatueta – ofereceu um jet ski a quem falou por menos tempo –, fez uma bagunça na sala de cinema do Chinese Theatre, ao lado do Dolby – invadindo uma sessão com Mark Hamill, Gal Gadot, Lupita Nyong'o, Margot Robbie –, perguntou se Steven Spielberg tinha um pouco de maconha e, claro, falou da confusão do Oscar de 2017. Na ocasião, ele mesmo também era apresentador e, na hora da entrega do prêmio de Melhor Filme, o mais importante da noite, os nomes dos vencedores foram trocados: La La Land foi anunciado, sendo que Moonlight era o vencedor. “Esse ano, o presidente da [empresa] PricewaterhouseCoopers disse: ‘Nosso foco será entregar os envelopes corretos’, o que faz sentido”, disse Kimmel. “Mas só pra saber mesmo, qual era o foco nos outros 89 anos?”.

Dunkirk domina nos prêmios técnicos

Antes de começar a premiação, o longa de guerra Dunkirk era considerado um dos grandes favoritos a levar várias estatuetas na noite, já que era um dos mais indicados (oito). O filme de Christopher Nolan até levou cobiçados três prêmios, mas teve glórias apenas nas categorias mais técnicas: Melhor Edição de Som (Alex Gibson e Richard King), Melhor Mixagem de Som (Mark Weingarten, Gregg Landaker e Gary A. Rizzo) e Melhor Edição (Lee Smith).

Melhor Fotografia, este ano, tinha alguns interessantes candidatos: Rachel Morrison, de Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi, foi a primeira mulher indicada na categoria em todos os tempos; Roger Deakins, de Blade Runner 2049, é considerado um histórico injustiçado, tendo concorrido 13 vezes ao Oscar até 2018. O segundo deles levou a estatueta – segunda de Blade Runner 2049 na noite, depois de Efeitos Visuais – pelo trabalho na sequência do clássico O Caçador de Androides (1982). “Algumas das pessoas de Blade Runner trabalham comigo há 30 anos”, ele disse no discurso. “Foi realmente um esforço de equipe.”

Na parte musical, além das performances das indicadas a Melhor Canção Original – que incluíram Common com Diane Warren, Sufjan Stevens com St. Vincent e Mary J. Blige, entre outros –, Eddie Vedder protagonizou um emocionante número durante a sessão in memoriam, homenageando o finado Tom Petty com uma cover improvável de “Room at the Top”.

Em Melhor Trilha Sonora Original, Alexandre Desplat desbancou Jonny Greenwood (guitarrista do Radiohead e indicado por Trama Fantasma, e Hans Zimmer, de Dunkirk). “Minha mãe também está fazendo 90 anos hoje!”, riu o autor da trilha de A Forma da Água. “Ela deve estar muito feliz!”. Já Canção Original foi vencida por “Remember Me”, de Viva: A Vida é uma Festa. A faixa foi escrita por Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, dupla que já havia ganhado o mesmo prêmio por “Let it Go”, de Frozen – Uma Aventura Congelante (2013).

Chile ganha um Oscar; Brasil perde em categoria de animação

O Chile foi o representante da América do Sul na noite de Oscar do último domingo, 4. Uma produção do país, Uma Mulher Fantástica faturou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, marcando a primeira vez que uma mulher transexual (Daniela Vega) ganha uma estatueta em todos os 90 anos de Oscar. Já o brasileiro Carlos Saldanha, que concorria na categoria Melhor Animação com o longa O Touro Ferdinando, perdeu a categoria para Viva – A Vida É Uma Festa, que acabou a noite bem: com duas estatuetas.

Melhor Filme

Me Chame Pelo Seu Nome

O Destino de Uma Nação

Dunkirk

Corra!

Lady Bird: É Hora de Voar

Trama Fantasma

The Post: A Guerra Secreta

A Forma da Água

Três Anúncios Para Um Crime

Melhor Ator

Timothée Chalamet, Me Chame Pelo Seu Nome

Daniel Day-Lewis, Trama Fantasma

Daniel Kaluuya, Corra!

Gary Oldman, O Destino de Uma Nação

Denzel Washington, Roman J. Israel, Esq.

Melhor Atriz

Sally Hawkins, A Forma da Água

Frances McDormand, Três Anúncios Para Um Crime

Margot Robbie, Eu, Tonya

Saoirse Ronan, Lady Bird: É Hora de Voar

Meryl Streep, The Post: A Guerra Secreta

Melhor Ator Coadjuvante

Willem Dafoe, Projeto Flórida

Woody Harrelson, Três Anúncios Para Um Crime

Richard Jenkins, A Forma da Água

Christopher Plummer, Todo o Dinheiro do Mundo

Sam Rockwell, Três Anúncios Para Um Crime

Melhor Atriz Coadjuvante

Mary J. Blige, Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi

Allison Janney, Eu, Tonya

Lesley Manville, Trama Fantasma

Laurie Metcalf, Lady Bird: É Hora de Voar

Octavia Spencer, A Forma da Água

Melhor Diretor

Christopher Nolan, Dunkirk

Jordan Peele, Corra!

Greta Gerwig, Lady Bird: É Hora de Voar

Paul Thomas Anderson, Trama Fantasma

Guillermo del Toro, A Forma da Água

Melhor Roteiro Adaptado

James Ivory, Me Chame Pelo Seu Nome

Scott Neustadter e Michael H. Weber, Artista do Desastre

Scott Frank e James Mangold e Michael Green, Logan

Aaron Sorkin, A Grande Jogada

Virgil Williams e Dee Rees, Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi

Melhor Roteiro Original

Emily V. Gordon e Kumail Nanjiani, Doentes de Amor

Jordan Peele, Corra!

Greta Gerwig, Lady Bird: É Hora de Voar

Guillermo del Toro, Vanessa Taylor ,A Forma da Água

Martin McDonagh, Três Anúncios Para Um Crime

Melhor Animação

O Poderoso Chefinho

The Breadwinner

Viva – A Vida É Uma Festa

O Touro Ferdinando

Com Amor, Van Gogh

Melhor Curta-Metragem de Animação

Dear Basketball

Garden Party

Lou

Negative Space

Revolting Rhymes

Melhor Fotografia

Roger Deakins, Blade Runner 2049

Bruno Delbonnel, O Destino de Uma Nação

Hoyte van Hoytema, Dunkirk

Rachel Morrison, Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi

Dan Laustsen, A Forma da Água

Melhor Documentário

Abacus Small Enough to Jail

Faces Places

Ícaro

Last Men in Aleppo

Strong Island

Melhor Documentário (Curta-Metragem)

Edith + Eddie

Heaven is a Traffic Jam on the 405

Heroin(e)

Knife Skills

Traffic Stop

Melhor Curta-Metragem

DeKalb Elementary

The Eleven O’Clock

My Nephew Emmett

The Silent Child

Watu Wote/All of Us

Melhor Filme Estrangeiro

Uma Mulher Fantástica (Chile)

O Insulto (Líbano)

Desamor (Russia)

Corpo e Alma (Hungria)

The Square: A Arte da Discórdia (Suécia)

Melhor Edição

Jonathan Amos, Paul Machliss, Em Ritmo de Fuga

Lee Smith, Dunkirk

Tatiana S. Riegel, Eu, Tonya

Sidney Wolinsky, A Forma da Água

Jon Gregory, Três Anúncios Para Um Crime

Melhor Edição de Som

Julian Slater, Em Ritmo de Fuga

Mark Mangini, Theo Green, Blade Runner 2049

Alex Gibson, Richard King, Dunkirk

Nathan Robitaille, A Forma da Água

Ren Klyce, Matthew Wood, Star Wars: Os Últimos Jedi

Melhor Mixagem de Som

Mary H. Ellis, Julian Slater, Tim Cavagin, Em Ritmo de Fuga

Mac Ruth, Ron Bartlett, Doug Hephill, Blade Runner 2049

Mark Weingarten, Gregg Landaker, Gary A. Rizzo, Dunkirk

Glen Gauthier, Christian Cooke, Brad Zoern, A Forma da Água

Stuart Wilson, Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick, Star Wars: Os Últimos Jedi

Melhor Design de Produção

A Bela e a Fera

Blade Runner 2049

O Destino de uma Nação

Dunkirk

A Forma da Água

Melhor Trilha Sonora Original

Hans Zimmer, Dunkirk

Jonny Greenwood, Trama Fantasma

Alexandre Desplat, A Forma da Água

John Williams, Star Wars: Os Últimos Jedi

Carter Burwell, Três Anúncios Para Um Crime

Melhor Canção Original

"Mighty River" de Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi, Mary J. Blige

"Mystery of Love" de Me Chame Pelo Seu Nome, Sufjan Stevens

"Remember Me" de Viva: A Vida é uma Festa, Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez

"Stand Up for Something" de Marshall, Diane Warren, Common

"This Is Me" de O Rei do Show, Benj Pasek, Justin Paul

Melhor Maquiagem e Cabelo

Kazuhiro Tsuji, David Malinowski, Lucy Sibbick, O Destino de uma Nação

Daniel Phillips e Lou Sheppard, Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha

Arjen Tuiten, Extraordinário

Melhor Figurino

A Bela e a Fera

O Destino de uma Nação

Trama Fantasma

A Forma da Água

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha

Efeitos Visuais

John Nelson, Paul Lambert, Richard R. Hoover, Gerd Nefzer, Blade Runner 2049

Christopher Townsend, Guy Williams, Jonathan Fawkner, Dan Sudick, Guardiões da Galáxia, Vol. 2

Stephen Rosenbaum, Jeff White, Scott Benza, Mike Meinardus, Kong: A Ilha da Caveira

Ben Morris, Mike Mulholland, Chris Corbould, Neal Scanlon, Star Wars: Os Últimos Jedi

Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett, Joel Whist, Planeta dos Macacos: A Guerra