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Rock in Rio celebra nostalgia em box comemorativo de 30 anos

Ícones do pop nacional comemoram as três décadas do festival com CD duplo, DVD e livro de partituras

Guilherme Guedes, do Rio de Janeiro Publicado em 09/09/2015, às 12h53 - Atualizado em 03/03/2016, às 13h20

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Rock in Rio celebra nostalgia em box comemorativo de 30 anos - Marcos Hermes
Rock in Rio celebra nostalgia em box comemorativo de 30 anos - Marcos Hermes

Os Paralamas do Sucesso rearranjam contemporâneos como Ultraje a Rigor e Lulu Santos enquanto as canções imortalizadas pelo trio de Herbert Vianna são resgatadas em versões da Blitz (“Óculos”) e do Jota Quest (“Caleidoscópio”). O Barão Vermelho ressurge em regravações feitas pelo Suricato (“Pro Dia Nascer Feliz”) e por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá (“Por Você”), cuja Legião Urbana é homenageada por Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial (“Geração Coca-Cola” e “Quase Sem Querer”). E é nessa roleta saudosista que se sustenta a caixa Rock In Rio 30 Anos Box Brasil, lançada oficialmente em evento realizado na terça-feira (8), no Rio de Janeiro.

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Com trinta hits do pop rock nacionais dos anos 1980 para cá, em versões criadas por grandes nomes revelados pelo mercado no mesmo período, o box promove uma intensa sensação de dèja vü mesmo repleto de versões inéditas, compiladas em um livro de partituras e um CD duplo e DVD produzidos por Liminha. Em vez de inovar ou arriscar, a intenção parece mesmo ser a de seguir à risca a fórmula criada por Roberto Medina, presidente executivo do Rock In Rio, de privilegiar os acertos das últimas três décadas com pouco espaço para renovações significativas. A conexão com o passado é tão forte que até o lamaçal da edição inaugural vai virar objeto de colecionador. “Todos os dias alguém vem falar daquela lama, que para mim era uma tragédia”, resgata Medina. “Então mandei fazer 500 tubos de acrílico com a lama daquele terreno para serem vendidos na lojinha”, antecipa o idealizador do festival, com sorriso emplacado no rosto.

Segundo Medina, a caixa comemorativa é parte de um planejamento ambicioso de manter o festival constantemente sob os holofotes, como ímã de ações de patrocínio. “Precisamos ser uma plataforma de conteúdo constante para o público e para a mídia, porque é através das marcas que conseguimos realizar um evento desse porte no Brasil”, explica, ao relembrar as origens do festival. “Eu não tinha plano de voo quando pensei o Rock In Rio, foi pura intuição. E hoje ele é profundamente superior aos festivais americanos, apesar das dificuldades que tínhamos e que ainda temos no país”, conclui, ignorando os comentários mornos da crítica norte-americana à primeira edição do festival nos Estados Unidos, realizada em Las Vegas em Maio deste ano.

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O empreendedorismo também é o mote do empresário Luiz Calainho, que apresentou o conceito do box a Medina, e a quem chama de “grande fonte inspiradora”. “É preciso acreditar muito para fazer o que o Roberto fez em 1985, de realizar um sonho como esse”, analisa. “O Rock in Rio é um festival onde o público se entrega à arte, ao delírio, a experiências que outros festivais do mundo não oferecem, mas a principal estrela ainda é a música. E a proposta do box foi criar algo que tornasse tangível esses trinta anos, e nada mais emblemático para isso que a própria música”, explica.

Um dos convidados ilustres do projeto foi o guitarrista Dado Villa-Lobos, que junto a Marcelo Bonfá anunciou recentemente planos de comemorar os trinta anos do primeiro disco da Legião Urbana com o vocalista André Frateschi. Apesar da formação clássica da Legião, liderada por Renato Russo, nunca ter tocado no Rock In Rio, Dado ressalta a importância do festival para a banda. “Quando eu vi pela TV os Paralamas no palco em 85, pensei: ‘somos nós, acabou’. O Rock In Rio institucionalizou o rock brasileiro, deu espaço para várias bandas, e a Legião aproveitou essa deixa. Foi o que botou a nossa geração no mapa”, reconhece. “E um projeto como [o box Rock In Rio 30 Anos] fortalece e enobrece a nossa vocação”.

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O sucesso comercial do Rock In Rio, no entanto, não esconde as manchas na relação entre o festival e os artistas. O Cidade Negra do vocalista Toni Garrido, por exemplo, abre o palco Mundo na última noite da versão 2015 do Rock In Rio, mas em 2001 integrou um time de bandas nacionais (completado por Raimundos, Charlie Brown Jr., Skank, O Rappa e Jota Quest) que se recusaram a tocar na terceira edição por não terem direito à mesma estrutura de artistas internacionais. “As pessoas se perdoaram”, argumenta Toni, que no box canta “Legalize Já”, do Planet Hemp, e “Fazendo Música, Jogando Bola”, dos Novos Baianos. “O festival precisa dos artistas, e eles do festival. São trinta anos de muitas ondas, e agora teremos a oportunidade de ser a primeira banda de reggae a tocar no palco Mundo. E tenho certeza que isso vai abrir caminho para muitas outras”, torce.

O futuro, inclusive, é o foco de Roberta Medina, vice-presidente executiva do festival e principal herdeira do pai, Roberto. “Estamos no caminho para nos tornar a maior marca de música do mundo. Não queremos pouca coisa. A gente está aqui para celebrar trinta anos, mas eu gostaria que fosse para celebrar os próximos trinta”, declarou. Que venha, enfim, um novo ciclo.