Cachorro Grande venceu a barreira do indie -

Foco de Resistência

Cachorro Grande completa uma década de carreira com disco novo e boas amizades

Por Leonardo Dias Pereira Publicado em 30/09/2009, às 14h17

Até parece papo de hippie, m as o único jeito é acreditar em ti e ser verdadeiro. Se tu fizeres o que tu gostas e nunca se prostituir, sempre v ai ter aquela turminha que v ai t e acompanhar." É assim, direto, que o vocalista Beto Bruno diagnostica o f ato de o Cachorro Grande conseguir se manter relevante no meio musical em tempos tão voláteis como o da era d a internet. E credibilidade de rua é o que não falta para eles. Um dos raros casos "não emo" de bandas independentes que despontaram no co meço d esta década e conseguiram fechar contrato com uma gravadora que os levasse ao grande público, neste ano eles completam dez anos de existência - e de resistência com seu rock clássico.

A comemoração vem por meio do recém-lançado quinto álbum, Cinema - o terceiro pela Deckdisc. Novamente trabalhando com o produtor Rafael Ramos, a banda sente que finalmente conseguiu atingir um ponto de equilíbrio em sua sonoridade. "O Pista Livre acabou soando meio pop, talvez por termos gravado cada instrumento isoladamente, o que resultou num som mais limpo. Já o segundo [Todos os Tempos] foi gravado ao vivo no estúdio, e o som ficou meio loucão", diz Beto. "Neste último resolvemos fazer sem um padrão definido porque percebemos que o esquema da banda é não seguir um padrão na hora da gravação pra soar mais natural", revela.

Quem passar os olhos pelo nome das faixas estranhará o fato de nenhuma delas guardar relação com o título. Mas a sétima arte permeia o d isco de maneira s util. A letra de "Amanhã", por exemplo, foi composta depois que Beto Bruno se emocionou com a cena final de Mar a dentro. Porém, o vocalista entrega que uma insistente brincadeira feita pelo guitarrista Marcelo Gross influenciou o nome final: "Toda vez que íamos escolher o título do s discos, o Gross bancava o [ator Paulo César] Peréio e soltava um 'Tem que ser Cinema, porra!'", brinca.

"E, quando estávamos fazendo a sonoplastia deste, ele veio com essa ideia e eu queimei: 'Vai ser esse o nome!'" Meio contrariado, o guitarrista tentou recuar, mas foi voto vencido. "Era só uma piada interna. O próprio nome da banda surgiu assim", diz.

Agora, se há algo que lhes trouxe enorme satisfação nessa trajetória foi conseguir um contato direto com algum de seus ídolos. Em maio eles foram convidados para abrir os shows da turnê do Oasis, e Liam Gallagher sempre espreitava a apresentação dos gaúchos. "Ele até disse que o nosso som lembrava Rolling Stones da fase Between the Buttons", diz Gross. No entanto, foi com o Supergrass, outra banda inglesa, que eles estabeleceram uma sólida amizade que começou no Campari Rock, em 2006. Depois disso, Charly Coombes, irmão mais novo do vocalista Gaz, iniciou um relacionamento amoroso com uma amiga dos brasileiros, passando a vir frequentemente ao Brasil. Numa dessas idas e vindas, a banda intimou Charly para tocar teclado na versão de "Glass Onion", que eles fizeram para o tributo Álbum Branco, em homenagem aos 40 anos do disco dos Beatles. No fim do ano passado Gross passou alguns dias na Inglaterra e acompanhou os ingleses em alguns shows feitos na Irlanda. Em março, enquanto o fenômeno Ronaldo derrubava o alambrado do estádio Prudentão (em Presidente Prudente, interior paulista), os gaúchos e os ingleses celebravam o casamento de Charly com a amiga da banda em um sítio da cidade. "Foi muito surreal aquele fim de semana", relembra o colorado Gross.

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