Van Sant acredita que o sucesso de <i>Brokeback Mountain</i>, de Ang Lee, virou um modelo de negócio em Hollywood - Phil Bray/Divulgação

Gus Van Sant

Cineasta filma a história de Harvey Milk, o político que lutou pela igualdade na vida real e agora quebra preconceitos no cinema

Por Teté Ribeiro Publicado em 20/02/2009, às 18h52

Gus van sant está sentado em uma cadeira da suíte do hotel Beverly Willshire, em Los Angeles, com as duas mãos escondidas no meio das pernas fechadas. O diretor de Milk - A Voz da Igualdade parece quase patologicamente tímido. Fala baixo e olha alternadamente para os jornalistas, para a mesa e para o chão. Mas não esconde sua opinião e seu ponto de vista. Gay assumido, uma raridade na indústria do entretenimento de Hollywood, explica que sonhava com a chance de mostrar a luta de Harvey Milk (vivido por Sean Penn), o primeiro homossexual declarado a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos, na San Francisco de 1977. No ano seguinte, ele foi assassinado a sangue frio por um ex-colega. Três décadas depois, sua história virou um longa-metragem nas mãos de Gus Van Sant, o cineasta por trás de Drugstore Cowboy (1989), Um Gênio Indomável (1997), Elefante (2003), Últimos Dias (2005) e Paranoid Park (2007).

Muita gente não acreditava que os Estados Unidos pudessem eleger Barack Obama, um líder negro. Acredita que o país ainda possa escolher um chefe de Estado homossexual?

Espero que sim. O Harvey Milk, por exemplo, seria um ótimo presidente.

O assassinato (uma maldição que acompanha os grandes líderes na história da política norte-americana) fez Milk tornar-se uma figura pública mais importante do que ele seria se estivesse vivo?

Acho que sim. O fato de ele ter sido morto fez seu nome ficar mais evidente. E eu sei que a morte é um tema presente no meu trabalho, mas, neste caso, a vida do Harvey era muito mais importante para mim. Adoraria que ele estivesse vivo, adoraria saber como iria envelhecer, o que ia pensar sobre o mundo de hoje, como faria sua carreira política se desenvolver.

Por que escolheu apenas atores heterossexuais para os papéis principais?

Porque não existem muitos abertamente homossexuais no cinema. Fora o Rupert Everett, o Alan Cumming e a Anne Heche por um tempo [risos], quem são os grandes astros gays? Por que os atores homossexuais não se sentem à vontade para sair do armário? O Alan Cumming poderia ser meu Harvey Milk, mas aí o projeto não teria tanto dinheiro. É um grande ator, porém, ninguém investe US$ 20 milhões em um filme com o Cumming simplesmente porque ele ainda não fez um grande blockbuster.

Você lê esta entrevista na íntegra na edição 29, fevereiro/2009

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