A parte sonora do BaianaSystem: (da esq. p/ a dir.) Russo Passapusso, SekoBass e Roberto Barreto. À esquerda, a máscara que é símbolo da banda, criada por Filipe Cartaxo - Filipe Cartaxo

[Acontece] Caminho Sólido

Com o frontman Russo Passapusso, grupo BaianaSystem mescla ritmos locais e globais via “antropofagia permanente”

Gabriel Nunes Publicado em 19/11/2016, às 10h34 - Atualizado em 21/11/2016, às 15h53

Dois de fevereiro, dia de Iemanjá. Além de homenagear o orixá, a data também marcou, em 2009, a primeira performance ao vivo do BaianaSystem. Como relembra o guitarrista e idealizador, Roberto Barreto, apesar do tom formal que conduziu a apresentação, a estreia já revelava a espinha dorsal do grupo: a profusão de ritmos globais e regionais.

“Começamos buscando traçar um elo entre a música tradicional baiana com alguns ritmos caribenhos, como salsa, dance hall e reggae de raiz”, declara o vocalista, Russo Passapusso, que, ao lado de Barreto e de SekoBass, responsável pelas batidas eletrônicas, dá vida à parte sonora da banda soteropolitana; completa o conjunto o artista Filipe Cartaxo, que cuida de toda a parte visual.

As incursões musicais realizadas como uma espécie de “laboratório” culminaram posteriormente no debute autointitulado. Lançado em 2010, o disco traz na capa as cores azul, preto e branco, mesma paleta usada para representar Iemanjá, a divindade das águas. “Não gosto de pensar que isso foi premeditado. Acredito que foi algo sentido”, diz Passapusso, nascido em Feira de Santana. “Nos sentimos confortáveis com essas cores, muitos blocos afro têm esse jogo de cor tricolor”, arremata Barreto.

Responsável pelo projeto gráfico dos discos, Filipe Cartaxo também elabora a identidade visual dos shows do BaianaSystem. Sobre os palcos, o grupo utiliza diversos elementos, como a Carranca e o Cavalo do Cão. Dispostas entre os músicos, as figuras funcionam como entidades protetoras do público e da banda. Outro componente adotado nas apresentações é uma máscara pentagonal, de olhos circulares e nariz triangular, cuja função é espelhar a individualidade de cada integrante.

“A máscara foi criada pelo Cartaxo como uma espécie de oráculo do Baiana. É por meio dela que a gente consegue representar as características de cada músico e colaborador”, diz Passapusso. “Desde sempre prezamos muito por fazer uma música imagética. Ele [Cartaxo] molda temas e imagens e nós fazemos a música inspirados pelos sentimentos que estão na banda.”

Seis anos depois da estreia, o grupo lançou Duas Cidades – continuação conceitual do primeiro disco, já que a base melódica de muitas faixas da estreia ressurgem sob novas texturas no segundo álbum. “O meu meio de composição é através de uma antropofagia permanente”, reflete o vocalista. “Eu escrevo uma música e no show experimento encaixar novas letras dentro dela. Isso é algo que eu pego emprestado da cultura jamaicana, em que as músicas são de continuidade. Elas explicam a história e as transformações que vêm do tempo.”

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