John Sinclair: tchau Bush, vou pra Amsterdã - Divulgação

A Marca da Pantera

O amigo de Lennon - liberto da prisão graças ao concerto Free John Now, promovido pelo Beatle - falou à Rolling Stone. Confira

Daniel Setti Publicado em 01/08/2007, às 16h30 - Atualizado em 31/08/2007, às 18h26

Escritor, radialista e fundador dos White Panthers - versão anárquica dos Black Panthers -, John Sinclair, 65, foi testemunha e protagonista de grandes momentos musicais das últimas quatro décadas. Foi empresário e guru do MC5, barbarizou com os Stooges e faz parte do seleto clube de personalidades contempladas em versos de John Lennon. Com a canção "John Sinclair" e o concerto Free John Now, o falecido Beatle tirou o amigo da prisão após ele cumprir dois dos dez anos aos quais fora condenado por porte de maconha em 1969. De Sevilha (Espanha), ele falou à Rolling Stone.

Você sempre foi muito ocupado. O que anda fazendo hoje em dia?

Eu tenho meu programa de rádio, que está no site radiofreeamsterdam.com e realizo performances ao vivo. Meu livro Va Tutto Bene - It's All Good está sendo lançado na Itália, e o Guitar Army [escrito quando estava na prisão, há mais de 35 anos] será relançado em maio.

Qual foi a sua reação, enquanto intelectual de esquerda, à era George W. Bush nos EUA?

Minha reação foi concluir que era a hora de me mudar para Amsterdã [risos]. Aqui ninguém anda armado. É muito confortável e relaxante.

Você ainda curte drogas, como nos tempos em que acompanhava o MC5?

Sim. Experimento algumas coisas. Às vezes não dá muito certo, daí tento de novo&

Você foi vítima da chamada "Guerra às Drogas", do governo norte-americano, quando foi preso por portar maconha. A guerra foi vencida?

Bom, aquela guerra era na verdade a guerra contra hippies e negros. Hoje em dia, as drogas prescritas legalizadas são a nossa maior indústria. Então, se querem falar sobre guerra contra as drogas, eu me rendo, venceram. Mas& coloquem os políticos na prisão e libertem os usuários de drogas!

Ainda tem problemas com a lei?

Não, parou naquele episódio. Agora não tenho problemas nem com tíquetes de estacionamento [risos].

Como era o seu convívio com John Lennon? É verdade que o governo mandou o FBI investigar você também?

Nossa relação era muito boa até o governo norte-americano começar a seguir nossos movimentos. Não tínhamos medo de nada. Mas quando quiseram deportar o John, isso causou grande efeito nele.

Você acha que a situação está melhor ou pior do que nos anos 60, quando você começou a se envolver com política?

Pior. Seis anos de Bush. É a pior quadrilha de todas, asquerosa, está arruinando nossa economia. Perto de Bush, o [ex-presidente dos Estados Unidos] Ronald Reagan parece um escoteiro.

Como era aquela época em que você era o empresário do MC5?

Excitante. Vi alguns shows deles recentemente, soam muito bem. E assisti aos Stooges na mesma noite, outra banda que acompanhei naqueles tempos. Também estão ótimos.

Como é a sua relação com o Iggy Pop?

Bom, só nos cumprimentamos, ele não é o meu tipo de pessoa. Ele é como o Muhammad Ali do rock, está sempre nocauteando tudo e todos.

E sobre o rock atual, o que acha?

Não acho nada. Abandonei o rock'n'roll em 1975, quando ele começou a ser dominado por Eagles, Fletwood Mac, Elton John... Não gosto de cultura pop, TV, rádio, se bem que tenho meu programa. Mas não suporto essas coisas& U2, Bruce Springsteen. Ouço jazz, blues e música de Nova Orleans.

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