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Bombástico, mas previsível, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é um assalto aos sentidos

Com Cara Delevingne e participação de Rihanna, filme de ficção científica dirigido por Luc Besson vale apenas pelo visual delirante

Paulo Cavalcanti Publicado em 10/08/2017, às 13h31 - Atualizado às 20h30

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Valerian e a Cidade dos Mil Planetas - Divulgação
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas - Divulgação

Uma coisa precisa ser dita sobre Luc Besson: ele não tem medo de se arriscar e de, por vezes, fracassar. O diretor e roteirista francês, responsável por O Profissional, O Quinto Elemento e Lucy, pode ser genial, intrigante, confuso e cansativo. Em Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, todos estes pontos positivos e negativos convergem de forma bombástica.

A fonte de Valerian não é novidade. É uma adaptação da graphic novel francesa Valérian and Laureline, criada pelo roteirista Pierre Christin e pelo artista Jean-Claude Méziéres. A série foi publicada entre 1967 e 2010 e marcou a juventude de Besson, que sempre quis levá-la para a tela grande; antes, ele não tinha a tecnologia necessária para tirar o projeto do papel. O filme é livremente baseado em Ambassador of the Shadow, sexto álbum da HQ e o primeiro a ser traduzido para o inglês. Em termos de enredo, dinâmica e narrativa, o longa “rouba” um pouco de tudo o foi feito antes no universo da ficção científica, tanto no cinema quanto na TV.

Valerian (Dane DeHaan) é o herói que dá nome ao filme. Assim como acontece na HQ, ele divide o tempo em cena e as ações com a parceira de operações Laureline (Cara Delevinge). Valerian tem o título de major e ela o de sargento; ele é o chefe das missões, ela serve oficialmente como piloto dele. A moça, no entanto, é uma espécie de faz tudo e muitas vezes salva o dia, demonstrando ter um bom senso mais apurado que o parceiro.

Detalhar a trama do filme é um exercício de redundância. Segue nessa linha: a federação para qual trabalham incube os dois de uma missão. No meio disso, há traições, reviravoltas e um monte de fatos mal explicados. Também aparecem alienígenas, alguns sinistros, outros engraçados e outros, ainda, com um jeito zen. O roteiro é previsível e cheio de buracos; o diálogo é primário. Às vezes, fica a impressão que algumas cenas foram improvisadas enquanto ocorriam as filmagens.

Dane DeHaan já mostrou talento em produções como A Cura e Corações Gelados. Mas ele não tem presença para segurar um filme em que interpreta um explorador intergaláctico intrépido e metido a conquistador. Já a modelo britânica Cara Delevinge vem melhorando nas artes dramáticas, e agora até demonstra expressividade e emoção (quando a personagem Laureline fica de mau humor, bem, se parece com a Cara Delevinge da vida real). O grande problema aqui é que DeHaan e Cara têm zero química.

O filme também recebeu uma boa publicidade pela presença da cantora Rihanna. A diva de Barbados interpreta uma alienígena chamada Bubble. Pelo menos Besson achou um jeito de inseri-la na história – Rihanna não é atriz, mas o lado entertainer dela é o que conta em sua breve participação em cena.

Com um custo de cerca de U$ 200 milhões, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é a produção francesa mais cara de todos os tempos. É fácil perceber no que o dinheiro foi gasto. Se alguém disser “não assista a Valerian”, não dê ouvidos; apesar de todas as falhas, vale se deslumbrar com o visual e os efeitos. Besson cria um universo delirante envolto em texturas lisérgicas, repleto de criaturas que nem mesmo o George Lucas dos bons tempos poderia sonhar em criar. Apesar de ter fracassado nas bilheterias dos Estados Unidos e de ter sido massacrado pela crítica, Valerian é uma diversão razoável.