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Salve-se quem puder

Estréia desta sexta, filme de monstro Cloverfield mostra tragédia do ponto de vista de civis

Por Artur Tavares Publicado em 08/02/2008, às 12h38 - Atualizado às 15h02

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A Estátua da Liberdade, decaptada - Divulgação
A Estátua da Liberdade, decaptada - Divulgação

É o último dia de Rob na ilha de Manhattan. O jovem conseguiu um trabalho como vice-presidente de uma companhia japonesa, e está pronto para se mudar. Seus amigos preparam uma festa surpresa em seu apartamento. Nesta noite, a única tristeza do futuro viajante é deixar sua amada Beth para trás.

De repente, um tremor afeta toda a ilha, que fica sem luz por alguns instantes. A primeira reação de todas as pessoas da festa é ligar a TV. O noticiário diz que um navio petroleiro está afundando próximo à Estátua da Liberdade. Rob e os amigos sobem ao terraço do prédio, e a visão é aterrorizante. Bolas de fogo voam pelo céu, atingindo prédios por todo o caminho.

Desesperada, a população de Manhattan foge para as ruas, apenas para ver o pesadelo aumentar. A cabeça da Estátua da Liberdade vem em direção dos assustados moradores, como uma bola de beisebol muito bem colocada pelo rebatedor.

Hud, que estava documentando a festa e coletando depoimentos dos amigos de Rob com uma câmera na mão, capta ao longe um braço gigante. Um monstro. Desesperados, Rob, seus amigos e toda a população da ilha fogem pela Ponte do Brooklyn, que é repentinamente destruída. Ilhados, eles precisam encontrar um jeito de sobreviver ao ataque de uma criatura indestrutível.

Embora a temática "ataque de uma criatura gigante a uma grande metrópole" não seja novidade (só o monstro Godzilla já protagonizou 29 filmes), Cloverfield é um filme diferente. Ao invés de tratar da invasão da criatura por olhos de militares ou cientistas convictos em achar uma solução para o ataque, a produção aposta na luta desesperada de civis que desejam sobreviver, acima de tudo.

Contada do ponto de vista de um cinegrafista amador, a história gira em torno de Rob e seus amigos, que precisam salvar uma garota antes de fugir da ilha em helicópteros do exército. O monstro não é a figura principal, mas sim o catalisador da história. Mostrada pela visão de uma filmadora de mão, a criatura é representada em quase todo o filme apenas por partes do seu corpo: braço, perna, rabo, suas monstruosas crias, que brotam inexplicavelmente de sua barriga.

Ainda que o jeito de filmar também não seja inovador, sendo o mesmo do primeiro A Bruxa de Blair, a técnica está mais avançada. Desta vez, a impressão é de que Cloverfield é mesmo um filme amador. O câmera está pouco preocupado em filmar tanques de guerra disparando contra o monstro, o ataque das pequenas crias, ou mesmo de retratar todas as ações de Rob. Pelo contrário. Ele só pensa em se salvar. Isso garante muitas cenas tremidas, sem foco na ação, e que, principalmente, deixam o espectador sem noção do que está se passando em um macro universo (a cidade de Nova York).

A montagem ajuda a confirmar a "veracidade" da filmagem, já que representa nada mais do que o produto bruto extraído de uma fita. Há cortes para cenas de dias anteriores, logos do exército estadunidense (que, ao que parece, apreendeu o material após o final do filme) e até defeitos de gravação.

O filme, de orçamento modesto para os padrões hollywoodianos (custou 20 milhões de dólares), não peca quando o assunto é efeitos especiais. Pelo contrário. O baixo custo se mantém por conta do uso de atores desconhecidos e por precisar de apenas uma câmera para funcionar.

O filme estréia em salas brasileiras nesta sexta-feira, 8.