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Para Zalon, ex-backing vocal de Amy Winehouse, cantora “era uma verdade ambulante”

O artista britânico, que prepara disco solo com participação de MV Bill, se apresenta nesta sexta, 24, em São Paulo

Stella Rodrigues Publicado em 24/05/2013, às 08h28 - Atualizado às 17h14

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Zalon - Divulgação
Zalon - Divulgação

“Nunca vou me esquecer de quando a conheci. Estava no palco, cantando, e de repente ela subiu e falou ‘meu Deus, você é demais!’”, conta o cantor britânico Zalon, que está de passagem pelo Brasil. “Eu não sabia ainda quem era ela. O primeiro disco já tinha saído, mas eu não a conhecia. Fiquei lá, no palco, olhando para a banda, e ela falando que eu era incrível. Disse: ‘Obrigado, mas... estou no palco. Cantando!’ O público ficou me olhando, eu olhando para o público e para a banda... e aí o mestre de cerimônias do evento a apresentou.” Mesmo quem nunca ouviu essa história provavelmente não vai se surpreender em saber que a introdução que se seguiu foi mais ou menos esta: “Senhoras e Senhores, a senhorita Amy Winehouse!”

Foi assim que Zalon Thompson, backing vocal principal da banda de apoio da cantora, que morreu em julho de 2011, conheceu sua grande amiga. “Ela vivia a vida conforme sentia as coisas”, conta ele em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Era uma verdade ambulante.” Naquela noite, quando Amy assumiu o microfone, deixou de ser a maluca que invadiu o show e os papeis se inverteram. Ela começou a cantar e ele ficou lá, olhando com cara de bobo, e repetindo que ela, sim, era incrível.

A carreira de Zalon como backing vocal vai muito além. Ele só fez turnê, mesmo, com Amy, mas já cantou ao lado de Black Eyed Peas, Mariah Carey, Joss Stone e vários outros. Contudo, desde que perdeu a amiga, tem se dedicado ao projeto de lançar seu disco solo, que prepara há anos. O trabalho deve sair no fim do ano e nesta sexta, 24, o músico apresenta um pouco dele, além de algumas de canções de Amy, no Na Mata Café, em São Paulo.

A performance é especial, já que ele contará com uma banda completa e repleta de músicos brasileiros – Edu Tedeschi (guitarra e violão), Maurício Caruso (guitarra), Abelino Costa (bateria), Eloá Gonçalves (teclado) e Alex Henrich (baixo). “É para ter o sabor brasileiro comigo. Trabalhei de perto com eles, trocamos ideias pelo Skype. Ainda bem que existe a internet. Fizemos o máximo que deu online, eles ficaram ensaiando do Brasil e me mandando o que faziam.”

A internet também foi uma benção na gravação de “Do It Again”, single desse novo disco que gravou ao lado do rapper brasileiro MV Bill. “Quando fui ao Brasil [para o show de Amy Winehouse no festival Summer Soul, em 2011] conheci muita, muita gente”, conta ele sobre como começou a parceria. “Nos apresentaram e fomos conversando para fazermos algo juntos. Quando mostrei essa música, ele gostou e começamos a gravar.”

A faixa faz parte de Liquid Sonic Sex, o disco solo, que ainda deverá conter canções produzidas por Mark Ronson, grande parceiro da carreira de Amy. “Produzi três músicas com ele, duas delas eu toquei da última vez que estive no Brasil, porque tive 15 minutos durante o show da Amy”, ele conta. “Uma se chama ‘What’s a Man to Do?’ e a outra ‘The Click’. Ainda não tenho certeza absoluta se elas estarão no disco, mas o álbum está indo muito bem, é tipo Marvin Gaye.”

Zalon não consegue não ficar emocionado ao pensar que, se Amy estivesse viva, a voz dela estaria presente na gravação e, ainda, em videoclipes. “O disco que eu tenho agora é o que ela estava me ajudando a gravar”, afirma. “Ela era como família para mim. Uma grande alma. O amor que tínhamos acontecia no palco e fora dele. Quando estávamos juntos, todo mundo desaparecia. A gente se conectava por meio da música, isso era um laço forte que nos unia.”

O cantor se lembra bem do momento em que esse laço foi rompido. “Estava na Espanha descansando a cabeça e recebi mensagens de texto, tuítes, inbox, posts, e-mails, recados de voz e mensagens de What’s App me falando que Amy tinha morrido. Eu fiquei imediatamente acabado e fui para Londres. Chegando lá, a família estava devastada e eu não podia ir para casa, porque ela estava cercada de fotógrafos”, conta. “Então, fiz a música ‘You Let me Breathe’. Lembro que fiquei chorando na cabine de gravação, foi terapêutico. Eu nem contei para ninguém a respeito e, no ano seguinte, me pediram se tinha alguma coisa para marcar o que seria o aniversário dela. Eu não tinha planos de deixar as pessoas ouviram, mas fiquei feliz [em gravar a música] porque serve como testemunho de como ela vivia a vida.”

Filho do músico de reggae Dr Alimantado, famoso na década de 70, Zalon cresceu com uma relação muito forte com a música e, assim como aconteceu com os filhos de Bob Marley, não conseguiu fugir dela. “Uma época, reuni um grupo de caras incríveis. Eu era o mais fraco e o mais jovem, acabei sendo expulso do meu próprio grupo por não ter a voz boa o suficiente”, relembra. “Trabalhei muito, muito, muito, chorava, rezava, trabalhava dia e noite para melhorar minha habilidade vocal. Acabei sendo convidado para voltar ao grupo. Desenvolvi meu estilo próprio e consegui o respeito dos músicos. A música foi tirada de mim, quase desisti, mas quis continuar. Uso isso como inspiração sempre que encaro um desafio.”

“Back to Black” por Beyoncé

Antes de responder à pergunta sobre a versão de “Back to Black” feita por Beyoncé e Andre 3000, do OutKast, Zalon ri. “Todo mundo quer saber minha opinião.” Claro que sim. Depois que Mitch Winehouse, pai de Amy, criticou o cover gravado para a trilha do filme O Grande Gatsby, o ex-produtor dela, Mark Ronson, saiu em defesa da versão. E Zalon, o que acha? “Se você vai escrever sobre isso, por favor, coloque minha frase inteira”, diz ele, preocupado, mas já enunciando sua opinião. “Gosto da Beyoncé, acho que é uma artista incrível, mas não acho que aquela seja uma boa música. Não acho que tenha sido uma boa interpretação da faixa”, afirma. “É para o filme, então a ideia deveria ser fazer algo bem estilizado. Não foi só a Beyoncé, acho que os produtores estavam envolvidos. Ela já mostrou que é uma artista incrível, mas, pessoalmente... aquela não é uma boa música”, diz de forma assertiva, para acrescentar logo depois: “Não é para ser desrespeitoso, não quero que pareça que a estou criticando.”

Zalon no Brasil

24 de maio, às 19h30

Na Mata Café - Rua da Mata, 70, Itaim Bibi

R$ 50