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Vocalista do Mudhoney fala sobre o legado do grunge

“Antes de nós, pessoas feias não eram permitidas a fazer rock”, diz Mark Arm

Dan Hyman Publicado em 07/09/2011, às 16h01 - Atualizado às 17h22

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Mark Arm - Mudhoney - Divulgação
Mark Arm - Mudhoney - Divulgação

Para Mark Arm, vocalista do Mudhoney, nada é tão absurdo quanto a noção de ele ser um ícone. “Eu seria um tolo narcisista de pensar dessa forma”, contou Arm à Rolling Stone EUA no backstage do festival de aniversário do Pearl Jam, o PJ20. Mas além de abrir o show do palco principal em cada noite – um teste para ser a banda de abertura do Pearl Jam na turnê que irá acontecer no Canadá – eles serviram como um lembrete de que, antes de Cobain, Vedder ou Cornell, havia quatro caras impertinentes de Bellevue que ajeitaram o molde para um movimento meio preguiçoso.

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Não é dessa maneira que Arm vê, entretanto – mesmo que ele tenha sido creditado por criar o termo “grunge”. “Eu não acho que fizemos nada estrondoso”, disse ele sobre o impacto do Mudhoney. “Não foi como se inventássemos algo que não existia antes.”

É possível que a modéstia de Arm venha do fato de sua banda nunca ter visto muito sucesso comercial: o EP de estreia do Mudhoney, Superfuzz Bigmuff (1988), dificilmente vendeu alguma cópia (o ponto mais alto do disco veio em 2008, quando chegou ao 25º lugar nas paradas britânicas independentes). Mas Arm aponta o trabalho de sua gravadora de longo data, Sub Pop, na qual ele agora trabalha como gerente de estoque, como o que, de fato, foi influente na época. “Antes de nós, pessoas feias não eram permitidas a fazer rock”, explicou Arm, acrescentando que “a Sub Pop veio com a ideia do ‘perdedor’” – que transformou o modelo de rock star que havia em sua cabeça.

Arm, que ajudou o Pearl Jam a fechar o show de sábado, 3, com uma versão uivante de “Kick Out the Jams”, do MC5, e reapareceu no domingo, 4, com os headliners para uma versão retrógrada de “Sonic Reducer”, dos Dead Boys, conhece alguns dos integrantes do Pearl Jam por quase três décadas. Em 1984, ele formou o que muitos consideram ser a primeira banda “grunge” de verdade, o Green River, com o guitarrista do Pearl Jam, Stone Gossard, e o baixista Jeff Ament, entre outros. Apesar do Green River – que só existiu originalmente por três anos – ter se reformado um punhado de vezes, mais recentemente em 2008, Arm disse que é improvável que isso aconteça de novo. “Isso seria estranho sem [o baterista] Alex [Vincent] e o [guitarrista] Bruce [Fairweather]”, disse ele. Ele confirma, no entanto, que Vincent e Fairweather estarão presentes na parada do Mudhoney e do Pearl Jam em Vancouver – então é possível que uma reunião de improviso possa ocorrer.

Ainda aparentando estar perplexo que a cena musical de Seattle do início dos anos 90 permaneça interessante, Arm acha a si mesmo questionando-se o que o legado do Nirvana – que terá a versão de 20 anos de aniversário de Nevermind lançada este mês - teria sido, não fosse a morte repentina de Cobain. “Parece para mim que quando In Utero foi lançado, não estava se saindo tão bem até que Kurt morreu”, disse ele.

Arm, que vive em Seattle com a esposa e seus dois cães, mal pode digerir ir a shows nos dias de hoje. “De diversas maneiras, ir a um show parece trabalho”, disse ele. “Não há nada mais doloroso do que sofrer por uma banda que eu não estou apreciando”. Afinal de contas, há mais atividades para um homem de quase 50 anos apreciar. “Eu poderia estar em casa assistindo um lixo de TV”, disse ele, rindo. “Às vezes, isso é melhor.”