Anti-herói de Luciano Cunha volta em Zonas Autônomas - Lucas Magno

Levante e Insurreição

O Doutrinador chega à terceira parte focando em consequências distópicas da conjuntura política

Gabriel Nunes Publicado em 30/11/2016, às 21h11 - Atualizado às 21h14

Máscara contra gás lacrimogêneo, metralhadora e uma camiseta surrada do Sepultura. Esses são apenas alguns dos elementos que caracterizam o Doutrinador, personagem registrado pela tinta do ilustrador Luciano Cunha. Mas talvez nenhum outro traço do anti-herói sobressaia tanto quanto a revolta dele contra a corrupção enraizada no sistema político brasileiro.

Depois de explodir o alto escalão do governo no Theatro da Paz (Belém/PA) e se embrenhar na sórdida dark web, o Doutrinador retorna para uma terceira temporada da HQ – que será apresentada durante os quatro dias da Comic Con Experience (1º a 4 de dezembro), em São Paulo – além de ganhar adaptação cinematográfica, prevista para 2018.

Quase três anos depois da primeira publicação, em meio à efervescência dos protestos de rua que marcaram o Brasil em 2013, a política nacional continua caótica e imprevisível. No entanto, o carioca busca uma nova margem no lançamento, Zonas Autônomas, ao dar menos atenção ao presente e fantasiar sobre um futuro próximo e distópico.

“Esta temporada está um passo à frente do que estamos vivendo atualmente na política. Nela, a discussão radicalizada das redes deixou o plano dos dados criptografados e ganhou as ruas”, conta Cunha. Inspirado pelo conceito das Zonas Autônomas Temporárias, elaborado pelo teórico Hakim Bey, Cunha desenha um universo maltratado pela intolerância e pela violência generalizadas, em que as pessoas se segregam em clãs.

“Pela primeira, vez o Doutrinador atua menos como vigilante e mais como pacificador de todo esse caos difuso”, diz o quadrinista que, como de costume, vem liberando trechos da HQ no Facebook.

Além de produzir a terceira edição do título, Cunha também está trabalhando como roteirista, em parceria com a Downtown Filmes, em um longa baseado na obra. “Sempre fui sondado por produtoras, mas não tinha recebido uma boa proposta até então.” Bruno Wainer, diretor da Downtown, acredita que o filme será um divisor de águas na história tanto do anti-herói quanto do audiovisual nacional. “Com essa produção, podemos dar início a uma franquia brasileira pronta para ser exportada.”

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