MONDOMASSARI

Por Fábio Massari Publicado em 07/08/2009, às 15h51

White Denim - Fits (Full Time Hobby)

O Texas já tem pelo menos um representante garantido no listão de grandes lançamentos discográficos da safra 09. Fits, do trio de Austin, White Denim, é uma pequena pérola do novo rock psicodélico e suas qualidades transcendentes só reforçam as teorias conspiratórias que garantem que há algo de estranho na água do local. Bolachinha consistente, de rifferama articulada e visceral. E melodias estranhamente belas, encantadoras. Tem seus momentos quase hendrixianos e se insere na tradição dos estranhos conterrâneos Moving Sidewalks e Sir Douglas Quintet, mas definitivamente representa certo zeitgeist indie - de hibridismos quase inclassificáveis, para o bem e para o mal. Em alguns momentos, dá para pensar no Mars Volta refazendo os primeiros discos do Flaming Lips.

The Low Frequency in Stereo - Futuro (Rune Grammofon)

Trocadilho à parte, dá para dizer que a etiqueta norueguesa Rune Grammofon é uma das mais "cool" do planeta, lembrando bem, por exemplo, a 4AD de alguns anos: a identificação gráfica é imediata (tudo com assinatura do boss Kim Hiorthoy) e o cardápio sônico marcadamente autoral. No caso da RG, bandas norueguesas "aventureiras", que trabalham numa zona estética crepuscular e mezzo vanguardeira. Muita eletrônica de cientista maluco, estranhos elementos de jazz (quase sempre barulhentos) e um certo tipo de metal experimental. Futuro, do quinteto The Low Frequency in Stereo, talvez seja o título mais ortodoxo, do ponto de vista "roqueiro", já lançado pelo selo. Mas o gosto desse destilado continua peculiar. Algo como um Stereolab polar fazendo versões krautrock do seminal, legendário grupo local Motorpsycho.

The Drones - Havilah (ATP Recordings)

No final dos 80, consegui conferir, ao vivo, no clube Rolling Stone de Milão, uma das mais cultuadas/criminosamente pouco lembradas bandas do rock australiano desde sempre. No auge do seu momento undeground, partindo para outras (relativas) ligas, o Died Pretty botou abaixo a casa com seu poderoso pós-punk de matriz Velvet/Crazy Horse por via de tortas emoções do tipo Birthday Party. Neste milênio, a responsa por essa tradição caseira de rock dilacerante fica por conta dos Drones, da fera Gareth Liddiard. As dez faixas de Havilah, nas suas delicadas nuances e em todo o esplendor do seu folk rock terminal, podem funcionar como batismo, iniciação no universo desses reais discípulos do pregador Nick Cave.

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