Em SP, ex-Bauhaus apostou em suas canções solo, deixando de fora músicas consagradas da banda inglesa
A chuva fina e o tempo frio ajudaram a criar o clima ideal para uma noite regada a música gótica. Assim, a turma que rumou para a Via Funchal neste sábado, 14, para assistir ao show de Peter Murphy, vocalista do grupo inglês Bauhaus, se sentiu em casa. Mas o público foi apenas razoável. O mesmo pode ser falado do show.
Murphy emula todos os cacoetes do pós punk e da música dos anos 80. E nesta Retrospective tour não há "teatrinho" gótico, com caixões, fantasias e atmosfera dark. Aos 51 anos, ele se encontra em boa forma física e vocal. Ao vivo, percebe-se o quanto seu vocal foi influenciado por David Bowie. E suas maneiras corporais lembram um Iggy Pop menos esquizofrênico.
Baixista, baterista e guitarrista deram conta do recado. E, em alguns momentos, Murphy tocou guitarra acústica e escaleta. Mas incomodou a falta de um repertório mais coeso. É o velho problema da geração pós anos 70. Os integrantes de bandas que marcaram época insistem em cantar apenas seu repertório solo, que nem sempre entusiasma. Assim, deixam de lado momentos mais marcantes dos grupos que por ventura os consagraram.
Murphy exagerou em músicas de seus discos solo (muitos inéditos no Brasil) e não esteve nem aí para as mais conhecidas do Bauhaus. A clássica "Bela Lugosi is Dead", que todos estavam esperando, apareceu apenas em um trechinho, irreconhecível no final de um medley acústico junto com "A Strange Kind of Love". A única concessão que Murphy fez ao som clássico do Bauhaus foi quando cantou "She's in Parties", que, obviamente, foi muito festejada.
O pessoal vibrou, ainda, com "Cuts You Up", sem dúvida seu maior hit solo. Mas faltaram "Indigo Eyes" e "Final Solution", outras que fizeram sucesso depois que Murphy deixou a banda. E houve também bem recebidos covers de "Transmission" (Joy Division) e "Lust For Life" (Iggy Pop).