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The Sonics mostra vigor e entrega na primeira apresentação no Brasil

Músicas ainda inéditas desaceleraram o show, que aconteceu na noite de quinta, 5

Lucas Brêda Publicado em 06/03/2015, às 04h06 - Atualizado às 15h29

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The Sonics em São Paulo - Mila Maluhy/Divulgação
The Sonics em São Paulo - Mila Maluhy/Divulgação

Para fazer o primeiro show da história da banda no Brasil, o Sonics subiu ao palco do Audio, em São Paulo, na noite de quinta, 5. Na bagagem, além de um novo disco – This Is The Sonics, que chega às lojas no fim deste mês –, os cinco setentões trouxeram uma amostra fiel das canções que, nos anos 1960, influenciaram dezenas de artistas e movimentos surgidos nos anos seguintes.

“Queríamos soar sujo, fazer rock and roll”, diz o tecladista do Sonics, Rob Lind.

A vontade de fazer do primeiro show no Brasil algo inesquecível acompanhou o grupo em todos os momentos da apresentação – que começou com mais de uma hora de atraso, às 0h40. Nas interações com a plateia, o saxofonista Rob Lind agradecia com aparente sinceridade, mostrando-se satisfeito por finalmente conseguir trazer a banda ao país. “Tentamos várias vezes e agora finalmente deu certo!”

Logo de cara, em “Cinderella” – primeira do setlist –, Lind surgiu no palco para um solo arrebatador de gaita, como se ignorasse os cabelos brancos na cabeça. O vigor dos Sonics, à propósito, é o que mais impressiona no show: apesar de setentões, os integrantes soam como se tivessem 20 anos, sem poupar solos e os característicos gritos ao fim dos versos.

A casa estava lotada para receber o Sonics e o entusiasmo dos brasileiros não ficou atrás da empolgação dos norte-americanos. Em “Have Love, Will Travel” – um dos maiores sucessos da banda nos Estados Unidos –, a plateia entrou em ebulição, com diversas pessoas subindo no palco para dançar junto aos músicos. No começo, as interações foram amistosas mas, com o desenrolar da apresentação, os seguranças começaram a barrar as invasões.

O Sonics também aproveitou o show para testar algumas das músicas inéditas, que compõem o álbum This Is The Sonics, com lançamento marcado para os próximos dias. “Quando estamos em turnê, sempre levamos nossos discos para vender. É uma pena que o novo álbum não foi lançado”, lamenta Lind.

Galeria: as 100 primeiras edições publicadas pela Rolling Stone Brasil.

Ainda que tragam a intensidade das canções antigas, as novas faixas da banda marcaram os momentos mais calmos do show, por serem inéditas para o público. Fica claro que a apresentação do Sonics é montada para fazer mais sentido quando o novo trabalho chegar às lojas (o grupo só se apresentou em São Paulo antes de This Is The Sonics sair por conta de uma ação da marca Levi’s).

Entre as novas, “Be a Woman” e “I Got Your Number (666)”, tocadas em sequência, se destacaram, abrindo caminho com personalidade para uma cover de “Keep a Knockin’” (Little Richard, maior influência do quinteto). O atual single “Bad Betty” veio em seguida, antes de “Boss Hoss” – do primeiro álbum Here Are The Sonics (1965) – voltar a incendiar o público.

Os shows do Sonics após a reunião (que aconteceu em 2007) são mais pesados. Ainda que nos anos 1960 o quinteto abusasse das sonoridades sujas e rústicas, a guitarra distorcida de Larry Parypa encorpa os arranjos de antigas canções, como “Psycho”, umas das mais singulares da banda, tocada logo antes da saída para o bis.

Mesmo com alguns momentos de indiferença, com as músicas inéditas, a plateia do Audio já parecia satisfeita ao fim da primeira parte da apresentação. O Sonics encanta não apenas pela entrega, ou pela contundência das letras e levadas, mas também por serem um pedaço da história em cima do palco – grande parte do público deve ter reconhecido no Sonics diversos elementos de artistas emblemáticos que vieram depois da banda norte-americana.

A volta contou com a inédita “I Don't Need No Doctor” e a clássica “Strychnine” – talvez a faixa que melhor defina o Sonics. “Vocês são uma plateia cinco estrelas”, disse Lind, claramente impressionado, levando de tempos em tempos o microfone à plateia. Para o fim, o único hit do Sonics, “The Witch”, cantada com veemência condizente com os melhores momentos do show.

Apesar de tardia, e de muitas músicas inéditas no setlist, a visita do Sonics foi bem-vinda e celebrada, e deve colocar o Brasil na rota das futuras excursões do quinteto.